Longe das escolas desde março, quando se deu o início da pandemia de Covid-19 no Brasil, 13,3 milhões de alunos passaram a ter aulas, cada um a sua maneira, à distância.
Na tarde da quarta-feira (24), no entanto, o governo do estado de São Paulo anunciou em coletiva de imprensa uma data base para a volta das aulas presenciais. O retorno acontecerá no dia 8 de setembro, de forma gradual, e começará com 35% dos alunos de volta às escolas. Todas as medidas anunciadas por Rossieli Soares, secretário estadual de Educação do Estado de São Paulo valem – das creches ao ensino superior – para as redes estaduais, municipais e particulares.
A ideia ao anunciar uma data, segundo o governador João Dória, é que haja um planejamento prévio deste retorno visando a preparação das escolas para receber as crianças e também um tempo para que os pais acostumem os filhos à ideia da volta. “As escolas estão funcionando remotamente, ainda que tenham problemas de acesso à internet e outras questões. O retorno presencial é também para retomar as relações pessoais que existem nas aulas e que são fundamentais no aprendizado”, definiu Haroldo Rocha, secretário executivo da Educação.
O anúncio do governo dividiu opiniões. Enquanto alguns anseiam pela volta à rotina e se preocupam com os filhos em casa com pais retornando aos postos de trabalho, outros criticam a abertura das escolas com os números de infectados ainda crescente. Durante a coletiva, diversos comentários revoltados surgiram na transmissão como “Sem vacina, sem retorno” e “Cancelem o ano letivo”.
“Nós não vamos retornar se todos os protocolos não estiverem sendo cumpridos e sem que a epidemia esteja numa situação controlada e decrescente. Tudo será feito com segurança”, comentou o secretário executivo, afirmando também, que esta é uma data base que pode ser alterada – e cancelada- de acordo com os indicadores de saúde do estado.
No dia 2 de julho, um decreto será divulgado com todos os normativos para que as escolas consigam organizar o retorno dos alunos às dependências.
Separamos tudo que você precisa saber:
Quem volta para a escola?
De acordo com a secretaria, retornam em esquema de rodízio, 35% dos alunos (da capacidade de cada estabelecimento). Nas particulares, cada uma definirá o critério de que turma e quais alunos voltam nesta primeira data de abertura. Estipula-se que até julho, as escolas da rede estadual também informarão quem estará neste retorno presencial e terão um protocolo mais definido que será publicado para servir de modelo para as instituições de ensino privado.
Com muitas mães voltando a trabalhar, a pergunta que martela é: e as crianças pequenas? De acordo com os porta-vozes do governo, seja na rede pública quanto na privada, os dirigentes terão que pensar caso a caso sobre seus alunos e seus métodos organizacionais em sala de aula. Afinal, como não deixar uma criança pequena do maternal abraçar o coleguinha em sala? Difícil! Segundo o secretário executivo da educação, as escolas terão estes dois meses até a reabertura para pensarem sobre as melhores formas de evitar o contágio entre os pequenos.
Vale sempre lembrar que, apesar das crianças terem, na maioria dos casos, versões leves ou mesmo não apresentarem sintomas, elas podem ser transmissoras do novo coronavírus (Sars-Cov-2). E no ambiente escolar, fica muito difícil controlar a disseminação, uma vez que os pequenos compartilham brinquedos, levam objetos à boca e ainda não têm controle total de medidas preventivas ao tossir, espirrar e evitar contágio por saliva.
Vale em que cidades?
Só valerão para as regiões que estiverem há 28 dias (2 ciclos) na fase amarela do plano de flexibilização da economia. Lembrando que as fases correspondem ao Plano São Paulo, criado pelo governo estadual, em que as localidades são analisadas a partir dos números de casos do novo coronavírus, mortes, taxas de internações, ocupação de UTI e quantidade de leitos disponíveis para cada 100 mil habitantes.
Como bem ressaltou a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), em documento divulgado em maio, a volta às aulas deve ser gradual, cautelosa e baseada em uma avaliação dos dados epidemiológicos de cada região, considerando possíveis novas ondas da pandemia.
Quais as etapas?
Para dar tempo das escolas se reorganizarem por conta dos novos protocolos de distanciamento, a secretaria acredita que esta porcentagem que retorna é o bastante para este primeiro momento.
Etapa 1: começa no dia 8 de setembro com 35% dos alunos de forma presencial e o restante acompanhando o conteúdo nas plataformas digitais. O professor poderá compartilhar a mesma aula presencialmente e virtualmente.
Etapa 2: Ainda sem data definida, voltam até 70% dos alunos;
Etapa 3: Ainda sem data definida, mas com retorno total dos alunos.
Como será?
- Rodízio de alunos nas escola, sendo que uma leva pode ter aulas na segunda, quarta e sexta, por exemplo, enquanto outra leva teria nos demais dias;
- Todos devem manter uma distância de 1,5 metro, exceto na educação infantil, onde o contato com a criança é fundamental;
- Combinação de aulas presenciais e ensino à distância;
- Organização de horários de entrada e saída para evitar aglomerações;
- Intervalos e recreios feitos em horários alternados;
- Adeus, bebedouros: a água potável será disponibilizada em garrafinhas ou copos individuais;
- Atividades de educação física e artes serão feitas preferencialmente ao ar livre e sempre mantendo a distância de 1,5m;
- Reforço das medidas de higiene com limpeza a cada 3 horas;
- Maior ventilação das salas de aula;
- Feiras, palestras, seminários e campeonatos esportivos ficam proibidos;
- Pais precisarão medir a temperatura dos filhos antes de mandá-los pra escola. Caso esteja acima de 37,8° C, a indicação é ficar em casa;
- É recomendável que a escola também monitore a temperatura na entrada;
- A escola terá salas específicas para isolar quem estiver com suspeita da doença;
- Uso obrigatório de máscara nas dependências e transportes escolares, seguindo as indicações de troca, higienização e manuseio. Alguns funcionários poderão usar “face shield”;
- Alunos e professores que se enquadrem no grupo de risco devem continuar com o ensino à distância;
- O governo estuda um procedimento de testagens mais amplo em professores sintomáticos.
Dados do Plano de Retorno da Educação do Estado de S.Paulo