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Como nasce um episódio fenomenal de “O Show da Luna”

Em entrevista para o Bebê, a produtora Celia Catunda deu detalhes sobre o processo de criação do seriado e o que mais podemos esperar da sétima temporada!

Por Flávia Antunes
22 ago 2021, 14h00
O Show da Luna
 (O Show da Luna/Facebook)
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“Passa rápido assistindo, mas dá um trabalhão para fazer”, admite a produtora Celia Catunda sobre o processo de criação de “O Show da Luna”. O seriado que é fenômeno mundial – já presente em mais de 90 países – e um dos líderes de audiência no canal Discovery Kids, acompanha as aventuras de uma menina de apenas seis anos apaixonada por ciência e que usa a Terra como o seu laboratório para desvendar curiosidades.

Mas se você é pai ou mãe, provavelmente, já sabe qual é a trama, né? Então aqui vai uma curiosidade: a série, que conta com episódios curtinhos de 15 minutos e que está chegando em sua sétima temporada, saiu do papel em 2014, mas na verdade é fruto de uma parceria bastante antiga. 

E bota antiga nisso! Lá em 1989, Celia fundou – junto com o diretor de criação Kiko Mistrorigo – a empresa Pinguim Content, responsável por títulos de sucesso, como “De Onde Vem?” e “Peixonautas”. Mas mesmo com este repertório extenso, Celia revela que pensar na carismática protagonista cientista não deixou de dar a ela aquele “friozinho na barriga”.

Primeiro a personagem, depois a história

Ao contrário do que acontece com algumas produções – em que o enredo é elaborado para depois se criar os personagens – o processo com esta animação educativa aconteceu de forma inversa. “A ideia da Luna surgiu do próprio desenho da personagem. Queríamos alguém que trouxesse vivacidade e energia”, explica Celia. Mais do que a qualidade de alto astral, a equipe desejava lançar um programa de cunho científico e que rompesse com um estereótipo bastante comum dentro (e fora) das telinhas infantis: de que ciência não é um terreno para meninas.

“Na época, não tinham muitos outros seriados com esse tema, e eu achava muito legal uma protagonista feminina falar de ciência. Porque a maioria dos personagens ligados a isso eram meninos. Meus filhos pequenos assistiam bastante Dexter (‘O Laboratório de Dexter’), que era um gênio, enquanto que sua irmã vivia fazendo confusão. O mesmo acontecia com Jimmy Neutron (‘As Aventuras de Jimmy Neutron, o Menino Gênio’), em que a menina que competia com ele tinha o estereótipo de ‘CDF'”, lembra. 

Para fugir de como as garotas interessadas em ciência eram normalmente retratadas nos desenhos, Celia quis que a protagonista tivesse, além da força, empatia e carisma, um estilo próprio: roupas “fashion”, nada de óculos e que fosse integrada no grupo e tivesse certa liderança social.

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Por fim, outra influência para a personalidade de Luna veio diretamente da casa da produtora. “Minha filha sempre foi uma inspiração. Sua vivacidade de olhar o mundo e de se surpreender com pequenas coisas”, comenta Celia.

A regra é clara: começar por uma pergunta!

Depois de definidas as características da personagem, é hora de criar a famosa “bíblia da série”, definindo os valores e diretrizes principais que a animação deve seguir e, em seguida, elencar qual pergunta norteará cada episódio.

“No caso de Luna, começamos a criar o episódio sempre pensando primeiro na questão científica que será respondida. Porque o conceito da série é ser baseada em perguntas em que uma leva à outra – assim como o processo que move a ciência para novas teorias”, explica Celia.

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E o bacana é que as questões não partem apenas da cabeça da dupla de diretores. A cada episódio, é criado um arquivo coletivo que fica aberto para pessoas do próprio canal, da produtora ou roteiristas mandarem perguntas, e às vezes o próprio público participa enviando-as por e-mail.

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“Nosso critério de escolha é pensar ‘o quão possível seria uma criança fazer essa pergunta?’. O segredo do sucesso é que são questões que realmente estão na cabeça das crianças; por exemplo, como a água vira chuva”, revela a produtora.

