A criança não quer dançar na festa da escola: o que fazer?

Saiba como agir caso seu filho se recuse a participar dos ensaios ou trave na hora de subir no palco.

Por Carla Leonardi
10 jun 2022, 12h21
Criança tímida escondida
 (WIN-Initiative/Neleman/Getty Images)
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Se você é mãe ou pai de uma criança que ainda não está em fase escolar, provavelmente já se pegou imaginando como será o dia em que seu filho vai dançar na festinha do colégio. E não tem jeito. Escolher a roupinha, arrumar o cabelo, fazer pintinhas ou bigode na Festa Junina são lembranças que fazem parte da vida de muita gente que deseja repetir tudo isso, mas agora no papel do adulto. Aí é que está o problema: essa é uma expectativa nossa, que não necessariamente vai ser correspondida pela criança. O que fazer, então, se ela bater os pezinhos e disser que não quer dançar?

Acolher e procurar entender os motivos

Podem acontecer duas situações diferentes: a criança se recusar a participar da dança desde os ensaios ou “travar” na hora de subir no palco. Em geral, o segundo caso acontece mais com os pequenos e é comum, já que eles se veem em uma circunstância nova e ficam assustados. Já o primeiro cenário pede a atenção de pais e professores para avaliar se há algo a mais se passando com a criança.

“Por estarem em um ambiente de vivência diária, espera-se que os ensaios sejam divertidos com a interação entre os alunos e professores. Então isso pode ser, sim, um alerta, e devemos nos esforçar para entender os motivos que a levam a esse comportamento”, explica a psicóloga e psicopedagoga clínica Jéssica Ferreira de Aguiar Bueno. “Ele pode estar relacionado apenas a uma não identificação do aluno com a atividade ou até a dificuldades maiores de insegurança e de interação social”, alerta.

Ao se deparar com esse tipo de situação, Jéssica chama a atenção para a importância de acolher os sentimentos da criança sem julgamentos ou rótulos, para que se estabeleça uma conexão, “falando que você percebe que ela não está à vontade e que juntos podem pensar em maneiras de fazer com que ela se sinta melhor”, orienta.

É interessante que os pequenos compreendam que os ensaios são um momento de descontração, sem pressão para uma apresentação perfeita. Há uma diferença entre incentivar e forçar o aluno a fazer algo novo.

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Criança tímida ou curiosa escondida
(nadia_bormotova/Getty Images)

Sinal de alerta

“Nós podemos perceber esse limite entre incentivo e força no comportamento da própria criança a partir dos sinais que ela apresenta. O incentivo tem como objetivo o encorajamento, favorecendo maior segurança emocional, já o “forçar” vai levar a criança a experimentar sensações desconfortáveis e ela demonstrará com maior intensidade sinais de resistência e sofrimento”, explica a psicopedagoga.

Se os pais notarem esse tipo de recusa de forma intensa, vale uma conversa na escola para procurar entender se há situações relacionadas a bullying ou se o pequeno demonstra dificuldades de interação social – e aí, certamente, a recusa da dança será apenas um fator entre outros já observados pelos professores. Nesse caso, isso pode servir como alerta de que é interessante buscar acompanhamento psicológico em um trabalho aliado aos profissionais do próprio colégio. É importante ter em mente também o comportamento da criança nos anos anteriores e lembrar que o longo período de isolamento social pode ter grande influência nas angústias atuais da infância.

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Criança excluída na escola vítima de bullying, representada por pirulitos
(Carmen Martínez Torrón/Getty Images)

Meu filho não quer subir no palco. E agora?

Não importa se é a primeira vez ou se a criança já está no fim do Ensino Fundamental I – pais, tios e avós babões criam expectativas e amam registrar cada passinho dos pequenos. Mas é fundamental que essa expectativa não se torne um peso para a criança. “Inconscientemente, ela pode fazer o contrário, paralisar de medo, frustrar a si mesma e a todos. Deve-se mostrar que aquele é um momento divertido, principalmente para ela”, explica Jéssica.

E quando a criança desiste na hora H? O ideal é acolher o pequeno e oferecer escuta e palavras de carinho. “Pode-se dizer ‘não há problema se você está desconfortável, eu também me sinto assim às vezes. Mas você se esforçou bastante, será que tem algum jeito de te ajudar a ficar mais confortável para se apresentar?’. Depois, é importante ouvir a resposta e pensar em sugestões como ‘você quer que eu fique pertinho, ao lado do palco? Quer um abraço antes de dançar?’”. 

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Se, ainda assim, seu filho não conseguir se apresentar (seja porque não subiu no palco ou porque tentou subir, mas não dançou), a psicopedagoga lembra da importância de que a família lide com a própria frustração sem passá-la para a criança. “É recomendado que a elogiem por ter se esforçado e se preparado, passando uma mensagem segura de que ela poderá tentar novamente no próximo evento”, finaliza.

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