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Como a qualidade do sono afeta o humor da criança

Seu filho anda irritado, sem paciência e chorando muito? Talvez ele não esteja dormindo bem. Entenda!

Por Carla Leonardi
Atualizado em 9 out 2023, 11h05 - Publicado em 29 set 2023, 13h39

Se você não é uma exceção, provavelmente já se sentiu irritado e sem concentração depois de uma noite mal dormida. E se o sono tem tamanha importância na vida de um adulto, imagine, então, na de uma criança. “Na infância, fase em que o desenvolvimento neurológico é intenso, ele tem um papel fundamental no processo de aprendizagem, memorização e desenvolvimento do sistema imunológico, explica Jéssica Africano, neurocientista e especialista em medicina do sono infantil e comportamento. É, também enquanto dorme, que o organismo dos pequenos libera o hormônio do crescimento (GH).

Além disso, dormir bem ou mal influencia diretamente no humor. “A privação de sono desregula as regiões do cérebro que controlam as emoções, com isso, o bebê e a criança podem ficar muito nervosos e sem capacidade de regular suas ações e emoções“, alerta Jéssica. Ela lembra que o mesmo acontece conosco, que somos adultos, mas temos mais maturidade para lidar com as situações.

Entre as principais consequências de uma noite de sono ruim, a especialista aponta:

  • Irritabilidade: a criança se estressa por pouca coisa, não aceita fazer nada do que é proposto e tem as famosas “birras”.
  • Crises de choro: o choro vem como uma forma de tentar manifestar e liberar o estresse que se acumulou pela privação de sono.
  • Despertares noturnos: quanto mais cansada a criança fica, mais dificuldade tem para relaxar e dormir. Ou seja, caso a situação não seja controlada o quanto antes, pode virar uma bola de neve.

Então, se os nervos andam à flor da pele por aí, vale observar como está o sono da família – inclusive dos filhos. O primeiro passo, segundo a especialista, é se atentar à rotina da casa para ver se algumas mudanças são necessárias.

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Bebê-tranquilo-dormindo
(Arte: Victoria Daud/ Foto: PeopleImages/Getty Images)

Dormir mal não é “normal”

Jéssica Africano reforça que não se pode normalizar o hábito de dormir mal, e que grande parte das questões daí decorrentes vem de costumes pouco saudáveis. “Mais de 90% dos problemas de sono na infância acontecem por causa da rotina e dos hábitos de sono”, destaca.

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O uso de telas durante a noite, ir para a cama muito tarde, não ter uma rotina para ir “baixando a energia” perto da hora de dormir são alguns exemplos de hábitos que prejudicam bastante.

Então, antes de investigar se a questão está relacionada a algum distúrbio – o que também é possível – é importante organizar o dia a dia. “Apenas após a família realizar todos os ajustes necessários pelo tempo correto é que se pode pensar em algum distúrbio do sono. Essa informação é importante, porque cada vez mais crianças vêm sendo medicadas sem necessidade e isso, além de não resolver o problema, traz inúmeras consequências a médio e longo prazo”, reforça a especialista.

Como saber se a criança está dormindo mal?

Segundo Jéssica, é importante que os pais entendam o potencial que o bebê tem para dormir de acordo com a faixa etária. “Por exemplo, aos 4 meses, ele já consegue dormir cerca de 6 horas seguidas, solicitando de uma a duas mamadas noturnas. Aos 6 meses, esse tempo de sono contínuo aumenta para cerca de 8 horas, com 1 mamada noturna. Aos 9 meses, tem potencial para dormir cerca de 11 horas seguidas sem mamar, desde que o peso e o desenvolvimento estejam adequados para a faixa etária”, ilustra. Além disso, “se o sono é fragmentado, podemos afirmar que a qualidade dele é afetada”, finaliza a neurocientista.

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