Continua após publicidade

Nunca nasceram tantos gêmeos no mundo quanto agora, diz estudo. Entenda!

A pesquisa britânica mostrou que os partos de gêmeos aumentaram em 42% e isso se deve em grande parte pela difusão dos métodos de reprodução assistida.

Por Flávia Antunes
17 mar 2021, 14h48

Por meio de relatos de amigos, familiares ou mesmo notícias de famosos que anunciaram a gravidez recentemente, você pode ter notado que cada vez mais mães estão dando à luz gêmeos. O que não passava de impressão, é agora comprovado por um estudo publicado na revista britânica Human Reproduction.

O artigo mostrou que cerca de 1,6 milhão de gêmeos nascem por ano no mundo – o equivalente a uma em cada 42 crianças. E o panorama fica ainda mais acentuado quando relacionamos com os índices gerais: enquanto o número total de nascimentos cresceu somente 8% em 30 anos, quando se trata de gêmeos o aumento foi de 42%.

Para chegar neste resultado, os pesquisadores reuniram dados de 165 países ou territórios e fizeram um comparativo entre os períodos de 1980 a 1985 e 2010 a 2015. A análise foi ainda mais afundo, mostrando que o número de nascidos por mil partos em todo o mundo passou de nove para 12.

Como principais hipóteses para este crescimento acentuado, os responsáveis da Universidade de Oxford assinalaram o fato de cada vez mais mulheres estarem tendo gestações tardias e optando por métodos de reprodução assistida, como a Fertilização In Vitro (FIV).

“Nós comparamos as taxas de gêmeos entre 2010 e 2015, quando a influência da Reprodução medicamente assistida (RMA) alcançou o seu pico, com os índices no período de 1980 e 1985, quando a RMA ainda estava em baixa, mesmo nos países mais desenvolvidos, e as diferenças genéticas, fertilidade no geral, idade gestacional e paridade eram os principais fatores responsáveis”, relata o documento.

Diferenças entre os países

Embora os nascimentos de gêmeos tenham aumentado de forma global, esse crescimento não se deu igualmente em todos os territórios. Na Ásia, por exemplo, o aumento foi de 32% e na América do Norte de 71%. No entanto, o continente africano e a América do Sul permaneceram com índices que praticamente não se alteraram ao longo do tempo, sendo que a África – embora não tenha tido um aumento significativo no percentual, permanece como país com maiores taxas de gêmeos.

“Nossos resultados mostram que as taxas de gêmeos recentemente alcançaram altas históricas, com índices de mais de 15 nascimentos de gêmeos por 1000 nascimentos totais em vários países, incluindo os Estados Unidos, Canadá, União Europeia, Israel, Coréia do Sul, Taiwan e praticamente todos os países da África”, explica o estudo.

“Apenas as regiões mais pobres da América Latina e no Sul e Sudeste Asiático as taxas foram baixas, por vezes (bem) abaixo dos 10 nascimentos de gêmeos a cada 1000”, completa.

O caso da África é apontado pelos pesquisadores como particular, já que lá os números sempre foram altos desde os últimos 30 anos, fato explicado em parte pelo crescimento populacional da região. Junto com a Ásia, os continentes somam cerca de 80% de todos os partos de gêmeos no mundo.

“A taxa de gêmeos na África é tão alta por conta do grande número de gêmeos dizigóticos, nascidos de dois óvulos separados. Isso ocorre provavelmente devido a diferenças genéticas entre a população africana e as demais populações”, pontua Christiaan Monden, autor do achado da Universidade de Oxford.

Continua após a publicidade

Hipóteses para os próximos anos

Embora o período analisado tenha mostrado altas expressivas no número de gêmeos, a previsão dos pesquisadores é que este cenário se altere nas próximas décadas. Isso porque os métodos de reprodução assistida, que estavam em seu ápice no intervalo estudado, começaram a ter alguns de seus efeitos negativos mais notados.

“Gêmeos são grupos de alto risco, associados a complicações na gravidez e no parto, incluindo nascimentos prematuros, de baixo peso natal, e ao crescimento da mortalidade fetal e materna”, diz o artigo.

“Por conta dessas preocupações, vários países desenvolvidos começaram a mudar suas regulações de RMA e práticas clínicas por volta dos anos 2000, reduzindo assim o número de embriões implantados e direcionando o foco para o nascimento bem sucedido de gestações únicas”, comentam os autores.

E finalizam: “É possível que, nesses países, os índices observados entre 2010 e 2015 estivessem em seu maior ápice e as taxas comecem a decair na próxima década”.

Publicidade