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É possível engravidar já estando grávida?

Por mais estranho que possa parecer, a resposta é: sim. Mas saiba que os casos são raros e difíceis de serem diagnosticados

Por Alice Arnoldi
Atualizado em 8 jan 2024, 10h36 - Publicado em 9 fev 2021, 15h29

As infinitas possibilidades do que pode acontecer durante uma gestação levam a questionamentos que inicialmente podem parecer desconexos, como a pergunta do título. Mas, ao vê-los na prática, a história muda de rumo. É o que aconteceu com a mãe britânica Rebecca Roberts, de 39 anos, que trouxe à tona a discussão sobre o fenômeno conhecido como superfetação.

De acordo com o Daily Mail UK, Rebecca teve uma surpresa durante a gestação de Noah. Após realizar dois ultrassons que mostravam que estava tudo bem com o pequeno, os médicos descobriram que outro bebê havia se formado no útero materno. “Eu nem sabia que era possível engravidar novamente durante uma gestação”, declarou a mãe.

O novo bebê formado era uma menina, que ganhou o nome de Rosalie. Ela e o irmão vieram ao mundo por meio de uma cesárea em setembro de 2020, na 33ª semana de gestação, devido um problema no cordão umbilical da pequena. Noah nasceu com quase dois quilos, já a sua irmã com menos de um. Isso fez com que ela precisasse passar um longo período na UTI Neonatal.

Por terem vindo ao mundo no mesmo instante, eles são considerados gêmeos. Entretanto, a suspeita médica é que os bebês não foram concebidos ao mesmo tempo, exemplificando um caso de superfetação.

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O que é superfetação?

“A superfetação é quando, durante o curso de uma gestação, acontece uma segunda ovulação e a mesma é fecundada”, explica Fernanda Pepicelli, ginecologista e obstetra pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). A especialista ainda reforça que casos deste tipo são extremamente raros, já que o organismo feminino possui mecanismo após a primeira fecundação para que não ocorra outra.

A exceção é tão grande que, Gilberto Nagahama, ginecologista e obstetra do Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim (CEJAM), pontua que existe uma dúvida na comunidade médica sobre o quão possível é que se tenha superfetação em humanos – já ela é mais comum em animais. Estima-se que a literatura médica apresente em torno de 15 casos registrados mundialmente.

Por que esses casos acontecem?

Pela raridade da situação, Nagahama enfatiza que ainda não se sabe todos os motivos que podem levar à superfetação. Mas a mais indicada é a relação com tratamentos feitos para infertilidade feminina.

“Isso significa que há um aumento atípico dos níveis do hormônio estradiol na fase lútea (última etapa do ciclo menstrual), que começa depois da ovulação e pode durar de uma a três semanas. Este acréscimo pode estimular o recrutamento de novos folículos e, por consequência, ocorrer uma nova fecundação”, detalha Fernanda.

Como a superfetação é diagnosticada?

Ainda na gestação, o obstetra do CEJAM conta que é complexo afirmar que a situação que a mãe está vivendo é superfetação. Isso porque o período de diferença entre a fecundação dos fetos tende a ser menos de um mês, o que faz com que os médicos interpretem que é apenas uma gravidez gemelar.

Em contrapartida, existem algumas alternativas para o possível diagnóstico. A primeira delas é o ultrassom que mostra uma diferença significativa de tamanho e idades gestacionais entre os embriões, como foi o caso da britânica. Já a segunda está relacionada com as características genéticas dos bebês, ao ter a suspeita de que eles são de pais diferentes.

“Neste caso, os materiais genéticos seriam distintos, confirmando que são de pais distintos. Além do relato da mãe, confirmando relações sexuais em tempos divergentes”, finaliza Nagahama.

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