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Mentir por educação? Criança que fala a verdade é mais julgada, diz estudo

Pesquisadoras concluem que os pequenos recebem mensagens contraditórias sobre como se comportar em relação às mentiras. Entenda!

Por Carla Leonardi
28 nov 2022, 17h08
Menino com dúvida e confuso. Ele está com uma camisa vermelha, tem pele clara e cabelos castanhos. Está com um dedo indicador na bochecha direita, indicando que está com dúvida.
 (CiydemImages/Getty Images)
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Você explica para a criança que é feio mentir, assiste a Pinóquio com ela e sempre a lembra de que a mentira tem pernas curtas… Mas aí o dia a dia vem e ela vai percebendo – e aprendendo – que falar a verdade nem sempre é a opção feita pelos pais e pelos outros que estão ao redor. Seja por modos sociais, para não magoar alguém dizendo o que se pensa, ou para evitar algum tipo de confusão, mentirinhas aqui e ali vão sendo faladas e até ensinadas aos pequenos, que às vezes são até repreendidos por um momento de sinceridade “inconveniente”.

É lógico que há uma grande distância entre mentir e apenas não sair falando tudo que nos vêm à mente (além do modo como dizemos as coisas, principalmente as delicadas), mas, para as crianças, essas diferenças podem não ser tão claras. O problema é que, quando a sinceridade é criticada ou até punida, a situação gera um conflito naquela pequena cabecinha, que passa a perceber que recebe sinais cruzados e confusos.

Pinóquio: boneco de madeira sentado, com nariz comprido, roupa e touca vermelhas e sapatos pretos.
(malerapaso/Getty Images)

Mensagens contraditórias

Um estudo publicado no Journal of Moral Education, no Reino Unido, liderado por Laure Brimbal, da Univeridade Estadual do Texas, e Angela Crossman, do John Jay College of Criminal Justice, apontou que os pequenos que costumam ser mais sinceros tendem a ser julgados de forma mais severa do que os que, logo cedo, aprendem a mentir “por educação”.

Para a análise, foram selecionados 24 atores entre 6 e 15 anos, meninos e meninas, que atuaram em diferentes cenas para vídeos dirigidos. Depois, as imagens foram exibidas a 267 adultos (de variada amostragem) que, em seguida, precisaram responder a um questionário como se fossem os pais daqueles jovens, julgando o caráter da criança ou do adolescente e avaliando confiabilidade, simpatia, gentileza, inteligência, entre outros critérios.

Os resultados mostraram que aqueles que foram mais sinceros receberam um julgamento mais severo e crítico dos que fizeram o papel de “pais”, com maior tendência a receber punições pelo comportamento. Já os que mentiram “por educação” foram avaliados pelos participantes adultos de forma mais positiva e com maior tendência a receber recompensas.

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“As crianças aprendem que mentir é errado, mas desenvolvem a capacidade de contar mentiras desde tenra idade”, afirmam as pesquisadoras. “Nosso estudo ilustra o quanto os adultos são inconsistentes em suas avaliações e respostas comportamentais a crianças que mentem ou dizem a verdade. Ainda restam dúvidas se, pessoalmente, o comportamento seria o mesmo, mas é provável que essas contradições de mensagens explícitas e implícitas sobre honestidade e desonestidade atuem como influências socializadoras e moldem o comportamento infantil“, concluem as estudiosas.

O cenário, portanto, é complexo, e outros estudos futuros poderão avaliar o quanto essas contradições influenciam em como os indivíduos agem não apenas durante a infância e adolescência, mas também posteriormente, com efeitos na vida adulta.

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