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Tentando engravidar em tempos de coronavírus? Veja o que dizem os médicos

Reprodução assistida está contraindicada, já as tentativas naturais devem ser discutidas por cada casal. Independente da escolha, saúde mental é prioridade.

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 25 mar 2020, 15h22 - Publicado em 25 mar 2020, 12h17

A epidemia de Covid-19, provocada pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2), pegou o mundo desprevenido e deixou a vida de muita gente em suspensão. Para a mulher que está tentando engravidar, o momento de incertezas pode ser ainda mais tenso e gerar dúvidas. Afinal, devo adiar os planos de ser mãe? 

Para os especialistas, a resposta para esta pergunta ainda é incerta. “O melhor é dizer que não sabemos, pois ainda não estão claras as repercussões do vírus na gestação”, explica Claudia Gomes Padilla, médica especialista em reprodução humana da Huntington Medicina Reprodutiva. 

Isso porque o vírus não parece ter efeitos nas taxas de reprodução ou no sucesso da gestação. “Na China e na Itália, não houve relatos de aborto, malformação ou transmissão intra útero do vírus. Isso é favorável à liberação, mas os dados são de gestantes no final da gravidez, ainda não sabemos o que ocorrerá com as que estavam no início”, pondera Claudia. 

Tentativas naturais 

A princípio, não existe a indicação de partir para métodos contraceptivos. “Não há urgência em interromper as tentativas naturais”, comenta Claudia. Isso porque é uma situação diferente da epidemia recente do zika vírus, que estava claramente ligado a malformações no bebê. 

Agora, vale considerar outros pontos. “Nossa preocupação é a mulher engravidar e ter uma complicação normal, como um sangramento ou qualquer coisa que exija atendimento médico, pois pode ser que ela não consiga nesse momento, com os hospitais superlotados”, destaca Matheus Roque, médico especialista em reprodução humana da Clínica Mater Prime, em São Paulo.

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Reprodução assistida e coronavírus 

Para quem está fazendo fertilização in vitro e outros tratamentos de reprodução assistida, a recomendação é mais clara. A Associação Americana de Medicina Reprodutiva pediu a suspensão de novos tratamentos, incluindo coleta e transferência de embriões, exames diagnósticos eletivos e indução da ovulação. 

Os médicos brasileiros concordam. ““As recomendações das sociedades médicas de reprodução do Brasil e do mundo é que os casos sejam avaliados individualmente. A princípio, recomenda-se não iniciar novos tratamentos agora. Os já iniciados serão seguidos até o fim, com a realização do congelamento dos óvulos ou embriões, para evitar a transferência de embriões neste momento”, explica Roque.

A exceção fica para situações consideradas emergenciais, como a de mulheres que já estão com baixa reserva ovariana. 

Gerando expectativas 

A pandemia de coronavírus pode ser especialmente danosa para a saúde mental da tentante. “Trata-se de um momento de investimentos e expectativas. Quem estava planejando isso há tempos se deparou com um empecilho, uma frustração e a incerteza de não saber quando poderá retomar os planos”, explica Helena Montagnini, psicóloga da Huntington Medicina Reprodutiva.

É um fenômeno que se estende para a população em geral e pode gerar medo, preocupações e sintomas de ansiedade e depressão. “Cada um deve desenvolver recursos para lidar com a situação e arrumar maneiras para estar melhor em casa”, comenta a psicóloga. 

Entre as táticas, manter uma rotina, fazer coisas que gosta, se abrir com o parceiro e aprender a lidar melhor com os pensamentos negativos, que tendem a aparecer com tudo em um período conturbado como esse. O cuidado é ainda maior se a esperada gravidez acontece em meio ao cenário de caos social.

“É comum esperar o pior da situação, mas precisamos ter em mente que muitos desses pensamentos são produtos da mente, não podemos embarcar neles”, continua Helena. “Há muitos recursos para diminuir a força deles: conversar com o médico para entender o que é o risco real, adotar práticas meditativas, conversar com o parceiro e, sempre que necessário, procurar ajuda psicológica”. 

Muitos serviços estão oferecendo atendimento psicológico online, como as plataforma Psicologia Viva, Zenklub, Telavita e profissionais autônomos. 

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(Juliana Pereira/Bebê.com.br)
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