Decidir aumentar a família é um passo que envolve vários níveis de planejamento. É preciso pensar no aspecto financeiro, no espaço físico da casa e em todas as mudanças na rotina dos futuros papais. Mas principalmente, é interessante que a mulher ou o casal procure um acompanhamento médico desde cedo e fique atento a alguns cuidados antes mesmo do teste de gravidez dar positivo.
Tomar vitaminas ou não, quanto tempo antes parar a pílula anticoncepcional e quais condições afetam a fertilidade são dúvidas que podem surgir, e precisam ser sanadas! Caso a ideia seja ter um bebê nos próximos meses, separe o bloquinho de anotações e confira nossas sugestões do que perguntar ao especialista para aumentar as chances de concepção e garantir um começo de gravidez saudável.
1. Quanto tempo antes devo parar de tomar o anticoncepcional?
“A partir do momento em que se interrompe o uso da maioria dos anticoncepcionais hormonais, o organismo já entende que está liberado para voltar a funcionar visando à gravidez em mulheres em idade reprodutiva”, responde o Dr. Renato de Oliveira, ginecologista e obstetra da Criogênesis.
No entanto, alguns outros métodos contraceptivos como as injeções trimestrais, podem manter o funcionamento hormonal “bloqueado” por mais tempo, postergando o retorno dos ciclos ovulatórios, como acrescenta o doutor.
2. Algum problema de saúde da mãe ou do pai pode afetar a capacidade de engravidar?
Algumas condições de saúde podem sim afetar a fertilidade do casal. “De um modo geral, pensamos nelas quando há alterações do ciclo menstrual feminino ou quando um casal, cuja mulher possui ciclos menstruais regulares e apresente relações sexuais frequentes, tente a gravidez sem sucesso após um ano de tentativas, considerando a idade feminina até 35 anos de idade”, esclarece Renato.
Agora, se a mulher tiver entre 35 e 40 anos, o ginecologista recomenda que o período de tentativa – antes de buscar ajuda especializada – seja menor, em torno de 6 meses. “Acima dos 40, indico que procurem um especialista em infertilidade caso pensem em gravidez”, completa ele.
Além de doenças do casal, o histórico da família também pode ser levado em conta, como afirma o Dr. Waldemar Carvalho, ginecologista e obstetra especializado em reprodução humana da clínica Tempo de Fertilidade. “Recomendo verificar com quantos anos a mãe entrou na menopausa e se teve alguma doença ou dificuldade de engravidar, por exemplo. Da parte paterna, uma das condições que pode ser verificada é a criptorquidia, que afeta os testículos e pode ocasionar infertilidade”, pontua.
3. A idade avançada da mãe pode interferir na saúde do feto?
É fato que a gravidez tardia traz mais riscos de complicações para a gestante e para o desenvolvimento do feto, mas isto não é regra. “A idade avançada possui relação com os riscos de malformações e de Síndrome de Down no bebê, por exemplo. O risco é baixo, mas existe, e por isto a importância do acompanhamento médico, para que o profissional ajude a investigar a existência de doenças na família e se houveram abortos anteriores, por exemplo.
4. Algum medicamento pode afetar a fertilidade?
Segundo o Dr. Renato, qualquer medicação que altere o eixo hormonal pode impactar na fertilidade. Alguns fármacos, por exemplo, podem alterar os níveis de um hormônio chamado prolactina e, consequentemente, interferir no processo de ovulação.
O ideal mais uma vez é verificar com seu médico se alguns dos seus medicamentos de uso contínuo podem afetar a gravidez – e nunca interrompê-los por conta própria.
5. Devo tomar alguma vitamina ou suplemento?
De um modo geral, a suplementação com ácido fólico é a única indicada antes de engravidar, com o objetivo de diminuir os riscos de fechamento do tubo neural do bebê e assim reduzir o risco de malformações, como esclarece Renato.
“A deficiência de ácido fólico costuma aparecer em mulheres com deficiência nutricional”, acrescenta Waldemar. A sua administração geralmente é recomendada, mas só o médico saberá indicar qual é o melhor tipo de ácido fólico para a paciente. Já as demais suplementações deverão ocorrer dependendo do padrão nutricional da mulher.
6. Preciso tomar alguma vacina?
A maioria das vacinas são liberadas durante a gestação e podem ser aplicadas em todas as mulheres que desejam engravidar, como as antitetânicas, contra hepatite B, tétano ou gripais.
Algumas, porém, devem ser feitas antes da gravidez e há a necessidade de que a mulher não engravide nos três meses seguintes – por ser um vírus atenuado que pode ser transmitido ao bebê. “Este é o caso da vacina da rubéola e da febre amarela, as quais a mulher deve evitar tomar no período da gestação”, diz o especialista em reprodução humana.
7. Preciso mudar o meu peso, dieta ou hábitos alimentares?
“Sabe-se que extremos de peso podem interferir na fertilidade”, responde o ginecologista Renato. De acordo com ele, há um conceito denominado epigenética que diz respeito a como o meio ambiente pode interferir na expressão dos nossos genes.
Assim, “um corpo que se alimenta bem, se exercita bem e dorme bem, tende a funcionar melhor, inclusive do ponto de vista reprodutivo”, diz, mas nada exclui o acompanhamento com uma nutricionista para verificar se a dieta precisará de alguma adaptação neste período.
8. Tratamentos estéticos devem ser interrompidos?
Alguns tipos de tintura de cabelo e de tratamentos dermatológicos com ácidos podem ser prejudiciais à gestação, mas a mulher não precisa abrir mão deles de imediato. O médico da clínica Tempo de Fertilidade recomenda que a paciente converse com sua dermatologista e verifique quais produtos são permitidos nesta fase.
9. Condições ginecológicas podem interferir na capacidade de engravidar?
Alguns corrimentos são inofensivos, mas outros podem exigir uma atenção extra da mulher. “Candidíase crônica ou algum outro tipo de afecção vaginal podem afetar o PH da vagina e atrapalhar para engravidar”, afirma Waldemar. Manter os exames em dia – desde os de mama até o papanicolau e outros de rotina – é importante especialmente nesta etapa.
10. Devo procurar outro médico, além do meu ginecologista?
“Geralmente, ginecologia e obstetrícia andam juntos”, pontua Waldemar. Mesmo se a mulher está se consultando com um ginecologista, ele pode ser capaz de dar os encaminhamentos iniciais e indicar os exames necessários para o começo da gestação.
Já se o profissional não realizar obstetrícia, ele geralmente encaminha para algum obstetra que seja capaz de auxiliar com todos os cuidados pré-natais iniciais, como conclui o médico.