Dos tantos casais que sonham em trazer um bebê ao mundo, nem todos conseguem fazê-lo de forma natural. Felizmente, hoje existem muitos tratamentos disponíveis para engravidar, como a inseminação artificial ou fertilização in vitro, a ovodoação, o congelamento de óvulos e outros métodos reprodutivos.
Mas se estas soluções já estão mais esclarecidas, o mesmo não se pode dizer sobre as causas. Isso porque apesar dos motivos da infertilidade – definida como ausência de gravidez após 12 meses de relações sexuais regulares sem uso de contraceptivos-, poderem partir de ambos os sexos, ela é geralmente associada à mulher, como mostra um estudo recente divulgado pela Farmivita.
Depois de entrevistar 5000 brasileiras em julho de 2021, a pesquisa constatou que 65% delas acreditam ser as responsáveis por não conseguirem engravidar. E esse tipo de resposta partiu principalmente das mulheres entre a faixa etária dos 35 aos 39 anos, o que corresponde a 66% das participantes.
E mais: como se o processo de reprodução assistida já não fosse desgastante por si só, os impactos na saúde mental das mulheres aparece ainda antes das causas serem investigadas, tendo em vista que 69% das que ainda não têm filhos relataram que sentem culpa por não conseguirem engravidar.
Os homens, enquanto isso…
Embora o insucesso da gravidez geralmente recaia sobre as mulheres, a verdade é outra. Das causas de infertilidade, 35% são relacionadas a fatores femininos, 35% a fatores masculinos, 20% caracterizadas pela infertilidade combinada do casal e, ainda, em 10% não é possível identificar a razão.
No entanto, outro achado importante do estudo mostra o que o acompanhamento médico e os cuidados necessários para a gestação ficam, na maioria das vezes, a cargo das mulheres, e que ainda há a falsa ideia de que o homem sempre está com a saúde reprodutiva em dia – mesmo que nunca tenha feito check-ups ou que não o faça com regularidade.
Segundo a pesquisa, 78% dos brasileiros nunca testou o seu esperma, e o percentual é maior entre os homens dos 25 aos 29 anos, o correspondente a 81% dos participantes. Já o olhar por estado mostra que Paraíba é onde mais homens já testaram seu sêmen (30% da população) e Santa Catarina o local em que o teste menos aconteceu (13%). Rio de Janeiro e São Paulo aparecem como intermediários, com 24% dos parceiros já tendo feito o exame.
Além do machismo intrínseco que aparece nestes dados, há também o desconhecimento por parte dos indivíduos do sexo masculino sobre os métodos de testagem, que vão desde o autoteste rápido de fertilidade masculina até o espermograma, realizado em clínica e que consiste na análise detalhada das características do gameta masculino.
Por fim, o levantamento constata a falta de informação também por parte das mulheres, o que aumenta a ideia errônea de que a infertilidade é sempre culpa feminina. 85% das participantes não sabiam que a quantidade de espermatozoides no esperma do homem vem caindo há 25 anos. Por isso, diante das dificuldades do casal para engravidar, é preciso que ambos sejam investigados para descobrir as causas e a sociedade pare de colocar a responsabilidade nos ombros femininos.