Ressecamento vaginal pós-parto: por que acontece e quando volta ao normal?

A falta de lubrificação no puerpério tem relação com os hormônios, mas costuma retornar em até seis meses, ok? Veja como tratar e cuidados na hora do sexo.

Por Flávia Antunes
12 jun 2021, 10h00
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 (Adene Sanchez/Getty Images)
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Com o turbilhão de hormônios, mudanças físicas e psicológicas que a mulher vive durante os nove meses, é esperado que seu corpo não esteja igual ao que era antes assim que recebe o bebê. Estrias, cicatrizes e até lacerações podem dar as caras logo após o parto, mas outras alterações só são notadas um pouco depois, como é o caso do ressecamento vaginal.

O probleminha costuma ser sentido pela mãe durante a relação sexual, que só é indicada após um período de resguardo para que o útero possa se recuperar completamente. “Sempre preconizamos a quarentena no pós-parto, que são 40 dias de abstinência sexual. E passado esse tempo, a mulher já nota a falta de lubrificação”, aponta a ginecologista e obstetra Fernanda Torras.

Físico, hormonal, emocional: o que pode influenciar

Como a maioria das alterações durante e depois da gravidez, o sintoma tem origem hormonal. “O ressecamento no pós-parto acontece pela queda do estrogênio, hormônio que estava em alta na gestação e responsável pela lubrificação vaginal”, esclarece a médica. A condição é ainda mais pronunciada nas mulheres que amamentam, já que o aleitamento também deixa o estrogênio em níveis mais baixos.

Apesar de ser um problema geral, do qual não se tem como fugir, Fernanda explica que a percepção do ressecamento pode variar de mulher para mulher. “Existem fatores paralelos, como a função das glândulas lubrificantes, se ela faz uso de lubrificante durante a relação, além do fator psicológico – que interfere muito na libido, pois além do ressecamento a mãe terá menos vontade de iniciar a atividade sexual e, quando inicia, pelo estresse psicológico, a lubrificação é mais tardia”, pontua.

A frequência em que o casal tem relações sexuais – se são mais ou menos ativos – e a expectativa da paciente neste contato íntimo também interferem. “Pode depender de como foi o parto da paciente, se tem mais medo de ter relação por conta da cicatriz da cesárea ou do parto normal”, complementa Giórgia Pasquali, ginecologista obstetra e colaboradora da Plataforma Sexo sem Dúvida.

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Mas além do que é ou não percebido pela mulher, existem diferenças reais no nível do ressecamento. “A condição pode sim ser mais grave em algumas mulheres. Por exemplo, naquelas que já usavam pílula anticoncepcional antes e que já relatavam o problema. Mas mesmo em algumas pacientes que não tinham esse histórico, podem apresentar a queixa no puerpério”, informa Giórgia.

Quando a lubrificação volta ao normal?

Como já adiantamos, a retomada da lubrificação é gradual e pode estar relacionada à amamentação. “Para a mulher que não amamenta, aos poucos o ciclo hormonal vai retornando e, a partir do momento em que passa a ovular – por volta de dois ou três meses depois do parto -, a quantidade de estrogênio volta aos níveis normais e o processo é revertido”, afirma Fernanda.

Embora varie de paciente para paciente, Giórgia observa que o ressecamento costuma durar até seis meses na maioria das mulheres. 

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Tratamentos que podem ajudar

Imediatamente depois do parto, é contraindicado que a mulher aplique cremes ou medicamentos pela via vaginal por conta do risco de infecção, já que ainda está com o colo do útero aberto e isso funciona como porta de entrada para bactérias.

Passados os 40 dias de repouso, caso a mulher sinta necessidade, já pode usar lubrificante durante a relação sexual. “Existem alguns tipos com ácido hialurônico, outros com base de água, e os de longo prazo – em que a mulher utiliza um creme ou gel vaginal a cada 48 horas ou a cada três dias e já melhora a condição”, indica Fernanda.

Os hidratantes intravaginais também são uma opção interessante e a orientação de preferir os com ou sem hormônio varia de acordo com o médico. Para a ginecologista da Plataforma Sexo sem Dúvida, não há problema em usar os com estrogênio por um período de tempo, já que ele é pouco absorvido na corrente sanguínea e não interfere na amamentação.

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Cuidados durante a relação sexual

O lubrificante pode ser um grande aliado no sexo pós-parto, para que a relação não seja desconfortável e até para evitar lesões na vagina e sangramento. Porém, caso a mulher perceba que mesmo assim não se sente à vontade, uma alternativa é evitar por um tempinho a penetração – e, por que não investir em outras formas de prazer ou até mesmo brinquedos sexuais de estimulação externa que sejam adequados ao momento que está vivendo?

E claro: o diálogo aberto sincero é apontado como chave de ouro por Giórgia para que o casal se adapte à nova realidade e para que as relações sejam prazerosas para ambos (as). “Conversar com o parceiro ou parceira é muito importante, para que ele/ela entenda que a mulher tem limitações físicas e que precisa de tempo, de mais estímulo e que seja feito com mais cuidado”, diz.

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