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Por que os adultos não devem interferir nas brincadeiras das crianças

Especialista explica a importância (e as consequências) de brincar livre durante a infância

Por Carla Leonardi
1 jun 2023, 14h35

Você já se percebeu interferindo na brincadeira do seu filho, seja por achar que ele poderia “fazer de outra forma”, seja por acreditar que ele iria aprender algo com seu auxílio? Esse comportamento é comum, por exemplo, quando vemos uma criança tentando construir um castelo de blocos e vamos lá – sem que ela tenha pedido ajuda – ensinar como se faz.

A prática em si não é prejudicial, mas, a longo prazo, vai tirando do pequeno oportunidades que são preciosas. “Ao brincar sem interferências, as crianças têm a oportunidade de explorar, experimentar, solucionar problemas e desenvolver habilidades importantes para seu crescimento“, explica Junior Cadima, psicopedagogo especialista em Desenvolvimento Infantil aplicado à Educação e Psicomotricidade.

Segundo o profissional, é nesse momento do livre brincar que existe a liberdade de construir o próprio conhecimento de maneira autêntica. Note que as crianças não precisam ser ensinadas a brincar e que, nas mãozinhas engenhosas delas, tudo pode virar brinquedo.

Menina negra, por volta de 5 anos, brincando com Barbie. Ela está de vestido azul com detalhes coloridos. Está com o cabelo preso e sorri olhando para a boneca.
(FatCamera/Getty Images)

Liberdade e tédio para descobrir a diversão

Isso não significa que você não possa brincar com seu filho, pelo contrário – a construção de laços e o desenvolvimento também se dão por essa relação, que é importantíssima.

No entanto, vale observar aquele momento em que o pequeno está concentrado sozinho em alguma atividade e procurar não interromper com comentários como “melhor usar os blocos grandes embaixo” ou “esse bloco é azul, né? Você lembra como é azul em inglês?”. A intenção sempre é a melhor, mas pode acabar cortando uma linha de raciocínio ou até mesmo a oportunidade de resolver um problema com as próprias habilidades.

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“É por meio das brincadeiras que as crianças exploram o mundo ao seu redor, experimentam diferentes papéis e potencializam sua criatividade e sua imaginação“, reforça o psicopedagogo. Daí a importância de deixá-las manter a concentração e a própria forma de pensar.

O livre brincar também está associado ao (tão temido atualmente) tédio. Hoje em dia, além das diversas atividades em que muitas crianças são matriculadas fora do período escolar, os aparelhos eletrônicos ficam, muitas vezes, ao alcance para preencher o tempo livre. “Mas é de extrema importância que elas vivenciem o ócio”, alerta Junior. “É assim que elas têm a oportunidade de usar a imaginação e a criatividade para se entreter, desenvolvendo habilidades de autorregulação e autonomia”, finaliza.

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