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Por que é importante pais pedirem desculpa aos filhos quando erram

A conversa honesta sobre o erro dos pais ensina aos pequenos sobre respeito, empatia e reforça a eles que ninguém é perfeito – e está tudo bem!

Por Alice Arnoldi
4 jun 2021, 10h00

Mesmo tentando acertar em cada detalhe da maternidade e da paternidade, o erro é inerente ao ser humano. Isso significa que, por mais dedicado que estejamos em ser respeitosos com as crianças e, inclusive, busquemos recursos (como terapia, análise e informação) para revisitarmos traumas e não passá-los para frente, deslizes acontecerão e é preciso estarmos atentos a como reagimos a eles para darmos bons exemplos aos pequenos.

Não é um processo fácil esbarrarmos em nossos egos ao assumir que erramos após explodir em uma discussão com os filhos ou mesmo repercutir frases problemáticas que, até então, tínhamos certeza que estavam desconstruídas. Só que o ato de se desculpar é necessário para que os menores cresçam com consciência de que, antes de pais, seus responsáveis são seres humanos distantes da perfeição.

Pedir desculpa não é perder o respeito dos filhos 

Entretanto, ao pensar em abrir um diálogo com as crianças assumindo que erraram, adultos acabam esbarrando com o medo de que isso enfraquecerá o respeito que os filhos têm pelos pais. No entanto, especialistas explicam que isso não é verdade.

“Essa crença acaba colocando os adultos em um pedestal em que eles não conseguem se conectar com a criança e esta ligação é o principal ingrediente para conseguirmos a colaboração dos pequenos – para que eles façam o que precisa ser feito, olhem para os pais, percebam que são respeitados e passem a querer respeitá-los também”, explica a especialista emocional Telma Abrahão, autora do best-seller ‘Pais que Evoluem’ e criadora da Educação Neuroconsciente.

Assim como Telma, a psicóloga Camila Cury, fundadora da Escola da Inteligência, pontua que a autoridade que os pais têm sobre os filhos não é perdida pelo reconhecimento dos erros. Muito pelo contrário, ela é fortalecida por meio da humanidade que adultos e crianças dividem na vulnerabilidade.

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“Quando falamos sobre uma figura de autoridade, pensamos em pais que conquistam seus filhos por meio da admiração, que utilizam estratégias para adentrar no mundo psíquico deles, criar vínculos afetivos por meio da compreensão, entendimento e diálogo saudável”, detalha Camila.

Assim, entende-se que o respeito dos pais pelos filhos não é medido pela agressividade ou por imposição de força sobre as crianças. Telma pontua que ela já existe naturalmente, diante do fato de que são os adultos que geram os menores, são os responsáveis pelo seu desenvolvimento infantil e há uma relação de dependência tanto financeira quanto emocional estabelecida entre eles. Portanto, o pedido de desculpa ao errar tende a ter um impacto mais positivo do que negativo no crescer infantil.

Foque na solução e não no problema

Entendido que é preciso desculpar-se com os pequenos para ensiná-los valores como respeito e empatia ao próximo, colocando-se no lugar do outro, é importante que os pais tenham alguns cuidados no diálogo com os filhos.

Camila esclarece que, durante uma discussão ou momento de tensão, o cérebro aplica um mecanismo de defesa, fechando-se para qualquer tipo de informação que está sendo ouvida. O melhor a se fazer nessa situação é esperar os ânimos tanto dos pais quanto dos filhos acalmarem para que uma conversa tranquila possa ser estabelecida.

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mãe e filho se abraçando
(tatyana_tomsickova/Thinkstock/Getty Images)

Neste diálogo, evite expressões como “Você é agitado!” ou “Parece que você não me escuta”, em tom de bronca e culpabilizando o pequeno pelo estresse. “Frases dessa natureza ficam gravadas no córtex cerebral da criança e não resultará em melhoras no comportamento. Pelo contrário, isso pode minar a autoestima dele“, enfatiza a psicóloga.

Ainda que o nervoso tenha acontecido pelo comportamento do filho diante de uma situação do dia a dia, o caminho recomendado pelas especialistas é apontar os sentimentos vividos pelos pais, acolher as emoções também sentidas pela criança e incentivar a sua participação em como solucionar vivências similares por meio da cooperação de toda família.

“Sendo pais precisamos validar as emoções dizendo ‘eu sei como se sente’, ‘realmente é muito ruim ficar triste’ e ‘como será que podemos colocar para fora essa raiva?’. Ensine outras maneiras para que a criança sinta e elabore os seus sentimentos. Em outro momento, converse sobre o que aconteceu e explique como isso te afetou. Diga: ‘a mamãe ficou triste quando você…’, conduza a criança a entender a situação e, procure junto com ela, soluções para quando algo semelhante ocorrer”, detalha Camila.

Desta forma, a criança passa a entender que as emoções difíceis de serem sentidas também acontecem com os adultos e que o diálogo é uma ferramenta poderosa para conseguir colocá-las para fora e administrá-las sem que isso vire uma bola de neve, somando-se a outros sentimentos.

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