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Como tornar a internet mais segura para as crianças

Especialistas explicam o papel de todos nós para que o espaço online seja menos nocivo

Por Carla Leonardi | Ilustração: Anamaria Sabino
16 nov 2023, 20h01
ilustração de um menino de costas, encostando em um símbolo que representa a internet wi-fi
 (Ilustração: Anamaria Sabino | Foto: Sanjeri/Getty Images)
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Há quem diga que não tem mais volta, estamos todos na internet. Alguns, por outro lado, ainda acreditam que é possível manter as crianças fora da web, ao menos até a adolescência. Seja como for, a necessidade de proporcionar um espaço online mais seguro é urgente e, para isso, precisamos, todos, assumir nosso papel possível nessa missão.

O que nos cabe fazer enquanto pais, cuidadores e educadores? E de que forma podemos cobrar a atuação dos poderes público e privado?

Antes de tudo, vale lembrar: criança NÃO pode ter liberdade total no ambiente online. Mas será essa a realidade da maioria? Segundo a TIC Kids Online Brasil 2023*, publicada em outubro deste ano, 95% dos jovens de 9 a 17 anos acessam a internet, sendo que 88% deles estão presentes nas redes sociais. Para 24% dos entrevistados, o primeiro acesso se deu antes dos 6 anos.

Com isso em mente, precisamos pensar no contexto em que vivemos hoje e no que é possível fazer dentro de todas as limitações.

Pais e cuidadores: orientar, acompanhar e controlar

Permitir que seu filho navegue de forma livre o deixa exposto aos mais variados perigos. Para entender, pense no mundo “real”, como sugere Bianca Orrico, psicóloga doutora em estudos da criança pela Universidade do Minho, em Portugal, e coordenadora do atendimento do Canal de Ajuda da Safernet, organização que defende e promove os direitos humanos na web: “A internet é um espaço público e, assim como crianças não podem ser deixadas em praças, parques e ruas, também devem ser acompanhadas e orientadas no ambiente virtual.”

É assim que, segundo a especialista, elas vão compreendendo os cuidados que precisam ter. Isso significa, portanto, que talvez não seja o caso de proibir completamente o acesso à internet, até porque ele pode acontecer de forma escondida. De um modo ou de outro, esse momento vai acabar chegando – e o direcionamento sobre como navegar de maneira segura é o que fará toda a diferença.

mulher sentada em uma mesa com um garoto. Eles estão mexendo em um tablet

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Os principais riscos online

Bianca Orrico destaca algumas das ameaças mais importantes:

  • exposição a conteúdos inapropriados, violentos e extremistas
  • compartilhamento de dados pessoais sensíveis
  • cyberbullying
  • assédio
  • ameaça de exposição de imagens íntimas

Para evitá-las, é essencial acompanhar de perto a criança, o que ela acessa, de que forma, com quem conversa e o que compartilha. Vale também recorrer a mecanismos de restrição e controle, como configurações e aplicativos que limitam o que se pode ver, tempo de tela, possibilidades de pesquisa, entre outros recursos.

Ainda assim, a psicóloga da Safernet reforça que a melhor estratégia é o diálogo, orientando sobre como agir em casos diversos. “É preciso manter uma comunicação aberta e sem julgamentos, para que os filhos se sintam à vontade para conversar e pedir ajuda quando for necessário”, diz.

Rede social não é lugar de crianças

Você sabia que as redes estabelecem uma idade mínima para seus usuários criarem um perfil (em geral, de 13 anos)? Apesar disso, crianças e pré-adolescentes estão em todas elas.

Sobre esse assunto, Bianca pondera que a idade é um marcador importante, mas não suficiente. “É preciso que os pais avaliem a maturidade e as habilidades digitais dos filhos para reconhecer riscos e utilizar a plataforma para se proteger e até denunciar, se for o caso”, recomenda. De acordo com a especialista, o ideal é respeitar a orientação das empresas, afinal, elas mesmas estão dizendo o que é ou não apropriado para a faixa etária.

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É necessário entender também que a maturidade vem de um processo, e que a busca por autonomia começa entre 10 e 11 anos. Ou seja, não é de uma hora para a outra que o adolescente fica “pronto” para o mundo virtual – ele vai amadurecendo e aprendendo a se comportar nesse ambiente de forma progressiva. Para tanto, o direcionamento dos adultos é primordial.

