Há um tempo, publicamos em uma rede social um post que repercutiu bastante. Ele trazia a seguinte pergunta: “Que presente é útil para uma mulher no puerpério?” Ficamos surpresas com tantos comentários, e, depois de refletir, entendemos que foi porque o post abordava uma grande dor para as mulheres: a solidão da recém-mãe.
Durante a gravidez, todos querem saber como estão a mãe e o bebê, mas após o nascimento, a mulher, além de assumir uma quantidade enorme de responsabilidades e afazeres, também acaba “ganhando” a capa da invisibilidade. Poucos têm noção de quão difícil é essa jornada, e pouquíssimos compreendem quão importante é cuidar de quem cuida, especialmente neste que é um dos momentos em que mais precisamos de apoio.
A ideia do post surgiu de uma conversa com uma amiga, que comentou que nunca leva flores quando visita uma mãe que acabou de parir. Para ela, flor é sinônimo de trabalho, porque exige manutenção diária – tudo o que uma mãe de recém-nascido menos precisa. Para ela, o presente ideal neste momento é um kit de pratos congelados, a garantia de que irá se alimentar bem sem ter trabalho, ou o livro Deixe a Peteca Cair, que pode ajudá-la a organizar a dinâmica doméstica daquele momento em diante.
A maioria das respostas também focou na alimentação. “Refeições já prontas, saudáveis e fáceis de consumir”. Outras sugestões interessantes que apareceram: lavar a louça, se oferecer para ficar com o bebê enquanto ela dorme ou toma um banho bem relaxante, vale-massagem, contratação de serviço de limpeza da casa.
Uma das seguidoras contou que uma tia a presentou na maternidade com um roupão gostoso, pantufas e tupperwares. “Na hora, estranhei demais [não serem presentes para o bebê]. Depois de seis meses, fez todo sentido. Foi meu traje 100% do tempo.”
A experiência pessoal fez com que essa integrante da nossa comunidade passasse a sempre perguntar para as amigas como poderia ajudá-las nesse momento pós-parto. Isso porque percebeu, no seu próprio puerpério, que as pessoas queriam impor o que achavam que ela precisava, sem de fato saber o que ela queria. “Acabavam atrapalhando. Foi um aprendizado de ouro. É simples, basta perguntar.”
Todos os comentários foram muito empáticos e indicavam real compreensão da importância de ter e ser rede de apoio. A dor de uma não precisa ser a dor de todas. Então, sempre que pudermos oferecer amparo àquelas que ainda passarão pela experiência que já tivemos, façamos isso. A sobrecarga feminina é grande demais, e a carga mental materna pode nos adoecer. Não é justo que todo o trabalho de cuidado recaia sobre nós. Sigamos falando sobre este tema e lembrando que é preciso uma aldeia para cuidar de uma criança.