É verdade que manter as pernas para cima após o sexo ajuda a engravidar?
Conversamos com especialistas para desvendar este mito. E ainda garantimos algumas dicas para os casais tentantes!
Esta é uma questão que divide opiniões. Você pode ter escutado em rodas de conversa que funcionou para alguns casais tentantes e outros que nunca tiveram resultado. Afinal, manter as pernas para cima após ou durante a relação sexual é mais uma das muitas lendas que os parceiros escutam por aí.
A verdade é que, cientificamente, não há nenhuma comprovação de que essa prática seja efetiva. “Em geral, o pensamento que as pessoas têm é de que, com as pernas levantadas, há um melhor alinhamento do pênis no momento da ejaculação, ou que ele estaria mais próximo do colo do útero”, explica Claudia Petry, pedagoga com especialização em Sexologia Clínica e membro da Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana (SBRASH).
Apesar da crendice, ainda assim é mito que existe qualquer posição sexual específica que possa melhorar a entrada e a movimentação dos espermatozoides no canal feminino, completa Carlos Moraes, ginecologista e obstetra pela Santa Casa e membro da FEBRASGO.
Receio de “escorrer” o sêmen
Escutar que você precisa ficar deitada e não pode se levantar – caso contrário, o sêmen escorre e fica mais distante do útero – também acompanha a crença. Porém, antes de se preocupar com isso, é importante lembrar que o próprio ato sexual já prepara o corpo feminino para facilitar a fecundação.
“Há estudos que mostram que, de 20 a 25 segundos após o casal ter uma relação, os espermatozoides já conseguem ser encontrados dentro da cavidade uterina da mulher. Então, desde que o muco cervical esteja favorável, este é um processo rápido”, explica o ginecologista.
Ainda assim, se pensarmos que apenas poucos gametas masculinos conseguem de fato sobreviver a todo o percurso necessário para a fecundação (desde a entrada no canal da vagina até o encontro com o óvulo nas trompas femininas) desperdiçá-los pode não parecer a melhor das ideias.
“Se houver uma perda significativa do sêmen, pois ele escorreu para fora do canal, a gente entende que uma parte dos gametas não vai ter a possibilidade de tentar se fertilizar”, completa a sexóloga. Mas isso não irá exatamente determinar a gravidez.
Cerca de 90% do volume que será ejaculado é basicamente secreção de próstata e vesícula seminal. A quantidade de espermatozoide é relativamente pequena dentro do sêmen. Então, a perda que pode ocorrer não interferirá de fato na gestação, acrescenta Carlos.
Bom, não há comprovação científica de que a posição sexual pode influenciar a fecundação. Porém, já existem pesquisas que sugerem que a contração do útero durante o orgasmo feminino poderia, sim, ajudar a transportar o esperma, conta a especialista em Sexologia Clínica.
“Durante a fase do clímax na mulher, acontecem um conjunto de contrações rítmicas de todos os músculos que rodeiam a vagina e o útero”, explica. Assim, se o casal busca despretensiosamente alguma posição sexual que possa favorecer o encontro do espermatozoide e do ovulo, Cláudia sugere aquelas que têm capacidade de levar a mulher ao orgasmo.
“Estaríamos aproveitando os movimentos naturais do corpo para conseguir a fecundação mais fácil”, acrescenta.
Dicas práticas para tentantes
As recomendações para favorecer a fertilidade do casal são baseadas na manutenção de um bom estilo de vida. “Com o organismo funcionando bem, as chances de gestação são maiores”, diz o ginecologista. Além, evidentemente, de buscar relações no período fértil.
Com isso pontuado, há mais uma dica da sexóloga para ajudar os parceiros: “Muito pouco se fala no desejo sexual, principalmente o feminino. Mas a relação prazer/orgasmo para o casal tentante é muito significativa”, afirma.
O sexo até pode ser planejado para ocorrer durante o período fértil, mas ele precisa coincidir com o desejo dos parceiros. “Se eu faço sexo com prazer, e a mulher chega a um orgasmo, a gente tem toda uma movimentação que pode favorecer a fecundação. Usando recursos que tornem o momento lúdico e divertido, o casal tentante ainda aprende novas formas de se relacionar e aumenta o repertório sexual, o que será útil lá na frente, no puerpério”, completa.