Estudo mostra que pais deveriam falar mais cedo sobre racismo com filhos

Estudo norte-americano mostra que os pais abordam o tema a partir dos cinco anos, mas percepção racial começa bem antes disso.

Por Chloé Pinheiro
15 set 2020, 17h59
 (piccerella/Getty Images)
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Pais acreditam que as crianças estão prontas para conversar sobre racismo e raça por volta dos cinco anos de idade. É o que aponta uma pesquisa conduzida nos Estados Unidos com 600 pessoas, 40% delas não-brancas, como negros, hispânicos, indígenas ou asiáticos, publicada no periódico Journal of Experimental Psychology: General

O resultado, observado independentemente da raça e do status social dos respondentes, sugere que os pais subestimam a capacidade de compreensão da criança pequena. Isso porque, como destacam os autores do trabalho, esses conceitos começam a ser construídos bem antes disso na psique infantil. 

Por exemplo: aos nove meses de vida, os bebês já usam diferenças raciais, como a cor da pele, para categorizar rostos. Estudos utilizados como referência no trabalho mostraram que, aos três anos, crianças norte-americanas associam certos grupos étnicos a traços negativos de personalidade. 

Aos quatro, tendem a julgar brancos como mais ricos e bem-sucedidos. Neste mesmo período a discriminação racial pode já estar instalada na pré-escola, com graves consequências negativas para suas vítimas. 

Educação muda o cenário

Mais do que outros fatores, é o julgamento errôneo sobre o desenvolvimento dos filhos que costuma provocar a relutância em discutir o tópico em casa. “Crianças são capazes de ter pensamentos complexos quando ainda são bem pequenas”, explicou em comunicado à imprensa Jessica Sullivan, psicóloga da Skidmore College, que participou do trabalho. 

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Se os adultos não conversam sobre raça, elas assimilarão estes conceitos sozinhas e criarão suas próprias teorias, que podem ser erradas e danosas”, concluiu a especialista. 

Em um segundo experimento, os pesquisadores informaram aos pais sobre a formação dos conceitos de raça durante a primeira infância (estes que mostramos acima). Depois disso, eles passaram a acreditar que deveriam tocar no assunto mais cedo, quando os filhos tivessem por volta de 4 anos. O estudo só reforça a importância da educação racial. 

Quando começar a falar sobre racismo com as crianças

Apesar de não dar um número mágico, pois cada um se desenvolve no seu tempo, o levantamento enfatiza que a conversa deve ocorrer desde cedo. “Pode ser bem difícil desfazer o viés racial depois que ele cria raízes”, explicou a psicóloga Leigh Wilton, que também participou da investigação. 

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Na primeira infância, o tópico tende a ser abordado com mais naturalidade, respeitando o nível de aprofundamento e entendimento de cada fase. Tudo começa com o reconhecimento de privilégios e, principalmente, com a tomada de atitudes que tragam à luz um assunto que infelizmente ainda gera desconforto (e violência) no país. 

 

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