Documentário pretende falar sobre abandono paterno no Brasil
Batizado de "Todos Nós 5 Milhões", o filme depende de financiamento coletivo para ser realizado. E você pode contribuir para que ele saia do papel!
Segundo dados divulgados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em 2013, o Brasil tem 5,5 milhões de crianças sem o nome do pai na certidão de nascimento. Para se ter uma ideia, essa quantidade é superior à soma da população de Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e Maceió. E, para chegar a tal estatística, o CNJ usou como base apenas as crianças matriculadas em escolas, ou seja, o número na realidade é ainda maior.
O cenário é grave e se torna ainda mais triste quando a gente percebe que ninguém está falando sobre o assunto. Quantas campanhas você vê sendo realizadas? Quantas vezes isso é debatido em profundidade na televisão? O que está sendo feito para que esse quadro mude?
Pensando nisso, uma equipe de cineastas está querendo lançar um documentário batizado de Todos Nós 5 Milhões. O filme se propõe a ouvir filhos abandonados pelos pais, mães solo, juristas, pesquisadores e filósofos. A ideia surgiu no ano passado, quando o diretor e corroteirista Alexandre Mortagua tomou conhecimento do impressionante levantamento realizado pelo CNJ.
O projeto toca Alexandre de uma maneira pessoal, pois ele sabe muito bem o que é o abandono paterno. Apesar de ter o nome do pai na certidão de nascimento, ele foi criado apenas pela mãe (a modelo Cristina Mortágua), que teve que brigar na justiça pelos direitos do filho. Seu pai, o apresentador e ex-jogador de futebol Edmundo, o reconheceu a contragosto e nunca se interessou em estar presente na vida de Alexandre. Em 21 anos, os dois se encontraram apenas oito vezes.
“A única diferença gritante que eu sinto na minha situação de abandono paterno é que ela foi exposta na mídia. Minha mãe procurou um advogado para assessorá-la e teve condições financeiras para enfrentar anos de batalha judicial e uma campanha vexatória, que reduzia a mulher interessantíssima que minha mãe é a simplesmente uma interesseira armando o golpe do baú. Isso às custas da estabilidade emocional dela”, conta.
Assim como Alexandre, a corroteirista e assistente de direção, Sara Mariel, e a produtora do filme, Luana Alves, também sabem o que é sentir na pele a ausência paterna. “Para a criança, esse abandono nega a história, a identidade, nega aquela resposta que bate no fundo da cabeça quando a gente quer se entender um pouco mais: ‘De onde eu vim? Que fatores culminaram no meu nascimento?’ E não é nem uma questão de ‘Eu fui desejado?’, essa negação altera diretamente a percepção de identidade”, comenta Alexandre.
Para que Somos Todos 5 Milhões possa sair do papel, a equipe do documentário lançou uma campanha de financiamento coletivo online. Ao todo, são necessários 88 mil reais e a arrecadação vai até o dia 11 de dezembro. Por enquanto, apenas 2% da meta foi alcançado.
Quer dar uma força? É possível contribuir através do site catarse.me, com doações mínimas de 15 reais.