Na última segunda-feira, 21, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou o Remdesivir para uso pediátrico no tratamento da Covid-19. Esse é um antiviral já autorizado no Brasil desde março para pacientes com mais de 12 anos que desenvolviam pneumonia e apresentavam necessidade de oxigênio suplementar. Em maio, uma mudança permitiu que o remédio fosse utilizado ainda nos estágios iniciais da doença com risco de evoluir para quadros mais graves. Agora, poderá ser administrado em crianças e bebês a partir de 28 dias de vida e com peso igual ou superior a 3kg. O objetivo é impedir a replicação do vírus no organismo.
Para os bebês, a orientação ainda é de uso apenas em caso de pneumonia ou necessidade de oxigênio. Já entre as crianças com mais de 40 kg, a indicação é para casos que apresentem risco de evolução grave.
O Remdesivir é injetável – trata-se de um pó que deve ser diluído em frascos de 100 mg – e sua utilização é, por enquanto, apenas hospitalar. Produzido e comercializado exclusivamente pela farmacêutica Gilead Sciences, ele foi liberado pela Anvisa para uso pediátrico após estudos que comprovaram a segurança do uso e a similaridade à eficácia entre adultos e crianças.
Vacinação de bebês e crianças
A liberação do fármaco para a população pediátrica acontece num contexto de baixíssima adesão da vacina contra a Covid-19 no Brasil. Segundo dados do Observa Infância disponibilizados em um levantamento divulgado no último dia 16, apenas 5,5% dos pequenos com 3 e 4 anos estão totalmente imunizados com a CoronaVac.
Desde junho deste ano, houve a liberação da Pfizer para bebês a partir dos seis meses, mas só recentemente as doses foram distribuídas pelo Ministério da Saúde. Incialmente voltada apenas para crianças indígenas ou com comorbidades, a imunização pela Pfizer Baby tem início lento. Na cidade de São Paulo, por exemplo, de 34.840 doses recebidas, apenas 699 foram aplicadas no primeiro dia de campanha, 17 de novembro.
A estratégia de direcionar o imunizante ao grupo prioritário tem sido criticada por profissionais da área. Em nota especial, a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) se posicionaram pela imediata liberação da vacina para toda a faixa etária. “Expressamos também nossa posição veementemente contrária à vacinação somente de crianças com comorbidades, estratégia de difícil execução, especialmente nas regiões mais carentes do país, justamente onde mais se necessita da proteção vacinal”, diz o texto.
Vale lembrar que, com as novas variantes em circulação, os números da Covid voltaram a subir e diversas secretarias de saúde já passaram a recomendar novamente o uso de máscara em ambientes fechados.