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Pais e escolas proíbem uso de celular por crianças em cidade da Irlanda

A medida vale para todos os espaços, seja dentro de casa, no colégio ou em qualquer lugar - até que o jovem chegue ao Ensino Médio

Por Carla Leonardi
Atualizado em 6 jun 2023, 16h42 - Publicado em 6 jun 2023, 16h37

Greystones, na Irlanda, tem chamado a atenção por um pacto coletivo firmado entre pais de oito escolas do distrito: o de proibir o uso de smartphones por crianças e adolescentes até que eles cheguem ao Ensino Médio. “Se todo mundo faz isso, você não se sente excluído”, disse a mãe Laura Bourne ao The Guardian. Parte da iniciativa, ela ressalta a decisão – tomada voluntariamente – como uma maneira de facilitar esse “não” dado aos filhos.

A proibição vale para todos os espaços, seja dentro de casa, na escola ou em qualquer lugar. O objetivo é, de fato, não dar acesso aos aparelhos de forma alguma. “A infância está ficando cada vez mais curta”, destacou Rachel Harper ao jornal britânico. Ela é diretora da escola St. Patrick, que lidera a iniciativa, e destaca a idade cada vez menor com que os pequenos pedem por um celular.

Antes da medida se estender aos pais, apenas as escolas haviam proibido ou tornado restrito o uso de smartphones em suas áreas, mas os efeitos nocivos do acesso continuavam a ser observados. Com a decisão coletiva, os pais podem atribuir ao colégio a responsabilidade dessa proibição. “Eles amam, pois agora podem culpar as escolas”, disse Rachel.

Saúde mental afetada pelas redes

O ministro da Saúde da Irlanda, Stephen Donnelly, reforçou a iniciativa voluntária em artigo do Irish Times. “Nós precisamos facilitar para os pais a limitação dos conteúdos a que seus filhos são expostos“, escreveu. O pacto coletivo veio como decorrência, entre outros fatores, dos altos níveis de ansiedade que os jovens passaram a demonstrar nos últimos anos (em parte, também atribuídos à pandemia de Covid-19).

Segundo Rachel, nem todos os pais fizeram parte do acordo, mas o número de adeptos é suficiente para criar um senso crítico coletivo. “Espero que, no futuro, essa se torne a norma”, concluiu.

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(AGrigorjeva/Thinkstock/Getty Images)

Proibir ou conversar: será que existe um meio-termo?

Há meios de controlar o que crianças e adolescentes acessam na internet – por aplicativos de monitoramento e restrições, por exemplo. Ainda assim, não se pode garantir que a navegação será segura, uma vez que o ambiente online não é nada seguro. Para especialistas, permitir que os filhos acessem redes sociais antes dos 13 anos é altamente desaconselhável. A maioria delas, inclusive, coloca essa como a idade mínima para se ter uma conta – mas há formas conhecidas de alterar facilmente a informação.

Isso significa que proibir o acesso aos smartphones é a única resposta possível? Para Aline Restano, não. A psicóloga, uma das autoras do livro Crianças Bem Conectadas, acredita que uma boa alternativa à restrição total é a educação proporcionada à criança ao longo da infância e, depois, na adolescência. “Eles também veem os pais usando esses eletrônicos, então seria incongruente proibi-los completamente de usar os aparelhos. O importante é que os pais se instruam e saibam dos riscos e benefícios, conheçam as redes sociais e os principais jogos eletrônicos”, explica.

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Ela destaca ainda que esse é um processo: “Não vai ser no dia em que vamos dar um celular de presente para um pré-adolescente que vamos explicar como o eletrônico funciona e apresentar questões de privacidade. A construção é feita antes disso”. Vale lembrar que cada idade – e fase de maturidade – pede um olhar diferente dos pais e um ajuste na forma de lidar com o assunto.

Para além da segurança

Além dos temas relacionados à segurança, porém, há os impactos na saúde física e mental que o acesso constante à internet pode gerar – inclusive em nós, adultos. “O uso excessivo de eletrônicos também pode levar a consequências como sedentarismo, problemas de sono e dificuldades de interação social, o que prejudica o processo de aprendizagem”, reforça o psicopedagogo Junior Cadima.

Por fim, é necessário lembrar que cada família tem uma dinâmica e que a forma de enxergar o acesso à tecnologia não pode ser generalizada. “É importante considerar a maturidade, o desenvolvimento cognitivo, as necessidades e as características individuais de cada criança ao estabelecer regras sobre o uso de celulares e eletrônicos”, finaliza o profissional.

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