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Primeiro caso de coronavírus confirmado no Brasil. E agora?

Os especialistas recomendam apenas medidas básicas de prevenção de doenças e explicam que ainda não há motivo para pânico entre os pais brasileiros.

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 28 fev 2020, 11h20 - Publicado em 26 fev 2020, 16h44

O Ministério da Saúde confirmou nesta quarta (25) o primeiro caso de infecção pelo coronavírus (Covid-19) no Brasil. O paciente é um homem de 61 anos de São Paulo, que retornou recentemente da região da Lombardia, na Itália, onde há surto da doença respiratória.

No mundo, são mais de 80 mil infectados e 2.708 mortes, o que levanta preocupação dos pais quanto ao perigo que o covid-19 pode representar em solo nacional. Enquanto as autoridades analisam (e descartam a grande maioria) de casos suspeitos por aqui, os especialistas afirmam que ainda não há motivos para pânico ou para usar máscaras na rua.

Ainda não ocorreu a transmissão de pessoa para pessoa, sem que uma delas tivesse contato com alguém que esteve nos países com alta disseminação do vírus. “Mesmo com esse caso, o Brasil ainda não é área de transmissão da doença, então o principal neste momento é tranquilizar a população e manter as mesmas recomendações que tomamos para prevenir outras doenças respiratórias“, afirma Lessandra Michelin, infectologista diretora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

Ou seja, por enquanto só precisam se preocupar pessoas que tiveram contato com um caso suspeito ou confirmado. Por enquanto, são considerados casos suspeitos aqueles em que a pessoa manifesta sintomas (tosse seca, febre, dor de garganta e coriza) em até 14 dias depois de retornar dos seguintes países:

  • China
  • Japão
  • Coreia do Sul
  • Coreia do Norte
  • Singapura
  • Vietnã
  • Tailândia
  • Camboja
  • Alemanha
  • Austrália
  • Emirados Árabes
  • Filipinas
  • França
  • Irã
  • Itália
  • Malásia

Quem apresenta sintomas e teve contato com um caso suspeito ou confirmado deve procurar atendimento para descartar a possibilidade de ter contraído o vírus. O Ministério da Saúde está buscando as pessoas que entraram em contato com o caso confirmado em São Paulo desde que ele voltou da Itália até chegar ao Hospital Albert Einstein, em 24 de fevereiro.

Cerca de 30 pessoas que tiveram contato com ele estão sendo monitoradas, mas só os sintomáticos passam por exames (até agora, ninguém dessa lista).

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Como o coronavírus será contido?

O coronavírus é transmitido por gotículas de secreções respiratórias, por isso é preciso ter um contato próximo, de menos de um metro, para contrair o agente. Estima-se que uma pessoa consiga transmitir o vírus para outras 3 — no sarampo são até 18, para se ter ideia.

O senhor paulistano que está com o covid-19 está em casa, bem de saúde, e lá ficará em isolamento por ao menos 15 dias. Seus familiares mais próximos, considerados contactantes, devem evitar sair de casa, usar máscaras especiais e intensificar medidas de higiene, mas só a esposa dele está no mesmo lugar que ele.

Se mais casos forem confirmados, o protocolo é manter os mais leves e moderados em casa e os mais graves em um hospital de referência. O Ministério da Saúde ajustará suas ações de contenção conforme o avanço dos casos.

O coronavírus e as crianças pequenas

Embora não dê para cravar o comportamento do vírus no Brasil, já que ele foi recém-descoberto, alguns fatos podem tranquilizar os pais. Primeiro, que a maioria dos casos é leve ou moderado. E poucos deles ocorrem em crianças.

Não é que elas não contraem, mas são menos atingidas pelos sintomas. “Provavelmente isso ocorra por conta de uma resposta melhor do sistema imune das crianças a quadros iniciais de infecção, que impede o agravamento da doença”, explica Livio Dias, infectologista da Maternidade Pro Matre Paulista.

Um estudo quentinho, publicado no periódico Journal of American Medical Association (JAMA), conduzido por pesquisadores da Universidade de Wuhan, cidade epicentro do covid-19, mostrou que só 9 menores de um ano foram hospitalizados por conta da doença na China entre 8 e 6 de fevereiro, todas com quadros brandos.

No mesmo período, mais de 30 mil casos em adultos foram confirmados, com 637 mortes. Esta espécie de “proteção” já havia sido notada nas epidemias de SARS e MERS. Ou seja, mesmo que chegue por aqui, é provável que esse padrão se mantenha.

Medidas de prevenção para a família

O vírus é transmitido por gotículas, mas elas podem permanecer um tempo (ainda desconhecido) nas superfícies depois de tocadas. Por isso, o ideal é que a família toda adote medidas de prevenção que valem para outros vírus, como o influenza, da gripe. Crianças com a imunidade prejudicada por tratamentos ou doenças crônicas devem ter cuidados redobrados. São elas:

  • Lavar constantemente as mãos com álcool gel, água e sabão, esfregando por cerca de 20 segundos, o tempo de cantar duas vezes “Parabéns pra você”.
  • Evitar tocar nos próprios olhos, nariz e boca e nos das crianças também.
  • Evitar aglomerações e, ao sair de uma, como o transporte público, higienizar bem as mãos.
  • Cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir.
  • Usar lenço descartável para higiene nasal.
  • Manter ambientes bem ventilados.
  • Ensinar à criança medidas de higiene pessoal e a não compartilhar copos e talheres.
  • Não é preciso usar máscaras de proteção (até mesmo porque as cirúrgicas mais atrapalham do que ajudam) e, por enquanto, o Ministério da Saúde não recomenda evitar viagens a nenhum outro país fora a China.

 

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