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Como explicar o amor entre pai e mãe para os filhos?

Entenda de que maneira falar com as crianças sobre o assunto e veja o que elas podem aprender a partir daí - e levar para a vida inteira!

Por Da Redação
28 jul 2023, 10h37
Casal em uma cozinha. O homem está em pé, segurando uma caneca. A mulher, sentada em um balcão, o abraça. Eles se olham e sorriem
 (PeopleImages/Getty Images)
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Você e seu companheiro ou companheira costumam trocar carinhos, abraços e beijos na frente do seu filho? Tais demonstrações de afeto podem gerar diferentes reações nas crianças. Algumas ficam com dúvidas, outras acham incrível e batem palmas quando isso acontece. Há as que encaram com naturalidade e as que sentem ciúme. Essas respostas também podem mudar conforme o tempo passa e o pequeno adquire maturidade, compreendendo melhor o mundo ao seu redor.

A honestidade, o respeito e a conversa aberta para responder as dúvidas da criança são elementos fundamentais. De acordo com a psicóloga infantil Cynthia Wood, da clínica Crescendo e Acontecendo (SP), isso é importante para que o pequeno desenvolva segurança e autoestima e também para que aprenda o que é um relacionamento saudável, e o que pode impactar de maneira positiva todas as relações que construirá ao longo da vida – não só as românticas, mas com amigos, familiares e outras.

Afeto desde a barriga

A partir de que idade a criança começa a notar que há uma relação de amor entre os pais? Segundo a especialista, bem antes do que se imagina: “Os bebês percebem isso desde a vida intrauterina, afirma. “Eles percebem se há uma harmonia em casa, se os pais se amam, se conversam com esse filho na barriga… De maneira sutil, claro, mas tudo isso já pode ser sentido”, diz.

A psicóloga conta que é lá pelos 2 anos de idade que o pequeno repara que os pais namoram, se eles dão beijos e se eles se abraçam. “Tem criança que aplaude, que sorri, que fica feliz. Já outras sentem ciúmes, tentam entrar no meio, empurrar o pai e a mãe…”, descreve.

Os adultos podem, então, explicar que são os pais e que amam o filho de um jeito, mas que são casados, namorados e que dão beijos e abraços para demonstrar carinho um pelo outro. Para Cynthia, o essencial é responder de maneira simples e direta, conforme as perguntas acontecem. “Lá pelos 7, 8 anos, a criança já sabe que os pais dormem juntos, que não é só o beijo. Ela começa a perceber as diferenças, ainda que não tenha entendimento completo. Aí vem a adolescência, quando uns acham ótimo, outros ficam constrangidos, outros não querem ouvir sobre a relação dos pais. Mas eles já têm essa consciência”, explica.

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Cynthia ressalta ainda a importância de não inundar o pequeno com assuntos que ainda não são necessários ou pelos quais ele ainda não tem interesse. “Já tive um paciente que perguntou para a mãe, em uma consulta médica, o que era sexo. Ela ficou envergonhadíssima e disse que responderia mais tarde, em casa. Quando sentaram para conversar, a mãe deu várias explicações sobre o relacionamento entre um casal e tudo mais… Mas, depois, a criança falou que não era isso. Ela disse que o médico tinha uma ficha que dizia ‘sexo’ e, em seguida, as letras F e M. Era uma criança de 5 anos que já tinha aprendido a ler, viu a palavra e ficou curiosa, porém era sobre sexo masculino ou feminino”, lembra. A orientação, portanto, é ouvir e compreender qual é, de fato, a curiosidade de seu filho.

Demonstrar, sim!

As manifestações de amor não só podem como devem acontecer, já que trazem benefícios e ensinam muito sobre a questão romântica e sobre relações em geral. “Quando todo mundo na família se ama e o clima está harmônico, a criança cresce com mais autoestima. E quando vê que o relacionamento entre os pais dela é saudável, quando eles demonstram carinho um pelo outro diante dela, não brigam, conversam, resolvem os problemas de forma educada, sem gritos, a criança se sente mais segura. Ela cresce e se torna um adulto que também vai buscar relacionamentos saudáveis, que tenham afeto, carinho, compreensão e que, mesmo quando acontece algo errado, há conversa, e não briga. Esse será o exemplo que levará. Se esbarrar em um relacionamento tóxico lá na frente, vai saber identificar rapidamente e sair dele”, detalha.

Segundo a psicóloga, a maneira como os pais se relacionam também ensina ao filho sobre amizades e como é fundamental que se “regue a plantinha” nos relacionamentos. “Se ele tem um amigo, não vai só receber. Precisa se preocupar com o amigo, com o sentimento dele, perguntar se está bem, demonstrar carinho e afeto”, exemplifica.

casal sentado com os rostos e as palmas das mãos encostadas

E o ciúme?

Algumas crianças, sobretudo por volta dos 2 ou 3 anos, começam a ter reações que se assemelham ao ciúme quando os pais demonstram esses afetos. Para Cynthia, não há receita de como agir. O ideal é ir, aos poucos, explicando  que eles são uma família, qual é o papel de cada um e que tem amor para todo mundo, de maneiras distintas. “Em alguns casos, vale observar se é possível separar mais tempo exclusivo para a criança”, orienta. Os pais precisam acolher o sentimento, ajudar o filho a lidar com ele. “Se, mesmo assim, o comportamento continuar, é necessário buscar ajuda profissional para entender e trabalhar a questão”, recomenda.

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Quando o amor acaba

Uma situação completamente diferente e que pode deixar os pequenos com as emoções ainda mais confusas é quando os pais se separam e se relacionam com outras pessoas. Cabe aos adultos oferecerem ainda mais suporte, acolhimento e o diálogo necessário para ajudar o filho a enfrentar esse processo, que pode ser desafiador para todos.

Em primeiro lugar, lembra Cynthia, os pais devem estar bem resolvidos diante da decisão. É preciso entender que a relação mudou para poder transmitir essa ideia de maneira clara, sincera, empática e objetiva. “Eles explicam: ‘Olha, papai e mamãe se separaram, mas somos amigos agora. Não gostamos mais um do outro como namorados, mas continuamos sendo seus pais. Isso não tem nada a ver com você’”, sugere.

Quando novos relacionamentos começam, é necessário considerar alguns pontos antes de envolver o filho. O primeiro deles é entender se é algo mais sério, para não ficar apresentando e tirando rapidamente as pessoas da vida do pequeno, que nem sempre compreende tudo de maneira tão rápida – e nem precisa disso.

Para a psicóloga, o novo companheiro ou a nova companheira deve cativar a criança antes de chegar, de repente, com demonstrações de carinho com o pai ou a mãe dela. “Aos poucos, ela vai entendendo que é um novo casal, um novo relacionamento, e vai aceitando, principalmente se a pessoa fizer questão de conversar e conquistá-la também”, diz.

Lembre-se de que ficar falando mal do ex-companheiro(a) ou do novo parceiro(a) só vai deixar a situação mais difícil. “Existem vários livros infantis com a temática de crianças que têm duas casas, que têm padrasto, madrasta“, indica Cynthia. Pode ser uma maneira lúdica e mais leve de puxar conversa e de demonstrar que existem várias realidades. Com calma, as relações vão se equilibrando de novas formas e o pequeno vai acompanhando tudo isso. O que não pode faltar nunca é o amor – e uma boa dose de paciência.

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