Novo curta da Disney ajuda pais a falarem sobre preconceito com os filhos

"The Little Prince(ss)" faz parte da coleção "LAUNCHPAD". Em entrevista para o Bebê, o diretor revelou a delicada vivência que inspirou a história.

Por Flávia Antunes
Atualizado em 8 jun 2021, 15h55 - Publicado em 8 jun 2021, 15h05
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 (The Walt Disney Studios/Divulgação)
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Falar sobre temas complexos com as crianças exige cuidado e delicadeza dos pais e nem sempre vem livre de um friozinho na barriga. Mas esta tarefa não precisa ser solitária, pois as produções infantis estão se mostrando boas aliadas na hora de trazer para as telinhas pautas sociais relevantes e valores importantes à formação do pequeno.

A série “LAUNCHPAD” (veja todos os curtas aqui), lançada em 28 de maio no Disney+ é o exemplo perfeito disso. A coleção de seis curtas-metragem busca diversificar o tom das histórias geralmente contadas e dar voz a grupos que historicamente não tiveram acesso – por isso, a maioria das tramas é inspirada na própria trajetória de vida dos criadores, o que deixa o resultado final ainda mais emocionante.

As produções bem construídas valem a maratona, mas se tiver que escolher em qual gastar 15 minutinhos do seu dia para sair com o coração quentinho, nosso conselho é optar por “The Little Prince(ss)”. O título tem como personagem principal Gabriel, um menino chinês de sete anos apaixonado por balé. Seus gostos são validados por sua família, mas encarados com desconfiança pelo pai do melhor amigo Rob, que resolve intervir na amizade dos dois.

Sem mais spoilers, o curta fala sobre respeitar as diferenças étnicas, culturais e de gênero e sobre como o combate ao preconceito começa dentro de casa, incentivando seu filho a conviver com vários tipos de pessoas e valorizando as qualidades que o torna único.

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Para entender mais sobre o que inspirou o enredo e qual a mensagem por trás dele, conversamos com o diretor e escritor Moxie Peng. Não-binário e de nacionalidade chinesa, o cineasta costuma retratar temas relacionados a imigrantes, a comunidade LGBTQIA+ e outras minorias e já levou suas produções a renomados festivais internacionais.

O curta mostra a genuína amizade entre as crianças, na qual Rob não julga os hobbies e personalidade de Gabriel. Como isso pode ser importante para romper o ciclo do bullying

Eu tentei mostrar o quão pura era a amizade entre os personagens. Rob foi criado por um pai tóxico e machista – e você pode achar que isso terá um impacto nele -, mas na realidade ele se mostra uma criança cheia inocência e curiosidade, o que faz com que tenha a mente mais aberta e aceite melhor as diferenças. A ideia é que precisamos apreciar as coisas sem colocar rótulos nelas.

Como o curta pode ajudar as famílias a ensinarem aos filhos sobre respeitar as diferenças?

Eu espero que a história faça os pais sentirem que está tudo bem, que ser acolhedor e dar suporte ao filho fará com que ele se beneficie disso. Eu acho que a mensagem é bem clara: nós queremos ‘abraçar’ as diferenças, porque são elas que nos fazem grandes como humanidade.

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Li que o curta foi inspirado em situações que você viveu quando criança…

Como Gabriel, de vez em quando eu recebia mensagens de pessoas que detectavam minha feminilidade – rejeição, negligência e uma certa homofobia e transfobia. Aos cinco anos, conheci meu vizinho, e o pai dele ficou desconfortável quando nos viu andando juntos. Certo dia, ele foi até nossa casa enquanto jantávamos e disse para o meu pai que eu era problemático e que precisava ser consertado.

E como você se sentiu?

Eu senti como se tivesse decepcionado meus pais, como se fosse uma vergonha para a cultura chinesa. Meu pai ficou bastante incomodado, e disse ao homem que me amava por quem eu era. Primeiro fiquei chateado, porque percebi que as pessoas podiam ser malvadas; isso me chocou. Mas quando meu pai me defendeu, notei que também havia aceitação, e ela estava na minha própria casa. Eu me senti tão livre – como se pudesse tomar meu tempo para explorar e descobrir quem eu era, não precisava me apressar para caber em uma caixa.

Que conselho você daria para as crianças que estão tendo dificuldades para lidar com suas identidades?

Isso pode não ser fácil, mas não é culpa sua. Você é belo e seja gentil consigo mesmo. Encontre sua comunidade, seus aliados; encontre aceitação. O mundo é grande, e você vai achar isso.

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