Como sobreviver às noites em claro nos primeiros meses do bebê?

Ouvimos desabafos (e dicas) de mães e conversamos com especialistas para iluminar o caminho de quem está passando por essa dificuldade.

Por Raquel Drehmer
Atualizado em 12 jul 2018, 17h07 - Publicado em 11 jul 2018, 21h13
Como sobreviver às noites em claro nos primeiros meses do bebê?
 (Artfoliophoto/Thinkstock/Getty Images)
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“Amo ser mãe, mas nunca imaginei que a privação de sono pegaria tão forte em mim e me deixaria tão irritada com meu filho”. O desabafo de Luciana Farias, mãe de Romeu, hoje com 5 meses de vida, é comum a muitos pais de bebês pequenos e até de crianças um pouquinho maiores que não conseguem ter uma noite inteira de sono – e, consequentemente, fazem com que os adultos também fiquem acordados madrugada adentro.

No caso de Luciana, o fato de estar dormindo “picotado” desde que Romeu nasceu (as sonecas nunca passam de uma hora e meia) tem trazido consequências práticas. “Minha memória está um fiasco. Esqueço coisas básicas, deixo roupa centrifugada na máquina de lavar por dois dias, vou ao supermercado e não lembro de tudo que preciso comprar. Claro que esqueço a lista em casa também”, conta.

Para começar a resolver o problema, a empreendedora decidiu investir na assessoria de uma consultora de sono. “É minha última esperança. Ela virá acompanhar uma noite típica aqui em casa e traçará uma estratégia. Estou confiante”, diz Luciana.

Um ano atrás, uma consultora de sono foi a salvação para Patricia Bauer. Sua filha, Esther, já estava com 8 meses quando a professora de espanhol resolveu tomar uma providência para que todos em casa dormissem melhor. “A falta de constância do sono dela estava prejudicando o irmão mais velho, que na época estava com 4 anos de idade e em adaptação escolar”, lembra.

Depois da implementação da higiene do sono sugerida pela especialista, tudo melhorou. “Eu, que sempre fui supercalma, sentia que estava sem paciência. Voltei a ser a Patricia de antes”, comemora.

Mas o que é essa higiene do sono?

Higiene do sono é o estabelecimento de uma rotina de preparação para a hora de dormir. A psicóloga e terapeuta familiar Marina Vasconcellos sugere essa dinâmica como uma das estratégias para superar o problema das noites em claro.

“Acalmar o ambiente costuma dar muito certo”, afirma. “O bebê ou a criança precisa da segurança de uma sequência de acontecimentos para entender que está chegando a hora de dormir. O sono fica mais natural”, complementa.

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E, assim, a produção dos hormônios do sono é facilitada, assegurando uma noite inteira de descanso para todos.

Horário pessoal do sono e estabelecimento de rotina

Em primeiro lugar, você precisará identificar qual é o horário de sono de seu bebê. Varia um pouco de bebê para bebê, mas é entre 19h e 19h30.

Preste atenção quando ele começar a bocejar e a ficar com o olharzinho mais baixo – normalmente é ali o momento de ir para o berço. Se o ponto passar e ele começar a ficar irritado, interromperá aquele início de produção hormonal que beneficia o sono e será muito mais difícil começar a dormir. Fica a lição para não se repetir no dia seguinte. Fique atenta aos sinais! 😊

Muito bem, então suponhamos que o horário de sono de seu bebê seja às 19h30. A orientação da neurologista Rosana Cardoso Alves, especialista em medicina do sono do Fleury Medicina e Saúde, é que meia hora antes comece a rotina para acalmar a casa e ele entender que está prestes a ir dormir.

“Corte os barulhos da casa – TV alta, falatório em geral –, diminua a luz do quarto do bebê”, recomenda. Troque a fralda dele, coloque-o no berço. Fique ao lado dele, falando baixinho, até que ele pegue no sono. Teste colocar músicas bem calmas ou sons de natureza em um volume baixinho no quarto, para ajudar nessa paz.

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E mantenha o silêncio. Para que a higiene do sono dê certo, é preciso que todas as pessoas que morem na casa se comprometam a não fazer barulho. “Não é só pelo bebê. Todos se beneficiaram com o pacto de silêncio em casa e passaram a dormir melhor porque a Esther começou a dormir a noite toda”, garante Patricia.

Controle as sonecas

A psicóloga Marina nota que um erro muito comum dos adultos é permitir que o bebê faça a soneca da tarde até muito perto do horário do sono da noite. Se seu filho acordar às 18 horas, é natural que não queira voltar a dormir às 19h30. Por isso, regule as sonecas. Entenda que uma condiciona a seguinte, que interfere diretamente na noite de sono.

O ideal é que a soneca da manhã acabe ali pelas 10 horas, 10h30 e o bebê retorne ao berço por volta das 13 horas para a soneca da tarde, que deve ser encerrada no máximo às 16h. Assim, ele sentirá sono no horário certo para aproveitar os hormônios do sono.

Não tenha vergonha de pedir ajuda

Tanto Marina quanto Rosana defendem que é importante contar com uma rede de apoio para superar as noites mal-dormidas. “Fazer terapia seria ótimo, mas é claro que a maioria das mães de bebês pequenos não tem tempo para isso”, pondera Marina, que aconselha: “Os pais precisam, então, olhar em volta e ver com quem podem contar. Não podem ter vergonha de pedir ajuda para familiares e amigos.”

Aproveitar para dormir enquanto o bebê dorme
(AntonioGuillem/Thinkstock/Getty Images)
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A ajuda não precisa necessariamente ser para cuidar do bebê. Principalmente no começo da instalação da rotina da higiene do sono, sua mãe, sua irmã ou uma amiga pode ir à sua casa para ficar de olho nas coisas enquanto o bebê faz a soneca da tarde e você aproveita para dormir um pouco também. Descansada, você conseguirá fazer as etapas pré-sono da noite melhor. “Essa fase não deve ser muito prolongada, porque o cochilo não tem o mesmo efeito do sono prolongado. É restaurador, mas deve ser passageiro”, afirma Rosana.

As consequências negativas da falta de sono

Todas as estratégias para regular o sono do bebê e, consequentemente, da família dão um pouco de trabalho e exigem que você se reconheça humana. Não desanime e lembre-se que vale o esforço.

Para ajudar a lhe convencer, a neurologista Rosana lista os prejuízos que a privação de sono traz à saúde:

– Sensação de cansaço o dia todo;

– Piora nas dores crônicas;

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– Aumento da pressão arterial e piora em casos de arritmia;

– Alteração do metabolismo, com ganho ou perda de peso;

– Piora do quadro de diabetes ou favorecimento para o surgimento de diabetes;

– Prejuízo cognitivo, com perda de memória, atenção e concentração.

A psicóloga Marina complementa que o psicológico também é afetado, e a privação de sono traz uma grande irritabilidade e o aumento do risco de depressão. Melhor cuidar da higiene do sono o quanto antes, concorda? Sua saúde e a harmonia da família merecem!

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