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Como nasce uma famosa música do Mundo Bita

Chaps Melo, criador do Mundo Bita, conta com exclusividade como é o seu processo criativo, especialmente com o lançamento de "Bita e os Animais 2".

Por Alice Arnoldi
5 mar 2021, 17h57

“Bom dia, o sol já nasceu lá na fazendinha “… Se você leu a música no ritmo da famosa canção infantil, significa que o Mundo Bita faz parte dos artistas queridinhos entre os pequenos da sua casa. E para a felicidade dos pais, 2021 chega como o ano de estreia do segundo álbum de “Bita e os Animais”, com uma música sendo lançada a cada primeira sexta-feira no decorrer dos meses.

Em entrevista exclusiva ao site Bebê.com.br, Chaps Melo, cantor, compositor e criador do Mundo Bita, explica o porquê da temática da nova produção ser semelhante a do primeiro álbum, lançado em 2013. “Agora em 2021, estamos vivendo um período especial, porque a Mr. Plot, nossa produtora, completa 10 anos. Então resolvemos revisitar os animais, com muito mais bagagem e estrutura, porém reunindo a mesma disposição e liberdade criativa”, detalha.

A primeira canção do segundo álbum chamada “Lá no Galinheiro” já conta com mais de quatro milhões de visualizações no canal. E nesta sexta-feira, 5 de março, o público infantil conhece a música ‘Amiga Baleia’, produzida em parceira com o Greenpeace. Ela conta a história do grande animal marinho sendo salvo por Bita, Lila, Dan e Tito de um barco que tenta caçá-la.

Um mergulho nas inspirações do criador

Para a criação das canções famosas entre a criançada, Chaps comenta que a equipe que se une dentro da produtora escolhe os temas das músicas e, então, ele começa a navegar no processo criativo de escrevê-las e harmonizá-las.

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“Costumo compor em casa, no caminho para a Mr. Plot, lavando louça, no meio de atividades do dia a dia. Estou sempre gravando. Vivo cantarolando ideias no celular, porque já trabalho letra e música juntas”, detalha o cantor.

E, não por acaso, as inspirações que dão base para suas músicas são ninguém mais, ninguém menos do que os pequenos que fazem parte da sua rotina, como suas filhas, sobrinhas e sobrinhos.

Mas não pense que a trajetória para por aí: as redes sociais do Mundo Bita também são meios para que outros pais digam o que sentem falta de escutar. “Assim, podemos dizer que produzimos o nosso conteúdo a milhões de mãos”, completa Chaps.

A influência das filhas do cantor no Mundo Bita

Para quem não sabe, o protagonista do grupo musical foi um desenho inspirado no universo circense feito por Chaps na parede da primogênita Isabel, quando ela ainda estava na barriga da mãe. Um ano depois do nascimento da filha, já com a Mr. Plot funcionando, o Mundo Bita foi criado e o protagonista ganhou este nome em homenagem ao pai do compositor que gostava do jogador de futebol apelidado de Bita, do time Náutico.

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(Mundo Bita/Reprodução)

Com este toque familiar presente desde o início da criação do projeto, a segunda filha do compositor, Martina, embarca junto com a mais velha e são as primeiras a entrarem em contato com o mundo criativo que o circunda. “As filhotas são uma inspiração diária na minha vida. Elas me acompanham, sugerem canções, chegam com as ideias mais malucas que se possa imaginar… É muito divertida essa relação delas com o Mundo Bita!”, declara o compositor.

Ele ainda brinca que elas ficam com a parte divertida do processo, como a inspiração, o amor e a gargalhada. Já ele fica com a área mais trabalhosa da criação, que se estende para a construção do visual das músicas.

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Como os clipes do grupo são desenhados?

Quando a composição da canção está pronta, Chaps explica que é hora de se unir com os músicos que compõe a Mr. Plot para iniciar as gravações. “Com a faixa já bem encaminhada, entram no processo outras pessoas da equipe. Temos a fase de roteiro, depois storyboard, animatic, ilustração e animação. Com a música mixada, finalizamos a edição do clipe, revisamos e está pronto para ganhar o mundo”, detalha.

Dentre as diferentes características singulares do Mundo Bita, o compositor explica que as mais trabalhadas são a doçura e a suavidade na voz, e enfatiza que acompanha cada etapa necessária para chegar ao produto que temos contato. Em contrapartida, completa: “Nossa equipe é formada por grandes talentos e tem liberdade criativa para contribuir com suas visões artísticas e conceituais em cada detalhe do conteúdo”.

A preocupação com a diversidade

O cuidado para manter o Mundo Bita sempre atualizado também fez com que ele se tornasse um meio de propagar a diversidade. Para isso, ao criar uma música e um clipe que falarão de assuntos pertencentes à minorias sociais, é feita uma busca de campo com instituições especializadas no assunto.

Por exemplo, na canção ‘A Diferença É o que nos Une’, junto com personagens cegos e surdos, há também um garotinho cadeirante. E para que ele pudesse ser representado corretamente, sem recair a nenhum estereótipo preconceituoso, os produtores estabeleceram contato com Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD).

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Já quando o assunto foi ancestralidade, que resultou em um livro e uma música chamada ‘Sinto o que Sinto’, Lázaro Ramos foi convidado a participar do processo, pois o protagonista da história tanto escrita quanto musical é Dan, um menino negro. “Procuramos ouvir e dar voz a quem tem propriedade para falar. Ficamos muito felizes em servir também como uma ponte na condução das informações”, completa o compositor.

As mudanças trazidas com a pandemia 

Já em relação ao espaço físico, Chaps conta que a Mr. Plot é um estúdio pequeno e integrado, em que as pessoas trabalhavam juntas com harmonia. Entretanto, com a pandemia causada pela covid-19, o cenário mudou. “Com a equipe em casa desde março do ano passado, sentimos bastante a falta do contato, das conversas, das sugestões sendo dadas ao vivo, do almoço das sextas-feiras, das comemorações a cada lançamento. Isso deixa uma lacuna que deságua tanto naquela saudade do dia a dia, quanto na perda de velocidade produtiva”, reflete.

Só que, ao mesmo tempo, isso trouxe outras oportunidades aos fãs do Mundo Bita. “Em 2020, participei de duas lives bem grandes, com estúdio cenografado e produção muito parecida com a de um Show do Bita. A partir dali, confesso que as pessoas passaram a me reconhecer mais e estabeleci um contato maior com o público através das redes sociais”, explica.

Assim, Chaps finaliza pontuando algo bem comum à classe artística e outros meios de trabalhos que dependiam do contato com o público para acontecerem: com pandemia, foi preciso reinventar-se para fazer o entretenimento continuar existindo e ajudando as pessoas mesmo que de longe.

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