Depois, é hora do faz-de-conta entrar em ação

Ainda baseando-se no procedimento científico, o passo seguinte é criar hipóteses – e, para isso, é preciso soltar a imaginação! “Então a segunda etapa é produzir uma sinopse curta – temos um template em que colocamos a situação inicial, a pergunta, o primeiro experimento que os personagens fazem, mas não encontram a resposta e depois o faz-de-conta”, detalha Celia.

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Assim que esta “base” é aprovada, o roteirista fica encarregado de montar os diálogos e o resto da criação do episódio funciona como uma linha de produção, que leva mais de três meses para ficar ficar pronta. “Só de roteiro, demora pelo menos um mês e geralmente temos três versões dele. O storyboard é feito em 4 semanas, depois mais um mês para animar e uma semana para a gravação da voz”, lembra a produtora.

Outro fator que pode alongar o processo é a preocupação com cada detalhe do episódio já que, por se tratar de um seriado educativo, as informações científicas transmitidas às crianças devem ser confiáveis. Para isso, entra a função importante dos consultores. “Hoje quem nos ajuda é o especialista em astrofísica Walmir Cardoso, já que nesta nova temporada os personagens estão na estação espacial e tratamos mais desses conceitos”, explica Celia.

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Mas a área deste profissional varia de acordo com a temática da temporada. Quando o seriado estava situado no sítio, por exemplo, a consultora era uma bióloga. Em todo o caso, a criadora da Luna lembra que a ideia não é pensar em respostas definitivas, mas sim com teorias que estão sempre mudando – e por isso os episódios terminam sempre com outra pergunta.

A recepção positiva do público

Depois de tanto trabalho, as expectativas com o sucesso de “O Show da Luna” eram altas, mas Celia não nega que o receio da recepção era maior por se tratar de uma série de ciências, principalmente pelo preconceito de algumas pessoas com conteúdos educativos, por acharem menos atrativos. “Sempre existe o risco, mas ao mesmo tempo tentamos trazer esse lado mais divertido nas canções, nas fantasias e no faz-de-conta”, conta.

Felizmente, os pequenos telespectadores não decepcionaram e logo a dupla de produtores recebeu o feedback positivo da audiência e do canal de televisão, dizendo que o seriado havia se tornado um dos três mais assistidos.

A maior surpresa, porém, veio da idade dos pequeninos que se encantaram por Luna, já que a animação foi pensada mais para o público de quatro a sete anos por conta da complexidade de alguns temas, mas até mesmo os menores pareceram curtir o seriado.

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“Recebemos com frequência vídeos de algumas crianças de apenas um ano, que mal sabem andar e já estão na frente da televisão batendo palma, dançando e cantando ao som de Luna. A surpresa é a intensidade do quanto elas curtem”, lembra Celia, que acrescenta dizendo que os pais e os próprios membros da equipe aprendem com os ensinamentos científicos que o desenho apresenta.

O que esperar da sétima temporada

Luna começou desvendando curiosidades em seu bairro, depois partiu para a casa dos avós no sítio, e na quinta temporada viajou ao redor do mundo – o que, segundo a produtora, foi uma forma de mostrar a diversidade humana e como a ciência acontece em outras culturas.

Já na sexta temporada, que começou a ser exibida em junho de 2020 no Discovery Kids, a menina curiosa decidiu ir mais longe, até uma estação espacial. Lá, ela mora com sua família (e claro, seu furão inseparável Cláudio) em uma casa tecnológica e sustentável, perfeita para observar os planetas e testar novos experimentos.

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“Agora, estamos produzindo a sétima temporada. Os personagens vão continuar na estação espacial, com uma visão de fora do planeta, mas também teremos participações dos amigos, às vezes em videochamada. Na edição ‘Amigos no Espaço’, por exemplo, os colegas da escola vão para lá em um tipo de intercâmbio espacial. Então teremos várias novidades na temporada 7”, anuncia a produtora.

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E se você chegou ao Planeta Terra hoje e ainda não conhece a Luna, vamos deixar que ela se apresente 😉:

 

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