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95% das crianças e adolescentes estão na internet, diz pesquisa

Entre os entrevistados de 9 a 17 anos, 88% estão nas redes sociais, sendo que muitos ainda abaixo da idade mínima permitida pelas plataformas

Por Carla Leonardi
Atualizado em 31 out 2023, 12h13 - Publicado em 30 out 2023, 13h52

Quando fazemos um perfil nas redes sociais, precisamos preencher nossa data de nascimento, certo? Isso, porque as plataformas exigem uma idade mínima (que, em geral, é de 13 anos). Apesar desse requisito, crianças e pré-adolescentes abaixo dessa idade estão nas principais delas – foi isso que a TIC Kids Online Brasil 2023 apontou.

A pesquisa acontece anualmente desde 2012 e é desenvolvida pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação, a Cetic. Neste ano, foram ouvidos jovens de 9 a 17 anos, entre os quais 95% revelaram estar na internet, sendo que 88% estão presentes nas redes sociais.

Rede social não é lugar de crianças, mas elas estão lá

Os dados coletados mostraram que pequenos entre 9 e 10 anos são mais ativos, principalmente, no YouTube, seguido pelo TikTok. Entre 11 e 12 anos, essa ordem permanece, mas com a presença mais intensa do Instagram, que fica em terceiro lugar. Ou seja, crianças estão onde não deveriam estar. E por que isso é preocupante?

A imagem é de gráficos de barra coloridas sobre fundo branco. Cada cor representa uma rede social (Youtube, instagram, whatsapp, tiktok e facebook), sendo divididos por faixa etária.
(TIC Kids Brasil 2023/Cetic/Reprodução)

Sabemos que o ambiente online não é nada seguro e que estamos, o tempo todo, expostos às mais variadas violências. E se para nós, adultos, navegar com segurança pode ser um desafio, para os pequenos, então, ele é ainda maior. “Os riscos têm naturezas diversas e podem ser de violências sexuais ou comerciais, por exemplo. Há muitas possibilidades de contato ou situações de risco na internet”, afirmou a coordenadora do estudo, Luísa Adib, à Agência Brasil.

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A questão, ressaltou Luísa, é que proibir talvez não seja o caminho mais eficaz, afinal, o acesso vai acabar acontecendo em algum momento.  “(…) eu sempre destaco que proibir, inibir ou restringir a participação não necessariamente vai protegê-la [a criança] do risco. (…) Por isso, indico o diálogo e o acompanhamento dos responsáveis para saber que tipo de conteúdo ela está acessando e com quem ela conversa”, disse.

Certamente, ao menos até os 12 anos, como orienta a Safernet Brasil, é importante que os filhos tenham acesso restrito e controlado à internet, mas a conversa pode acontecer desde sempre e faz toda a diferença.

Acesso cada vez mais precoce

Segundo os resultados da TIC Kids Brasil 2023, para 24% dos entrevistados, o primeiro acesso à internet aconteceu antes dos seis anos de idade. A título de comparação, em 2015, ele acontecia aos 10 anos. Ou seja, a entrada no ambiente online está se dando cada vez mais cedo, entre indivíduos ainda mais despreparados e imaturos para lidar com tantas adversidades.

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Um dado preocupante da pesquisa está relacionado à exposição a materiais impróprios. Entre todos os entrevistados, ao menos 9% viram algum conteúdo sexual nos últimos 12 meses – na maior parte das vezes, de forma não intencional. Já 17% entre 11 e 17 anos relatam ter recebido mensagens de conteúdo sexual pela internet.

Na imagem, gráficos de barras coloridas sobre fundo branco. As barras são de cor roxa e azul.
(TIC Kids Brasil 2023/Cetic/Reprodução)

“Por isso, reforçamos a importância da participação dos responsáveis no acompanhamento das atividades que a criança e o adolescente realizam“, orientou Luísa Adib.

A pesquisa ouviu 2.074 crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos e 2.074 pais ou responsáveis. O estudo foi realizado entre março e julho de 2023.

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