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Como lidar com a timidez do seu filho

É normal ele ficar inseguro e com vergonha em situações novas. Mas, quando o receio demora a passar, a criança pode precisar de um pouco mais de atenção.

Por Thiago Perin (colaborador)
Atualizado em 3 mar 2017, 17h22 - Publicado em 9 jun 2015, 10h29

Seu filho tem todo o direito de ser mais quietinho – e isso não é, necessariamente, motivo de preocupação. Cada criança tem um tipo de temperamento, e é preciso respeitar a personalidade do pequeno, sem exigir que ele aja da forma que você espera. “Há crianças introvertidas e crianças extrovertidas. São características psicológicas de cada um, e é um erro considerar que um padrão de comportamento é melhor do que o outro”, diz a psicóloga clínica Marina Costa, de São Paulo.

Mas quando a criança é excessivamente retraída e começa a demonstrar dificuldades para se relacionar, vale observá-la com mais cautela – e tomar medidas para ajudá-la a ficar mais à vontade. “É preciso, antes de qualquer coisa, detectar as ocasiões em que a criança demonstra timidez”, ensina a psicóloga Leila Salomão, da Universidade de São Paulo.

No início do ano letivo, por exemplo, é comum que os pequenos fiquem apreensivos e demorem um pouco até se acostumarem à nova rotina, aos professores e aos coleguinhas. O simples fato de ser deixada pela mãe na escola promove angústia na criança, especialmente na fase dos 3 aos 4 anos, em que está mais atenta ao que acontece ao redor. “Ela precisa de algum tempo para se sentir segura”, explica Leila.

E se o tempo passar e a timidez persistir? “Se a criança, que já estava se adaptando, se isola ou muda de comportamento repentinamente, é possível que haja algum gatilho pontual. Uma dificuldade de relacionamento com algum coleguinha, por exemplo”, afirma Leila Salomão. Se a inibição for grande, acabará prejudicando o desempenho escolar. A criança pode começar a evitar falar em voz alta na sala de aula, fugir de trabalhos em grupo e até sofrer nas aulas de educação física.

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Comunicação com a escola
Nesse cenário, a escola tem um papel fundamental. Cabe ao professor observar a reação dos pequenos às várias situações do dia a dia e verificar em quais momentos eles se sentem mais ou menos à vontade – e, aos pais, acompanhar isso de perto. “É imprescindível que participem, ativamente, da vida escolar do filho”, diz Marina Costa. A timidez está associada à insegurança e uma criança insegura precisa sentir que seus professores e, especialmente, seus pais confiam nela e valorizam seu potencial.

E, além de um ambiente que favoreça a autoestima, os pequenos se beneficiam de bons exemplos. Não dá para cobrar desenvoltura do filho se os próprios pais se acanham ou fogem de situações sociais. “Uma criança tímida, criada em uma família com pais extrovertidos, tende a perder o medo de se relacionar com mais rapidez. Quando o contexto é o contrário, ela pode ficar ainda mais tímida”, avisa Marina Costa.

O que mais você pode fazer
Em um estudo da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, pesquisadores constataram que os filhos de mães estressadas e solitárias apresentavam maiores dificuldades de socialização. Ou seja, é essencial pensar em como você está se comportando e em como suas ações refletem em seu filho. A superproteção também pode ser um perigo. Se você é do tipo que escolhe a roupa da criança e demonstra preocupação excessiva, está estimulando a dependência e a insegurança.

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Dar oportunidades para a criança tímida descobrir e escolher o que gosta é uma das boas maneiras de estimular seu convívio social. “Respeite as opções so seu filho e evite fazer críticas ao seu comportamento. Compará-lo com outras crianças só faz com que ele se torne ainda mais tímido e inseguro, prejudicando sua autoestima”, alerta Leila.

Da mesma forma, evite forçar o pequeno a qualquer atividade e procure não colocá-lo em situações constrangedoras, imaginando que o choque o levará a vencer seus receios, de uma vez por todas. “A melhor receita para ajudar uma criança a vencer a timidez é ir devagar, respeitando seus limites”, opina Leila. “Converse bastante, dê apoio, mostre o que ela tem a ganhar sendo menos acanhada”, ensina. Outra dica é prepará-la para as situações potencialmente assustadoras, explicando, ponto a ponto, o que está para acontecer, evitando surpresas. Assim, aos poucos, o medo excessivo deve ir se dissipar.

Apoio psicológico
Mas… E se não passar? E como saber se a situação é séria o bastante para buscar aconselhamento profissional? “A medida é o sofrimento. Há casos em que a criança tem dor de barriga, passa mal, tem crises de choro”, explica Leila Salomão. O natural é a criança querer estar na companhia de amigos. Se ela não consegue, com certeza sofre com isso e precisa de apoio para vencer seus problemas. Então, vale procurar ajuda.

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“Algumas crianças chegam a apresentar sintomas de pânico, fobia social ou outras patologias, após vivenciarem situações adversas”, diz Marina Costa. “Mas, os pais devem olhar para os filhos de perto, antes de se renderem a diagnósticos que, talvez, não procedam. As diferenças são o que tornam cada indivíduo único e as tentativas indevidas de correção podem trazer consequências negativas no futuro”, conclui.

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