A edição de fevereiro da Pediatrics, publicação da Associação Americana de Pediatria (AAP), traz uma recomendação sobre a alimentação da criança, especialmente nos primeiros mil dias de vida. Esse período, que vai da gestação aos 2 anos de idade dos pequenos, é considerado crucial para o desenvolvimento do cérebro e a falta de alguns nutrientes atrapalha esse processo.
A ideia da entidade é garantir que os médicos deixem de apenas indicar uma “boa dieta” e passem a checar se gestantes e bebês estão recebendo substâncias específicas. Ou seja, não basta estar alimentado, mas também ter um cardápio que inclua os chamados micronutrientes, como vitaminas e minerais.
Os estudos citados na publicação mostram que crianças que recebem a quantidade adequada dessas moléculas no início da vida se saem melhor nos testes de raciocínio, conhecimento, leitura e vocabulário, além de demonstrar maior velocidade em processar informações.
Por outro lado, a falta deles, também chamada de fome oculta, está associada a um pior desempenho escolar, baixos resultados em testes de Q.I. e mais problemas de comportamento.
“A fundação da estrutura do cérebro e da conexão entre seus bilhões de células é construída nesse período”, declarou Sarah Jane Schwarzenberg, pediatra e autora principal do trabalho. “Esses nutrientes-chave são os tijolos que possibilitam esse crescimento”, completou a médica.
Além de proteínas, vitaminas do complexo B, C, D e ferro, alguns compostos não podem faltar no cardápio dos filhos. Veja a seguir quais são eles e onde encontrá-los:
- Zinco: leite materno, carnes, ovos e oleaginosas como as amêndoas.
- Ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa: os famosos ômegas 3 e 6, EPA e DHA. São as “gorduras do bem”, presentes nos peixes, azeite, leite materno e alguns óleos vegetais.
- Selênio: especialmente na castanha do pará, mas também na farinha de trigo, frango e ovo.
- Colina: ovo, leite e derivados, soja e derivados do trigo.
No documento, a AAP dá ainda orientações sobre como assegurar essa oferta. A primeira é encorajar e apoiar a amamentação, que já fornece boa parte destes nutrientes necessários para o cérebro. Além do período mínimo de seis meses exclusivos no peito, a entidade sugere que o aleitamento continue pelo menos durante o primeiro ano, junto com os alimentos sólidos.
Além disso, a publicação pede que os médicos também divulguem a importância do cuidado com a dieta nesta fase e que os profissionais de saúde orientem as famílias sobre como obter alimentos de qualidade. Conscientizar a população sobre a importância do prato saudável deve estar no centro das políticas públicas. E quanto mais colorido ele for, melhor!