Você sabe o que é teste da linguinha, obrigatório após nascimento do bebê?
Não diagnosticar a língua presa da criança pode resultar em problemas na amamentação, na introdução alimentar e na fala.
Em junho de 2014, aprovou-se a lei que tornou obrigatória a realização do teste da linguinha em todas as maternidades e hospitais brasileiros, após o nascimento do bebê, assim como acontece com o teste do pezinho. Mas você sabe por que ele é feito?
Como o nome dá a entender, a avaliação é realizada para conferir se o bebê nasceu com a língua presa ou não. Para isso, a fonoaudióloga Flávia Puccini, especialista em amamentação, introdução e desafios alimentares, explica que o processo é simples.
“É só levantar a língua do bebê e ver onde o frênulo (conhecido popularmente como freio) está inserido na língua e na base da boca”, detalha a especialista. Na maternidade, este exame acontece nas primeiras 48 horas de vida do recém-nascido.
Por ser um teste que analisa apenas a parte anatômica do órgão, não há uma restrição de qual profissional da saúde pode realizá-lo – como pediatras, enfermeiros e, claro, fonoaudiólogos. Entretanto, é essencial entender também como está a funcionalidade da língua do bebê e, para isso, entram especificamente os fonos.
No consultório, Flávia costuma realizar o teste por volta do quinto dia de vida do recém-nascido. Esse intervalo permite que língua crie um comportamento e o profissional consiga perceber se ele está correndo conforme o esperado.
“Eu vejo a parte não nutritiva (testando com o dedo na boquinha do bebê) para entender o funcionamento da língua. E também na amamentação, colocando o bebê no peito da mãe para entender o que ele está fazendo nessa mamada”, lembra a especialista.
E se o teste não for feito?
A primeira consequência negativa de uma percepção tardia de que o freio não está dentro dos parâmetros da normalidade é relacionada ao aleitamento materno. Além de poder causar fissuras nos seios da mãe na hora de sugar o leite, a língua presa pode fazer com que o bebê não mame direito.
“Muitas vezes, quando a mãe está na apojadura, ela está cheia de leite porque o corpo entendeu que o bebê nasceu e ele desce. Com o passar do tempo, essa produção vai se estabilizando porque ela depende da sucção do recém-nascido. Entretanto, ele pode não conseguir manter a quantidade de leite por não estimular a mama direito”, detalha a fonoaudióloga.
Nesse processo, a criança pode acabar não ganhando o peso esperado para o período após o nascimento, sentir fome e, em alguns casos, ser necessário a intervenção com fórmulas para sustentar o organismo. Há também o alerta para o desmame precoce, quando a mãe pensa que os quilos a menos do filho é pelo seu leite ser fraco.
As consequências mais tarde
Com a introdução alimentar a partir dos seis meses, é esperado que a língua do bebê tenha passado por um período de refinamento com movimentos mais precisos e não tão rápidos – como acontece durante a amamentação.
“Se a língua estiver presa, pode ser que ela não se refine tanto e pode interferir na alimentação. Isso porque quando o bebê não tem controle do alimento na boca, pode causar mal-estar e ele começa a fazer uma associação ruim com a comida”. Essa complicação também pode levar a criança a ter dificuldade com a evolução nas texturas dos alimentos.
Mais tarde, quando a língua não consegue ser trabalhada, há também o prejuízo da fala. O bebê não consegue passar pelo balbuciar para depois conseguir pronunciar palavras normalmente.