A partir de quando a criança pode começar a tomar café?
Entenda por que a bebida não deve ser consumida durante a infância e com qual idade ela pode entrar para o cardápio
Seu filho não pode sentir o cheirinho de café ou ver você com uma xícara na mão que já pede um gole? Saiba que, embora o interesse dos pequenos pela bebida não seja atípico, ela não é indicada durante a infância.
“Segundo a recomendação da Academia Americana de Pediatria (AAP), crianças com menos de 12 anos não devem consumir café”, alerta Gabriela Brolezi, nutricionista do Sabará Hospital Infantil. Segundo ela, há estudos que demonstram que, mesmo em quantidades moderadas, ele pode ter efeitos adversos na saúde de crianças e até mesmo de adolescentes.
“A ingestão não é indicada, pois a cafeína atua como um estimulante para o sistema nervoso central, o que pode ser arriscado para os pequenos”, explica Gabriela, que acrescenta: “Mesmo pequenas quantidades podem desencadear sintomas como dores de cabeça, aumento dos batimentos cardíacos e tremores“.
Ainda que esses sintomas não apareçam, aquele famoso efeito de manter a pessoa acordada pode ser danoso às crianças, que ficam alertas por um período prolongado. “Isso é especialmente prejudicial para a população infantil, pois a privação de sono não só causa irritabilidade, mas também interfere na liberação do Hormônio do Crescimento (GH), que é fundamental para o desenvolvimento físico”, aponta a nutricionista.
E se você está surpreso, calma, pois os malefícios não param por aí. Quando consumido após a refeição, o café ainda afeta indiretamente o metabolismo corporal. “Isso ocorre porque a cafeína e os taninos, presentes na bebida, competem pela absorção de ferro (essencial para o transporte de oxigênio, para a coordenação motora e para o aprendizado) e cálcio (necessário para a formação de ossos, dentes e contração muscular), reduzindo a quantidade disponível desses minerais no organismo”, detalha Gabriela Brolezi.
A partir dos 12 anos, em quantidade limitada
Natalia Barros, nutricionista mestre em Ciências pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo) e fundadora da NB Clinic, lembra que não é apenas o café, mas todas as bebidas com altos níveis de cafeína que não devem ser ingeridas durante a infância. “Chá branco, refrigerantes à base de cola, chás pretos, guaraná e bebidas isotônicas não devem ser oferecidos para menores de 12 anos”, afirma.
Sobre como introduzir o café na dieta dos filhos, Natalia reforça que, antes dessa idade, isso não deve acontecer, “mesmo que com leite ou em outros preparos. Não há necessidade de oferecer café, nem em doses pequenas”.
Porém, ela pontua que, mesmo depois dos 12 anos, vale ter atenção à quantidade consumida: “O recomendado é que a ingestão não passe de uma xícara por dia, ou seja, 100 mg de cafeína. Uma lata de refrigerante à base de cola pode conter até 46 mg. Ou seja, é muito fácil ultrapassar essa recomendação”.
Por fim, a nutricionista da NB Clinic acrescenta que não há estudos mostrando benefícios do consumo de café na infância, apenas malefícios. “Além disso, é uma substância viciante que, se consumida muito cedo, pode trazer diversas consequências a curto e a longo prazo”, finaliza.
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