Bebê PIG: saiba o que é uma criança pequena para a idade gestacional
Entenda o que pode levar à restrição do crescimento intrauterino e quais são as possíveis consequências
Você já ouviu o termo bebê PIG? Usado no meio médico, ele se refere à criança que é pequena para a idade gestacional (daí as iniciais que formam a sigla). Mas o que, afinal, isso significa? “Um bebê PIG é aquele que tem o peso ou, eventualmente, a estatura abaixo do percentil 10 daquela idade gestacional em que ele se encontra”, explica Lorena Lima Amato, endocrinologista doutora pela Universidade de São Paulo.
O percentil fetal, vale lembrar, é a relação entre o peso estimado do feto e a sua idade gestacional, resultando em um número que pode ir de 0 a 100 – sendo o intervalo entre 10 e 90 considerado normal.
Lorena lembra que essas medidas são estimadas justamente porque são feitas por ultrassom, enquanto o bebê ainda está na barriga da mãe. Porém, apesar de terem uma margem de erro, não há uma discrepância muito grande do que é visto no momento do nascimento.
Causas que levam ao bebê PIG
“Quando a criança vem crescendo com tamanho e peso menores, fala-se em restrição do crescimento intrauterino“, diz a endocrinologista, que acrescenta: “Mas pode haver uma medida que melhore no decorrer da gestação e o bebê volte a entrar numa curva um pouco melhor, e acabe se adequando até o momento do nascimento.”
Entre os fatores que podem levar a essa restrição do crescimento intratuterino estão, sobretudo, causas maternas, como hipertensão, diabetes, doença renal, tabagismo, uso de alguma droga, problemas placentários ou até casos de gestação múltipla. “Pode ser ainda decorrente de alguma doença do próprio bebê, mas não é o mais comum”, pontua Lorena. Às vezes, inclusive, não se descobre qual foi o motivo.
Quais são as consequências de o bebê ser PIG?
“Depende da causa que levou a criança a nascer pequena”, pondera a especialista. Se o bebê não recebeu alimentação adequada dentro da barriga, ele pode ter algumas questões logo depois do parto, como hipoglicemia e maiores chances de icterícia. Já se o problema estava associado a alguma síndrome que a criança tem, aí as consequências e características serão mais específicas.
É importante lembrar que o bebê PIG não, necessariamente, vai precisar de um suporte neonatal de cuidados intensivos. Por exemplo, uma criança que nasce com 40 semanas e 2,7 kg é PIG, pois, com essa idade gestacional, era para estar maior, mas não necessariamente vai precisar desse suporte.
Acompanhamento endocrinológico na infância
Depois do parto, é o pediatra que vai avaliar se o pequeno precisa ou não de um acompanhamento endocrinológico, mas, em geral, “as causas maternas vão se resolver depois que a criança nascer”, tranquiliza Lorena. Isso porque, saindo do ambiente intrauterino, onde estava o problema, ela tende a crescer da forma esperada.
“Normalmente, essas crianças que nascem PIG, nos primeiros dois anos de vida, fazem o que a gente chama de ‘catch up’ (alcançar, em inglês), que é normalizar a curva de crescimento. Então, elas acabam crescendo rapidamente e atingem as curvas esperadas”, explica.
No entanto, Lorena lembra que de 10% a 15% não fazem esse “catch up” e permanecem numa curva de crescimento abaixo da maioria. “Essas acabam necessitando de uma avaliação endocrinológica e, eventualmente, de um tratamento hormonal, mas isso tem que ser avaliado a cada caso”, finaliza.