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7 maiores dúvidas de quem está pensando em engravidar em tempos de covid

"Como ficam os exames? Devo tomar a vacina quando ela for liberada?": questionamentos não faltam, mas consultamos especialistas para tentar te ajudar!

Por Flávia Antunes
10 fev 2021, 18h28

Os planos de ser mãe ou pai, que já envolvem por si só questões complexas a serem consideradas – como situação financeira, idade do casal e a necessidade ou não de tratamentos reprodutivos – ganham agora mais um capítulo (desafiador) quando lembramos que o bebê será gestado em meio a uma pandemia.

E as preocupações vão muito além de acabar transmitindo o vírus para o pequeno. No imaginário da família, podem vir várias incertezas sobre o próprio andamento da gestação e puerpério, por exemplo: “como manter os exames de rotina?”, “devo priorizar algum tipo de parto?” “poderei ter ajuda durante e após os nove meses?”.

Claro que adiar ou não os planos de aumentar a família é uma decisão particular em que não existe resposta certa ou errada. No entanto, se dúvidas pontuais andam circulando por aí, talvez seja possível ponderar melhor munidos de mais informações. Veja só os 7 maiores questionamentos de quem está pensando em engravidar em tempos de covid, todos respondidos por especialistas:

1. Se eu engravidar, posso tomar a vacina?

Por enquanto, as sociedades médicas recomendam que a decisão de tomar a vacina seja individualizada e considere o risco de cada mulher, de acordo com fatores como sua localidade, profissão e chance de contágio pelo vírus, como explica o Rodrigo Rosa, ginecologista obstetra especialista em Reprodução Humana.

“Teoricamente, as vacinas poderiam ser aplicadas em grávidas, porque elas não contêm o vírus vivo e foram fabricadas com tecnologias semelhantes a outras vacinas permitidas em gestantes, como a da gripe. Porém, como ainda não há estudos específicos o suficiente, a aplicação não está indicada para todas as grávidas e é uma decisão conjunta dessa mulher com o seu médico”, complementa ele. Saiba mais sobre a vacinação das grávidas no Brasil

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Para o ginecologista e obstetra especialista em Reprodução Assistida, Alfonso Massaguer, deve-se colocar na balança os prós e contras da imunização. “Aparentemente, os benefícios superam os riscos, mas ainda faltam trabalhos para essa liberação total”, pontua. O profissional também adverte que se a mulher estiver com febre ou sintomas gripais, o melhor é esperar um pouco até a imunização. No entanto, efeitos colaterais da vacinação são raros e não geram grandes preocupações.

Enquanto os estudos seguem sendo conduzidos, alguns acontecimentos pelo mundo mostram-se animadores em relação à imunização das grávidas. Nos Estados Unidos, por exemplo, 10 mil gestantes que atuam na linha de frente foram vacinadas e até o momento não foi reportada nenhuma reação ao imunizante.

2. Como vai ser o meu parto? Existe um mais indicado?

Não existe via preferencial de parto para as mulheres que contraíram o novo coronavírus ou para que as gestantes se previnam contra a doença. Neste sentido, os médicos concordam que a escolha continua sendo obstétrica em conjunto com os desejos da mulher.

O parto mais indicado continua sendo o normal. No entanto, se houver alguma contraindicação, como em casos de placenta baixa e descolamento de placenta, pode-se optar pela cesariana.

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3. Se eu pegar covid, meu bebê também pega?

A transmissão vertical da doença, ou seja, da grávida para o bebê, continua sendo tema de incerteza. “Há descrições de bebês que pegaram covid, mas ninguém provou ainda que essa transmissão aconteceu através da placenta. De qualquer forma, é algo muito raro e se a mãe contrair o vírus na gravidez o mais provável é que desenvolva um quadro simples, de baixo risco”, tranquiliza Alfonso.

E se esta contaminação fetal continua em aberto, a boa notícia é que um recente estudo norte-americano identificou que grávidas que foram diagnosticadas com o vírus transmitiram anticorpos para seus bebês, o que faria com que chegassem ao mundo protegidos contra a doença.

