Finanças para os filhos: por que falar sobre dinheiro com crianças

O Serasa Comportamento recebeu Thiago Godoy, "O Papai Financeiro", para comentar os resultados de uma nova pesquisa com brasileiros

Por Carla Leonardi
11 out 2023, 14h12
Na foto, há uma mão adulta, de pele clara, colocando uma moeda dentro de um cofrinho. Ele tem formato de porquinho, está de frente e sorrindo. É azul. Está sobre mesa branca e há algumas moedas ao seu lado.
 (maitree rimthong/Pexels)
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Aconteceu na última terça-feira, 10, a 3ª edição do Serasa Comportamento, dessa vez com o tema “Finanças para os filhos: dinheiro é coisa de adulto?”. O bate-papo contou com a presença de Felipe Schepers, Diretor de Operações da Opinion Box, e de Thiago Godoy (@papaifinanceiro), autor do livro Emoções Financeiras.

Felipe iniciou a conversa mostrando alguns dados do estudo online realizado pela empresa de pesquisa, que ouviu mais de 800 pais no Brasil todo. Um dos objetivos era comparar a relação que os adultos tiveram com o dinheiro na infância e de que forma eles lidam com esse assunto, atualmente, com os filhos.

Conversando sobre dinheiro com as crianças

De acordo com os resultados obtidos, seis em cada dez entrevistados nunca conversaram sobre finanças com os seus pais quando eram crianças. A situação é ainda mais acentuada com o recorte de gênero e de classe: entre mulheres, a porcentagem é ainda menor e se agrava quanto mais baixa a classe social.

Isso mostra que é preciso mudar os hábitos e não passar velhos costumes adiante. “É um assunto difícil, mas a criança tem condições de entender – se os pais tiverem paciência para explicar”, comentou Thiago Godoy, que acrescentou: “É caro, barato… Mas o que isso quer dizer? É preciso que a criança entenda o que é o caro e o barato, nas condições da família, e por quê.”

A ausência do cofrinho – sim, daquele porquinho em que colocávamos moedas – no dia a dia foi outro assunto abordado por Felipe. “Com o dinheiro [físico] saindo de circulação, também se perde esse instrumento que, para a minha geração, era uma coisa muito óbvia”, relatou. É daí que a sensação de poupar – juntar dinheiro e esperar para poder comprar algo – vem na primeira infância.

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Menina negra, de cabelo crespo, sentada à mesa, colocando uma moeda em um cofrinho. Ele tem formato de porco e é branco, parece ser de louça. Ela está vestindo uma camiseta sem mangas listrada, preto e branca.
(Sally Anscombe/Getty Images)

A importância da mesada

A pesquisa da Opinion Box trouxe também o dado de que 61% dos pais entrevistados não dão nenhum tipo de mesada para os filhos. No recorte por idade das crianças e adolescentes, nota-se um aumento da frequência conforme eles crescem – quanto mais velhos os filhos, maior a incidência das famílias que dão alguma mesada. A prática (seja mensal ou semanal) é essencial quando possível, segundo Felipe e Thiago, para que as crianças comecem a aprender a lidar com as finanças, ainda que com valores baixos.

Em relação às finalidades desse dinheiro, destacam-se, entre as primeiras, o lanche da escola, o objetivo de guardar e a compra de produtos e brinquedos. “O mais importante da mesada é a criança ter a experiência de errar”, diz Thiago, para ela entender o que acontece quando se gasta além da conta.

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Guardar dinheiro para o futuro dos filhos

Segundo a pesquisa, 72% dos pais não fazem nenhum tipo de poupança para as crianças, enquanto 49% não fazem ainda, mas pretendem mudar no futuro.

Um ponto importante sobre esse assunto é onde guardar esse dinheiro reservado a elas, procurando não vê-lo como uma reserva de emergência da família. “O ideal é não deixar em uma conta com liquidez e investir em algo que proteja da inflação”, explica Thiago, pensando em investimentos com um prazo mais longo. Além disso, conforme a criança cresce, é interessante que ela entenda que esse plano existe e até possa colaborar, economizando a mesada, por exemplo.

Por fim, Thiago e Felipe lembraram a necessidade da educação financeira nas escolas como parte fundamental da formação dos pequenos, além, lógico, do exemplo dentro de casa. “A primeira educação financeira que um filho tem é observando os hábitos dos pais”, lembrou o influenciador, citando práticas como comparar preços e não tomar crédito irresponsável. “O mais importante é que as pessoas entendam a relevância desse assunto”, finalizou.

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