Muito além de casa

Quando falamos da segurança de crianças e adolescentes, abordamos um tema que é de responsabilidade social. Logo, a todos nós cabe uma parte nesse trabalho, inclusive aos colégios.

“Junto com as famílias, a escola tem um papel fundamental para promover o debate sobre o uso ético e seguro da internet”, alerta Eva Dengler, superintendente de Programas e Relações Empresariais da Childhood Brasil, organização que defende os direitos da infância e promove melhores condições de vida para crianças em situação de vulnerabilidade.

menina mexendo em um celular. Ao redor dela, há ilustrações de corações e outras figuras que remetem às redes sociais

“A escola, como catalisadora, pode estimular esse debate com pais e responsáveis, oferecendo informação de qualidade”, sugere a porta-voz. A seguir, estão alguns exemplos de iniciativas interessantes:

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  • rodas de conversa com os alunos
  • palestras para pais e cuidadores
  • filmes educativos
  • cartilhas e guias desenvolvidos por organizações responsáveis

Como sociedade civil, também temos a função de exigir ações de proteção. “Cabe a nós apontar onde as políticas públicas não estão sendo suficientes e ajudar a desenvolver soluções. Da mesma forma, cobrar empresas para que sejam responsáveis, garantindo que nenhuma criança ou adolescente seja vítima de violências como impacto dos seus negócios”, afirma Eva Dengler, que completa: “Se olharmos nossa Constituição, veremos com bastante clareza que é dever de todos garantir a proteção de crianças e adolescentes. E isso significa que todos os ambientes por onde circulam devem ser seguros para eles.”

Como nós usamos a internet?

Você já deve ter ouvido falar nos algoritmos, certo? Podemos dizer que eles são códigos que “aprendem” a partir da observação: quanto mais você consome um certo tipo de conteúdo e engaja nele, mais os algoritmos entregam um material similar. Isso sem o menor controle do que pode ser “bom” ou “mau” ética ou moralmente. É assim que discursos de ódio, notícias falsas e materiais vexatórios são tão propagados no mundo virtual.

“A internet é o que fazemos dela”, lembra Eva Dengler. “Além disso, crianças imitam o comportamento dos adultos. A forma como utilizamos a tecnologia, seja pelo tempo ou pelo tipo de uso e interação com as diferentes plataformas, também influencia a nova geração”, afirma.

Ou seja, alimentar o algoritmo com conteúdo violento é dar a ele, também, material inapropriado para apresentar às nossas crianças, e certamente essa é uma corrente da qual nenhum de nós quer fazer parte. Portanto, prestar atenção à nossa própria navegação é um passo fundamental nessa caminhada.

Aliados para uma internet mais segura

YouTube Kids

É mais restrito que o app principal, com conteúdos voltados apenas ao público infantil e diversas opções de controle.

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SafeSearch

Configuração do Google que borra imagens inapropriadas para os pequenos (como nudez e violência) quando se faz uma busca.

De Boa na Rede

Página lançada pelo Governo Federal em 2023 para instruir cuidadores com orientações específicas para cada plataforma e até sistema (Android e iOS).

Denuncie!

As plataformas têm canais de denúncia para posts impróprios. Além disso, a qualquer suspeita de violação de Direitos Humanos, disque 100.

REVISTA DIGITAL BEBÊ

A terceira edição da revista digital BEBÊ acaba de ser lançada! Nossa publicação é trimestral e sempre chega repleta de conteúdos especiais sobre gravidez, parentalidade, educação dos filhos, saúde e muito mais.

A publicação conta com a reportagem que você leu aqui e com outras matérias imperdíveis:

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– Capa: uma entrevista emocionante e cheia de conversas necessárias com Jeniffer Nascimento. A atriz, cantora e apresentadora de 30 anos em breve dará à luz Lara, sua primeira filha.

10 dúvidas respondidas sobre obesidade infantil (uma emergência em saúde pública, de acordo com especialistas).

– O desenvolvimento motor do bebê no primeiro ano de vida (uma coluna escrita pelo pedagogo, psicopedagogo e Mestre em Educação Junior Cadima).

Tocofobia: o medo irracional de engravidar é um transtorno psiquiátrico que afeta a vida de muitas mulheres.

Os cuidados essenciais com as crianças na praia e na piscina (afinal, a ideia é curtir o calor com tranquilidade).

A edição número 3 da revista digital de Bebê está disponível no GoRead. ACESSE AQUI!

*A pesquisa acontece anualmente desde 2012 e é desenvolvida pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação, a Cetic.

 

 

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