Como a saúde bucal da grávida pode afetar o bem-estar do bebê
Problemas dentários tendem a aparecer com mais facilidade na gestação e, se não tratados, tornam-se fatores de risco para o feto
Além dos inchaços, das oscilações de humor, e dos enjoos, nem mesmo a saúde bucal da gestante escapa dos efeitos dos hormônios da gravidez. “Na gestação, há geralmente um aumento da secreção salivar e mudança na composição da saliva”, explica Miriam Petrella Re, especialista e membro da Câmara Técnica de Odontopediatria do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP).
Isso pode afetar a mulher de várias formas, elevando o risco de problemas dentários e trazendo repercussões importantes para a gengiva e até mesmo para o bebê.
Os problemas bucais mais comuns da grávida
A gengivite é bastante comum de ocorrer em mulheres grávidas. “Isso porque os hormônios da gravidez alteram a textura da gengiva”, explica Renata Lameira, dentista e gestora da clínica CORB (Centro Odontológico Rio Branco). Se a paciente já apresentava o quadro antes da gestação, é possível que as alterações sejam aumentadas.
A doença é marcada pela inflamação do tecido. Como na gestação a região fica mais sensível, a placa bacteriana (película que se desenvolve sobre os dentes) acumulada na boca pode irritar com mais facilidade a gengiva, provocando sangramento e inchaço. “Se não for tratado, o quadro progride para uma forma mais grave de doença periodontal, conhecida como periodontite, que pode levar à perda dentária”, alerta Renata.
Junto às alterações na composição salivar, as mudanças no comportamento alimentar e de higiene da gestante também aumentam o risco de aparecimento de cáries. “É bastante comum que as mulheres passem a ter desejos por alimentos ricos em açúcar, além de uma possível variação na higiene bucal”, diz a especialista. Além disso, os episódios de vômito e refluxo alimentar, comuns no primeiro trimestre, expõem os dentes ao ácido estomacal, o que eleva as chances de erosão do esmalte dentário.
Os problemas bucais podem afetar o bebê?
Sim. Algumas doenças odontológicas têm sido apontadas como fatores de risco para o feto. A periodontite, por exemplo, aumenta as chances de prematuridade e de a criança nascer abaixo do peso esperado. “Se a gestante apresentar dentes com foco infeccioso [quando há acúmulo de bactérias no interior do dente ou da gengiva], os microrganismos presentes atravessarão a placenta”, afirma Miriam Petrella Re.
As doenças infecciosas da boca não tratadas disseminam para o organismo como um todo, no sangue, no líquido amniótico e na placenta. “Isso está associado a complicações obstétricas, parto prematuro, nascimento de bebê abaixo do peso e pré-eclâmpsia”, pontua Renata Lameira.
Cuidados essenciais com saúde bucal na gravidez
O cuidado primordial para as gestantes é uma boa rotina de higiene oral. “As consultas ao dentista nesta fase precisam ocorrer com intervalo menor”, orienta a profissional. O ideal seria a cada trimestre, para acompanhamento de perto da gengiva e dos dentes. Check-ups preventivos, dieta equilibrada e limitar a ingestão de alimentos açucarados também são questões importantes.
Depois de um episódio de náuseas e vômito, a gestante deve enxaguar a boca com água ou enxaguante bucal sem álcool, mas evitar a escovação imediata. “O esmalte enfraquecido pode ser danificado”, destaca a dentista. Escovas menores, menos quantidade e sabores mais suaves de creme dental minimizam a ânsia e melhoram a limpeza. O quanto antes a grávida iniciar os cuidados de prevenção com acompanhamento, melhor.
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