Mãe descobre diagnóstico inesperado para o atraso de fala do filho
Você conhece o Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem? A condição é caracterizada por dificuldade para aprender palavras, ler, escrever e mais
Você já teve a sensação de que algo não estava tão bem com seu filho e seguiu sua intuição? Foi o que aconteceu com a australiana Katrina, que estranhou o lento desenvolvimento da linguagem do pequeno Jeff e resolveu procurar um especialista para avaliar a questão.
“Eu não esperava que ele fosse tão avançado quanto Indie [a irmã mais velha], mas, por volta dos três anos de idade, percebi que ele ainda não formava frases, não pronunciava bem as palavras e não tinha as mesmas habilidades linguísticas de seus colegas”, relatou ao Kidspot.
Desconfiando de que poderia haver algum atraso no aprendizado do garoto, Katrina consultou um patologista da fala, que precisou apenas de duas sessões para chegar a um diagnóstico inesperado: com, então, quatro anos, Jeff apresentava o Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem (TDL).
Sabendo disso, Katrina e Andrew, seu marido, recorreram a uma terapia da fala uma vez por semana, que durou por volta de três anos e meio, e fez toda a diferença. “Aos trancos e barrancos, ele evoluiu e, hoje, está na faixa mais branda do TDL. Deu muito trabalho e continuará dando, mas ele está muito bem. Se não tivesse tido a oportunidade de fazer terapia e de frequentar uma escola que atendia às suas necessidades, não sei como estaríamos em relação à sua educação”, comentou a mãe.
Agora, Jeff tem 11 anos e frequenta a mesma escola que a irmã. “Ele me surpreendeu muito e estou tão orgulhosa”, comemorou Katrina, que celebra cada avanço de linguagem do filho.
O que é o Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem
Carla Faedda, fonoaudióloga e professora do curso de Fonoaudiologia do Centro Universitário do Distrito Federal (UDF), explica que esse transtorno tem um quadro bem heterogêneo, já que suas alterações atingem tanto a própria expressão verbal da criança quanto a compreensão da fala do outro. Ela aponta algumas características básicas para o diagnóstico do TDL, como:
- alterações fonológicas (no som das palavras)
- de cunho semântico (em relação ao vocabulário, fazendo confusão com os significados)
- de cunho sintático (errando a ordem gramatical das frases, trocando ou omitindo constituintes das orações)
- pragmática (uso social da linguagem, afetando a comunicação)
Um ponto importante, ressalta a professora, é que esse transtorno não fica restrito às questões de linguagem. “Algumas crianças com TDL têm dificuldades de atenção, por exemplo”, cita. Problemas relacionados à coordenação motora, a certas brincadeiras em que é preciso simbolizar algo e à percepção auditiva são outras manifestações que costumam ser observadas na anamnese, pontua Carla.
A profissional alerta ainda que o TDL é muito confundido com o Transtorno do Espectro Autista e, por isso, é essencial buscar um diagnóstico correto. “Recomendados que, quando houver qualquer suspeita de que os marcos de desenvolvimento da linguagem não estejam sendo cumpridos, é preciso procurar uma avaliação fonoaudiológica ou mesmo médica, por um foniatra, que é o especialista na área”, orienta.
Carla explica que, embora seja menos falado, o TDL é mais comum que o TEA. Além disso, os dois transtornos não podem coexistir na mesma criança – daí a importância do diagnóstico diferencial. “As alterações de linguagem em uma criança autista se justificam pelo autismo em si”, explica.
Em relação ao tratamento, a professora afirma que ele deve acontecer com um fonoaudiólogo, e que a sua duração não tem como ser prevista. Vai depender de outras possíveis alterações, do comprometimento com o tratamento, do ambiente em que cada criança está inserida, entre outros fatores.