“Depois do nascimento, a alta foi o dia mais feliz da nossa vida”
Confessionário: mãe de gêmeos, Wanessa relata como foi o tratamento para engravidar e lidar com casos graves de Covid-19 na família no início da gestação.
Aos 36 anos, Wanessa Scabora vivia um momento importante na carreira e decidiu congelar os óvulos para postergar o plano de se tornar mãe. Durante o processo, porém, soube que poderia ter dificuldade para engravidar. Ela e o marido acabaram optando por dar continuidade ao tratamento e seguir com a fertilização in vitro, mas, a primeira transferência de embrião não deu certo. Na nova tentativa, Wanessa descobriu em uma das coletas de óvulos que estava com Covid-19 e, depois, durante a gestação de gêmeos, enfrentou casos graves na família. Conheça essa história!
“Eu sempre quis ter filhos. Embora eu não soubesse exatamente qual seria o momento, era algo que me acompanhava. Nunca foi ‘o grande sonho’ da minha vida, mas eu queria, sim, ser mãe. Isso estava nos meus planos para algum momento, tanto que acabou acontecendo mais para a frente.
Eu fui descobrindo a dificuldade para engravidar aos poucos. Quando iniciei o tratamento, foi no sentido de congelar os óvulos, porque na época eu estava com quase 37 anos e meu ginecologista me recomendou. Disse que se eu quisesse ser mãe um dia, precisaria avaliar direitinho o que fazer naquele momento. E foi por isso que eu dei início ao tratamento. Tinha acabado de passar por um processo interno na companhia em que trabalho, estava em um momento importante de carreira e joguei um pouquinho mais para a frente a decisão da maternidade.
A fertilização in vitro
Nesse meio-tempo, soube que estava com uma disfunção na tireoide. Fiz uma série de exames e descobri que talvez fosse difícil conseguir a gestação de modo natural. Foi quando começamos o processo de superovulação para fazer a coleta dos óvulos e, na sequência, decidimos continuar com o tratamento por meio da fertilização in vitro.
Eu fiz três coletas de óvulos e, quando ia fazer a quarta, descobri que estava com Covid. Fui completamente assintomática e só soube porque era parte do procedimento fazer o teste. Então, no total, fiz quatro medicações, mas apenas três coletas.
A primeira transferência de embrião não avançou. Achamos melhor dar um tempo para passar esse breve luto e, na sequência, no início de 2021, resolvemos fazer uma nova transferência. Dessa vez, colocamos dois embriões.
O abalo da Covid-19 na família
Saber que tinha dado certo foi uma das surpresas mais gratificantes da nossa vida. Era hora, então, de esperar que tudo desse certo e corresse bem, mas não contamos a ninguém sobre o tratamento nem sobre a gestação. Só que, logo em seguida, tivemos problemas sérios de Covid na família. Tive dois tios que ficaram internados, meu pai ficou mal e minha mãe passou dez dias no hospital.
Foi um período bem difícil. Eu queria contar a todo mundo que estava grávida, fiquei muito abalada emocionalmente. Quando minha mãe teve alta, no domingo de Páscoa, planejamos e, no fim de semana seguinte, reunimos alguns familiares para comer uma pizza e poder anunciar a gravidez. Eram gêmeos, uma menina e um menino.
Fiz a transferência em 1º de fevereiro de 2021 e eles nasceram em 12 de setembro. Por conta da pandemia, pouquíssimas pessoas me viram grávidas, eu evitei ao máximo os contatos, tomei a vacina – na época, a CoronaVac – e graças a Deus deu tudo certo.
Toda aquela situação dos meus pais e tios com Covid, e eu no comecinho da gestação, acabou me deixando emocionalmente vulnerável. Mas passado o susto, minha gravidez foi muito tranquila, não tive nada além de azia. Os bebês, João Pedro e Theodora, vieram de 34 semanas e três dias, quando a bolsa do meu menino rompeu e fui rapidamente ao hospital. Depois do nascimento, 16 dias na UTI neonatal e essa foi outra fase muito difícil, mas eles precisaram desse tempinho. Pode parecer pouco, mas, para quem está vivendo, é uma eternidade.
Amor em dose dupla
Deu tudo certo e eles vieram conosco para casa. Digo que depois do nascimento, a data da alta é sem dúvida o dia mais feliz da nossa vida, quando você volta para casa com os filhos no braço! Eles estão lindos, fortes e sapecas. Estão com dez meses e têm dentinhos, estão começando a engatinhar, fazendo os primeiros sons… Eu voltei a trabalhar há dois meses e está difícil conciliar o retorno, mas tem dado tudo certo.
De tudo que passei, o maior desafio, sem dúvida, é estar 100% inteira para eles, mesmo após um dia difícil ou uma noite em claro – porque quando um dorme, o outro acorda e assim por diante – mas também poder acompanhar o desenvolvimento, o crescimento, cada nova habilidade que eles conquistam é a parte mais satisfatória e mais feliz para nós. Eu só tenho a agradecer a Deus por tudo isso e a todos os profissionais que me apoiaram durante a fase do tratamento – o Dr. Alfonso Massaguer, da clínica Mãe, especialista em Reprodução Humana – e também durante a gestação e o parto.
O que eu gostaria de dizer a outras mulheres é: quem tiver esse sonho, siga, busque os meios… Às vezes, o caminho pode ser um pouco mais difícil, mas no fim é muito prazeroso. Aqui é tudo em dobro, muita alegria, emoção, amor… É tudo em dose dupla.”