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Mitos e verdades: O que os bebês realmente escutam dentro da barriga?

Os sons chegam para o pequeno de forma mais abafada, mas isso não impede que reconheça vozes familiares depois do nascimento. Veja mais curiosidades!

Por Flávia Antunes
Atualizado em 19 set 2022, 10h17 - Publicado em 26 ago 2021, 16h13

Por mais que as mães consigam sentir os “chutinhos” e movimentações do pequeno dentro da barriga, sempre fica a dúvida do que realmente o bebê consegue captar antes do nascimento e se as interações com ele durante este período de fato influenciam de alguma forma em seu desenvolvimento.

Quem nunca ouviu a recomendação de conversar com o filho para estreitar os laços com ele desde a barriga? Ou então a dica de colocar músicas leves para acalmá-lo no útero?

Apesar da vida intrauterina ainda ser cercada de mistérios que os estudiosos continuam a investigar, algumas constatações já podem ser feitas sobre o que realmente os bebês ouvem antes do parto – e estamos aqui para sanar estas curiosidades! Confira as 7 principais dúvidas dos pais respondidas por uma especialista:

1. Os bebês só ouvem a partir do terceiro trimestre

Mito. Por volta da nona semana, o aparelho auditivo do bebê já começa a se desenvolver e, a partir de 18 semanas, ele está completamente formado – inclusive com a cóclea (responsável pela tradução das ondas sonoras) desempenhando sua função. É neste período, portanto, que o pequeno consegue escutar os primeiros sons.

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“Em seguida, com 24 semanas, há a união da parte interna e externa do ouvido, o que faz com que a audição fique mais sensível e o bebê perceba melhor os sons”, acrescenta Flávia do Vale, ginecologista obstetra especialista em Medicina Fetal e Ultrassonografia.

2. Os bebês escutam de forma diferente?

Verdade. Imagine que você está mergulhando em uma piscina e ouve alguém chamar o seu nome fora dela. O som sai abafado e não tão nítido, certo? É de forma parecida que o bebê escuta dentro do útero, por estar imerso no líquido amniótico e pelas próprias camadas de gordura e da barreira física dos órgãos da mãe.

Inclusive, segundo a médica, os ruídos do corpo materno são o que o feto mais ouve antes do nascimento. “Ele escuta os barulhos do estômago, do intestino, as batidas do coração…”, comenta ela.

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3. Os bebês ouvem melhor alguma tonalidade?

Verdade. Estudos físicos das ondas sonoras mostram que os sons graves atravessam melhor as barreiras e chegam mais forte que os agudos, devido à vibração que provocam no meio líquido. O mesmo acontece com o pequeno na barriga da mãe. “Sabe-se que o bebê escuta bem a voz mais grave, como a do pai. É capaz inclusive de se assustar com sons muito altos”, explica Flávia. 

4. Eles reconhecem a voz dos pais?

Verdade. Apesar dos tons mais graves chegarem mais nítidos, isso não significa que, se a voz da mãe for mais aguda, o pequeno não escutará, viu? “Existem estudos que mostram que o bebê é capaz de reconhecer a voz da mãe depois que nasce e se acalmar com aquilo que ouvia dentro da barriga”, pontua a obstetra.

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Cada vez mais artigos constatam que o feto é capaz de diferenciar tipos de sons e reconhecer vozes familiares após o nascimento. Em um deles, da Universidade de Queen, no Canadá, o mesmo poema recitado pela mãe durante o terceiro trimestre da gestação foi repetido ao recém-nascido que, ao ouvir o som repetido, apresentou reações como a diminuição dos batimentos cardíacos e relaxamento.

5. Falar com o bebê dentro da barriga ajuda a criar vínculos?

Verdade. De fato, conversar com o pequeno dentro da barriga é inclusive uma recomendação de muitos obstetras. Mas como esclarece Flávia, isso não se deve apenas ao estímulo sonoro.

“A mãe passa muitas informações químicas e hormonais para o bebê. Tudo o que gera nela uma sensação de conforto e bem-estar, acaba sendo transmitido para o filho, que guarda uma memória daquilo e o vínculo vem a partir daí”, diz.

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Sendo assim, quando a mãe e o pai conversam com o bebê em um tom afetuoso e carinhoso, cria-se uma sensação prazerosa que é memorizada pelo pequeno e que pode ajudar na criação de vínculos.

6. Músicas ajudam no desenvolvimento intelectual do bebê? 

Homem tocando música e mulher segurando a barriga de grávida
(Roungroat/Raw Pixel)

Há controvérsias. Alguns estudos falam sobre estimular o bebê com músicas mas, de acordo com a ginecologista, não existem provas o suficiente para constatar que esses bebês teriam maior QI ou desenvolvimento intelectual.

Por outro lado, há pesquisas que mostram efeitos positivos no comportamento de crianças que foram expostas à musicoterapia durante a gestação.

“Recomendo que os pais coloquem músicas calmas no ambiente, mas não tão próximo da barriga da mãe, porque o bebê passa mais de 70% do tempo dormindo. Assim, se você encosta um fone diretamente na barriga ou faz um estímulo específico, pode interferir no padrão de sono do bebê”, alerta a médica.

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7. Reproduzir os sons de dentro da barriga ajuda o bebê a se acalmar depois que nasce?

Há controvérsias. Muito se fala sobre os ruídos brancos, que são sons de frequência regular, mas imprevisíveis, e que funcionam como “camufladores” de outros barulhos. Eles vão desde o ruído da chuva ou do secador de cabelo até o próprio som do útero e dos batimentos cardíacos da mãe.

Como estes últimos estímulos são registrados pelo bebê quando está dentro da barriga – e gravados na memória como momentos de tranquilidade -, é possível que de fato tragam a mesma sensação gostosa ao pequeno depois do nascimento.

“Alguns estudos reproduzem esses ruídos brancos e mostram que o bebê é capaz de se acalmar. Apesar da justificativa poder ser a rememoração do que ouviu no útero, é possível também que seja porque os sons distraem a atenção e acabam o acalmando”, reitera a doutora. Inclusive por isso, os “barulhinhos” são usados às vezes para ajudar no sono da criança.

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