Durante a investigação da saúde do casal que está tentando engravidar, não são apenas as mulheres que precisam passar pelos exames capazes de identificar causas de infertilidade, mas os homens também. E um dos primeiros testes pedidos neste processo é o espermograma que, como o próprio nome dá a entender, analisará com detalhes as características do gameta masculino.
“Nós avaliamos principalmente a concentração de espermatozoides, a motilidade deles (como estão se movimentando) e sua morfologia. Isso é fundamental para termos os parâmetros de quais são as chances deste gameta, de maneira natural, conseguir penetrar no útero, ir para a tuba uterina e encontrar o óvulo após a relação sexual”, explica o urologista Matheus Roque, especialista em reprodução humana.
Ainda de acordo com o médico, as principais características que indicam normalidade na fertilidade masculina é a presença de, pelo menos, 5 milhões de espermatozoide por mL do sêmen e a percepção de uma motilidade progressiva, ou seja, que o gameta está caminhando para frente, em direção ao óvulo.
Como o espermograma é realizado
O ginecologista e obstetra Roberto de Azevedo Antunes, diretor da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), explica que o espermograma é realizado por meio da coleta do sêmen que, na maior parte dos casos, é realizada por meio da masturbação simples. “Em alguns pacientes, este processo pode ser feito por estímulo elétrico ou massagem prostática, mas são exceções para casos bem específicos”, completa o especialista.
Matheus também lembra que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), há a orientação de que o homem tenha de dois a sete dias de abstinência sexual antes da coleta do sêmen para que seja feita a análise dos espermatozoides por meio do exame.
Além da infertilidade…
O obstetra Roberto pontua que quando os homens têm parâmetros seminais alterados, a sua influência na infertilidade do casal é tão relevante quanto a de fatores tubários e ovulatórios, apresentados pelas mulheres. Só que, para além da análise da incapacidade de engravidar dos parceiros, o espermograma pode contribuir para o diagnóstico de outras condições masculinas.
“O sêmen que tem um número elevado de leucócitos ou piócitos sugere infecções de próstata, por exemplo. Ou um volume do ejaculado muito baixo ou ausente pode indicar casos de ejaculação retrógrada ou algum dano às vesículas seminais. Sendo assim, há situações que, através da análise do sêmen, consegue-se inferir outros problemas que estão ocorrendo no sistema reprodutor masculino como um todo”, reflete o especialista.
O que Matheus apenas reforça é a necessidade da realização do exame em laboratórios de confiança e especializados em fertilidade para que, caso haja alguma alteração no espermograma, o médico possa pedir outros testes para chegar ao laudo final e objetivo.