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Por que grávidas precisam ir ao dentista?

Mudanças físicas e hormonais podem deixar a gestante mais suscetível a algumas condições dentárias. Saiba quando começar o acompanhamento odontológico.

Por Flávia Antunes
Atualizado em 18 jan 2023, 18h38 - Publicado em 16 dez 2020, 17h12

Quando o teste de gravidez sinaliza que há um bebê a caminho, a agenda da mulher logo fica recheada de afazeres: preparar o enxoval do pequeno, procurar um obstetra de confiança, marcar os primeiros exames de sangue e de urina para verificar o estado geral de saúde, e por aí vai.

O que poucas pessoas pensam em adicionar à listinha é a visita ao dentista, que costuma se tornar uma preocupação apenas quando a gestante já tem algum problema de saúde bucal e precisa manter um acompanhamento frequente.

Mas assim como a grávida se consulta periodicamente com o seu médico ginecologista antes do nascimento do filho, é importantíssimo que seja feito também um pré-natal odontológico – se possível, ainda quando os pais estiverem planejando engravidar, como relata a odontologista Dra. Daniela Yano.

“O ideal é fazê-lo antes mesmo da gestação, para manter a boca saudável e evitar a necessidade de um possível tratamento com anestesia. Afinal, em uma consulta de rotina, é possível descobrir uma cárie, um canal ou outro problema que exija intervenção”, explica.

“Essas consultas são uma ótima oportunidade para a mulher rever sua saúde”, reforça Dr. Gilberto Nagahama, ginecologista e obstetra do CEJAM. Segundo ele, praticamente todos os tratamentos odontológicos são seguros na gestação, quando utilizadas medicações adequadas. “O raio-x, por exemplo, tem uma quantidade tão pequena de radiação que não oferece risco para a gestante”, acrescenta.

Já durante a gravidez, além de verificar a higiene bucal da mãe, o profissional também conseguirá orientá-la sobre os cuidados que devem ser tomados com os dentes da criança, para evitar complicações neste comecinho de vida. Confira 12 mitos e verdades sobre a dentição infantil. 

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Cuidado redobrado na gestação!

Você já deve ter escutado alguém dizendo que a gravidez “estraga” os dentes, né? Na verdade, não é bem assim. De acordo com a Dra. Daniela, o que de fato acontece é que algumas mudanças físicas e hormonais da gestação podem deixar a mulher mais suscetível a condições odontológicas, como cáries e sangramentos na gengiva.

No início do processo, é comum a gestante passar mal, sentir enjoo ou vomitar com frequência. Isso faz com que o corpo produza mais secreção – o chamado suco gástrico – e ele volta para a boca, tornando o pH muito ácido. Consequentemente, o dente fica poroso e mais sensível a quebras e à instalação de uma cárie”, esclarece a especialista.

Além disso, algumas mulheres têm vontade de comer alimentos que antes não consumiam e, na hora da escovação, sentem-se enjoadas, não higienizando os dentes adequadamente. 

“Um último fator importante é que a gengiva está mais vascularizada durante a gravidez, o que faz com que inflame com mais facilidade – condição chamada gengivite gravídica. Assim,  em uma gestante que come e não escova os dentes, a placa bacteriana se forma com mais facilidade do que numa paciente que não está grávida”, adiciona a odontologista. 

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Por isso, ela enfatiza que uma rotina de cuidados seja seguida, caprichando no fio dental e na escovação de três a quatro vezes por dia (sem esquecer de higienizar a língua também!). “Recomendo utilizar escovas com cabeça pequena – para evitar os enjoos – e cerdas macias, para conseguir alcançar todos os cantos da boca e massagear a gengiva”, indica.

Problemas bucais da mãe podem afetar a saúde do bebê?

Dependendo do grau da inflamação da gengiva, esta pode ser uma preocupação importante. Isso porque existe a possibilidade de que as bactérias da gengivite entrem na corrente sanguínea e cheguem ao útero, onde vão estimular a produção de um hormônio envolvido no parto prematuro. “O problema está de fato relacionado ao risco de parto prematuro e do bebê nascer com baixo peso”, alerta o obstetra.

Já as cáries podem ser incômodas e apresentar consequências a longo prazo para o organismo da mãe, mas não possuem relação direta com a saúde do pequeno. Em última instância, existe a chance de que um quadro de saúde bucal negativo diminua a imunidade da mulher, abrindo espaço para doenças que afetam o seu filho.

Qual o melhor período para realizar tratamentos bucais?

Mas e se for realmente necessário fazer algum procedimento durante os nove meses? Neste caso, a Dra. Daniela indica que seja realizado no segundo trimestre da gestação. “Porque no primeiro a grávida enjoa com facilidade e geralmente não consegue ficar por muito tempo com o algodão ou algum instrumento na boca. Já o finalzinho é ruim pelo incômodo da postura, ocasionado pelo peso da barriga”, afirma.

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Na segunda fase, a barriga não está tão grande e o período de desconforto relacionado a enjoos já deve ter passado. Mas a odontologista enfatiza que é importante colocar na balança os riscos e benefícios de cada tratamento – se houver um dente do ciso para extrair que não está gerando dor no momento, por exemplo, o melhor é deixar para retirá-lo mais para frente.

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