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Mãe cria ilustras que mostram a sobrecarga materna e o privilégio dos pais

Mary Catherine Starr, @momlife_comics, mostra como a sociedade ainda espera mais das mães do que dos pais, fazendo com que elas sempre estejam exaustas.

Por Alice Arnoldi
Atualizado em 3 fev 2022, 13h49 - Publicado em 3 fev 2022, 13h14

A pandemia causada pela Covid-19 potencializou a discussão sobre sobrecarga materna, mas o excesso de obrigações colocadas nos ombros das mães sempre foi uma questão na maioria dos lares – especialmente porque vivemos em uma sociedade sexista e patriarcal, que continua colocando mulheres como as únicas responsáveis pela casa e pelos filhos.

Por isso, é sempre importante ressaltar quando surge uma forma de exemplificar a diferença tão gritante entre mães e pais numa tentativa de trazer visibilidade para a exaustão feminina. E é exatamente isso que a ilustradora Mary Catherine Starr propõe em seus desenhos. Por meio de tirinhas irônicas, ela faz um retrato fiel de situações rotineiras que mostram bem o quanto a divisão de tarefas é injusta.

As suas criações são publicadas no Instagram, @momlife_comics, que já soma mais de 70 mil seguidores. Mary é mãe de dois e mora em Massachusetts, nos Estados Unidos, mas seus desenhos já atravessaram as fronteiras e o motivo é claro: eles conseguem retratar como os homens ainda são privilegiados dentro da sociedade, em qualquer lugar do mundo.

Entre as suas publicações mais famosas, está a que ela chama de “Guia Ilustrado sobre os Padrões Duplos da Parentalidade”. Na primeira tirinha, quando um pai chega com uma sacola de fast food nas mãos, ele é tido como divertido. Já quando é a mãe que faz o mesmo, a sociedade a coloca como preguiçosa.

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Na segunda, enquanto o pai caminha com o seu bebê no carrinho, mas está no celular, a cena automaticamente é interpretada como “uau! olha que homem presente”. Já quando a mulher está fazendo o mesmo, as críticas surgem em primeiro lugar, colocando-a como uma figura materna desatenta.

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E se o homem fica responsável por levar a criança à escola, como mostra a terceira tirinha, ele é visto como um pai envolvido na criação dos filhos. Quando a mulher faz o mesmo, deduz-se que ela é uma mãe que escolheu trabalhar (e, automaticamente, deixou de lado as responsabilidade com os pequenos).

Na última, Mary compara quando uma figura paterna está no parque, empurrando o filho na balança, e é tido como um pai incrível. Enquanto que a mulher é… apenas comum. Na legenda, a ilustradora explica que as imagens, as quais incomodam por escancarar desigualdades sociais ainda tão profundas, não foram feitas para ofenderem aos pais em si, mas criticar o sistema.

“É um insulto para a sociedade que aplaude os pais por lidarem com os deveres mais básicos e espera nada menos do que perfeição das mães (ou, pior ainda, faz com que elas se sintam envergonhadas por cada decisão e/ou movimento que fazem)!”, escreveu Mary.

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Trabalhar em casa é tão mais fácil né, pais?

A ilustradora também trouxe algumas criações sobre com tem sido conciliar as tarefas do trabalho com os cuidados das crianças dentro de casa, especialmente por causa da pandemia. Em uma ilustra, ela se retrata em uma posição de ioga, área com qual ela trabalha. Só que em vez de estar relaxada, seus filhos enxergam o momento como diversão e decidem escalá-la. 

Já quando é a vez do pai fazer sua atividade física dentro de casa, inclusive na mesma posição, ele consegue completar o treino com facilidade e seguir a rotina do dia a dia. Talvez porque, neste momento, a mãe esteja cuidando dos filhos, o que facilita à figura paterna se dedicar integralmente ao que se propôs a fazer.

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Mary também faz uma crítica importante sobre como o processo de ninar os pequenos pode ser solitário, ainda que você tenha uma pessoa no quarto ao lado. Isso porque, ainda que o seu parceiro esteja ali, um está mais sobrecarregado do que o outro já que as tarefas não estão divididas igualmente.

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“Mas lembre-se, mãe, não importa o quanto você se sinta sozinha, você não está. Porque em algum lugar, bem próximo, tem o seu marido que está dormindo profundamente, sem nenhuma preocupação. E amanhã, não importa o que aconteça, ele vai reclamar que está cansado e que não dormiu o suficiente na noite passada. (Claro, eu tenho certeza que isso é senso de solidariedade)”, ironiza a ilustradora nas tirinhas.

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