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Isolamento social pode desencadear depressão em crianças, diz estudo

Os pesquisadores britânicos investigaram as consequências de períodos de solidão na saúde mental das crianças.

Por Flávia Antunes
10 jun 2020, 15h46

Os impactos da pandemia do coronavírus na saúde mental das crianças já está sendo sentido pelas famílias. Mais birra, xixi na cama e outros comportamentos de fases anteriores do desenvolvimento, se tornaram queixas bastante comuns entre os pais e mostram como os pequenos estão reagindo diante deste cenário de insegurança e instabilidade.

Enquanto percebemos as consequências mais imediatas, estudos tentam analisar que efeitos podemos esperar para o futuro dos nossos filhos. Em outras palavras: como o isolamento social pode impactar no aspecto emocional dos mais jovens daqui para frente.

Uma pesquisa, conduzida pela Universidade de Bath, no Reino Unido, e publicada na primeira semana de junho, fez uma primeira tentativa de responder a esta pergunta, investigando publicações anteriores sobre solidão e sua relação com a saúde mental dos jovens.

O artigo sugeriu que crianças e adolescentes tendem a vivenciar altos níveis de depressão e ansiedade depois de períodos de isolamento social e “lockdown”. Os achados também levaram os autores a crer que os jovens que passam por períodos de solidão podem ter três vezes mais chance de desenvolver depressão no futuro.

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“A partir da nossa análise, percebemos que existe uma forte associação entre solidão e depressão em jovens, tanto a curto quanto a longo prazo. Nós sabemos que esse efeito pode às vezes ser prolongado, o que significa que podemos demorar até dez anos para entender realmente a escala do impacto da crise da Covid-19 para a saúde mental”, afirmou a Dra. Maria Loades, psicóloga do Departamento de Psicologia da Universidade de Bath e responsável pelo trabalho.

Com a gradual retomada das aulas no país – a reabertura das escolas estava prevista para primeiro de junho no Reino Unido – a doutora acredita que o estudo possa ter importantes implicações em como o processo educacional será conduzido daqui para frente. Isso significa trazer para a sala de aula conversas sobre as emoções dos pequenos e sobre como foi o isolamento social para cada um deles.

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“Existem evidências de que a duração do período de solidão tem mais impacto nas taxas de depressão em jovens do que sua intensidade. Isso significa que retornar a algum nível de normalidade o quanto antes é importante. No entanto, precisamos pensar em como este processo será conduzido, principalmente quando se trata de lidar com os sentimentos e experiências dos jovens”, afirma a psicóloga.

“Para o retorno das crianças à escola, nós precisamos priorizar a importância do brincar para ajudá-las a se reconectarem com os amigos e a se ajustarem depois deste intenso período de isolamento”, acrescenta ela.

Depois de divulgado o estudo – e para que ele pudesse de fato contribuir para a comunidade local -, os participantes decidiram elaborar uma carta aberta ao Secretário de Educação britânico Gavin Williamson, sugerindo alternativas para ajudar no bem-estar social e emocional das crianças depois do isolamento social.

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Algumas das sugestões apontadas foram que as escolas priorizassem, durante este período de reabertura, as brincadeiras mais do que o progresso acadêmico dos alunos, e que tivessem claro o benefício da interação entre os colegas – sempre orientando também os riscos do contágio para as crianças.

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