Neste mês de julho, apesar das tantas notícias negativas, me sinto esperançosa. Quase 500 dias após o início da quarentena, o cenário ainda é complexo, mas é possível enxergar luz no horizonte. Os marcos temporais sempre trazem novo fôlego e nos permitem fazer planos. Neste caso, o acontecimento é o início de um novo semestre, que vem com dois bônus.
O primeiro é o avanço do calendário vacinal no país, que nos dá a esperança de, em breve, voltar a conviver de perto com nossos familiares e amigos e a ter/ser rede de apoio no cuidado com filhos e casas. O segundo é a certeza de que as escolas estarão de portas abertas, o que já alivia a cabeça e o coração das mães, que andam aflitos com os prejuízos que a privação do convívio social está trazendo às crianças e adolescentes.
Também acredito que essa virada de semestre pode ser um momento propício para um exercício de reflexão sobre o que aprendemos nos últimos 15 meses. O que fizemos de diferente? Quais foram nossos grandes aprendizados? O que deixamos para trás? Que novidades incorporamos à nossa rotina?
É hora de respirar fundo e olhar para dentro
Sim, são muitas as perguntas, mas acho que vale a reflexão. Estudiosos do comportamento humano sempre defenderam que interrupções e traumas criam oportunidades de crescimento e mudança. E o que foi a pandemia senão um período turbulento que mudou totalmente a forma como nos relacionamos, trabalhamos, cuidamos, dormimos, nos alimentamos e educamos?
De acordo com Laurie Santos, professora de psicologia de Yale, há “abundantes evidências do chamado crescimento pós-traumático – o fato de podermos sair mais fortalecidos e com um pouco mais de sentido nas nossas vidas depois de passar por eventos negativos”.
Katy Milkman, professora da Wharton School que concentra seus estudos na ciência dos novos inícios, enxerga este recomeço pós-pandemia como uma oportunidade transformação sem igual. “Temos uma página em branco. Tudo está sobre a mesa para um novo começo.”
Semestre, vacina, escolas abertas, possibilidade de pensar em viajar novamente seriam, de acordo com Milkman, efeitos psicológicos capazes de criar em nós o propósito do novo começo. “Como será a rotina do almoço? O que é nossa rotina de exercícios físicos? É preciso repensar as oportunidades. Como queremos que seja um dia de trabalho?”, exemplifica.
Essas informações me deram certo ânimo para encarar o segundo semestre. Não se trata de positividade tóxica. Tenho consciência de que teremos de lidar com mazelas, desemprego, crise econômica, política… Sabemos que o cenário ainda é muito difícil. Mas se tiver interesse nessa reflexão, vá fundo.
Só que antes, organize a agenda!
Se precisar de solitude, comunique essa necessidade aos demais integrantes da casa para evitar interrupções indesejadas no seu processo. Escolhe sua poltrona e suas almofadas mais confortáveis, pegue sua bebida e comece uma auto-observação.
Se preferir, use um caderno e faça anotações. Ou desenhos. Caminhadas também são um bom convite para essas avaliações. Ou na hora do banho? Enfim, para darmos sentido a tudo isso que estamos vivendo é importante fazer a pergunta: o que aprendemos até aqui? Eu vou mergulhar e você?