4. Quando eu engravidar, vou precisar fazer isolamento total? 

Embora as gestantes sejam consideradas parte do grupo de risco para o novo coronavírus, principalmente pela maior chance de complicações para outras doenças respiratórias, os cuidados não são tão diferentes do que os que devem ser tomados pelo restante da população, como diz Rodrigo.

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“O isolamento deve ser priorizado, evitando o contato social, mas a conduta não difere tanto da que já teriam se não estivessem grávidas, já que não há um maior o risco de contágio”, acrescenta o médico. Segundo ele, o cenário muda um pouquinho quando falamos de gestantes em profissões de alto risco – neste caso, pode ser mais indicado um afastamento temporário do trabalho, mudança de função ou regime de home office para minimizar a possibilidade de contaminação.

5. Como ficam os exames e consultas? 

Por conta da pandemia, o Conselho Federal de Medicina autorizou que algumas consultas fossem feitas por vídeo, o que já ajuda bastante as mulheres que estão vivendo a gestação. Para os demais exames – que precisarem ser presenciais -, o ideal é optar por ambientes em que tenha contato com menos pessoas. “Lembrando que o profissional da saúde estará de máscara e com os equipamentos higienizados, portanto a mulher não deverá deixar de fazer seus exames de rotina e o pré-natal”, aponta Alfonso.

Sobre a frequência deles, Rodrigo indica que não seja alterada. “Os exames ocorrem de acordo com a classificação de alto ou baixo risco da gravidez, mas não deve haver um aumento ou diminuição do número em decorrência da pandemia. Existem outras doenças na gestação que são potencialmente graves, como a pré-eclâmpsia, e que possuem uma prevalência que pode ser até maior que a da covid. Assim, se não forem diagnosticadas precocemente, é possível que levem a um risco materno e fetal muito maior que o coronavírus”, alerta o obstetra.

6. Vou poder amamentar meu bebê se eu pegar covid?

A recomendação geral dos profissionais é que a amamentação seja mantida, já que seus benefícios para a mãe e o bebê superam os possíveis malefícios. “Tiveram casos raros da Doença de Kawasaki, mas na maioria das vezes as crianças são menos afetadas em termos de complicações”, esclarece Alfonso.

Enquanto o bebê mama, os cuidados de sempre devem ser colocados em prática, como o uso de máscara e higienização das mãos com álcool em gel para evitar o contágio por vias respiratórias. Saiba mais sobre como proteger os pequenos durante o aleitamento.

7. Como fica a rede de apoio e as visitas? Vou poder contar com a ajuda de alguém?

Que cuidar de um bebê é uma tarefa demandante – principalmente quando conciliada com carreira profissional e/ou tarefas do lar – não é novidade. E por isso a possibilidade de perder a rede de apoio presencial, seja de familiares, funcionários ou amigos próximos, aparece como um dos principais temores das mulheres neste período.

Na visão de Rodrigo, a ajuda pontual de um parente pode ser bem-vinda – desde que as medidas de prevenção sejam seguidas. “Tanto na gestação quanto no puerpério, os cuidados devem ser semelhantes em relação à rede de apoio. Ou seja, ela deve estar mantendo um isolamento social, evitando aglomerações e locais fechados e seguindo as demais recomendações no sentido de diminuir o risco de transmissão”, aponta o médico.

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Para os pais que estão cogitando contratar uma ajudante ou babá para dar uma forcinha por um tempo, o especialista pontua que a decisão depende mais da organização familiar e da avaliação de se o profissional está seguindo à risca todas as precauções sanitárias.

Mas os parentes podem ver o bebê e a mãe? Alfonso lembra que vários hospitais já liberaram as visitas das pessoas mais próximas, então vale consultar a maternidade sobre os protocolos que estão sendo seguidos durante e após o parto, além de cobrar rigorosamente as medidas preventivas para quem deseja visitar a família. 

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