6 mitos e verdades sobre o desenvolvimento infantil

Tecnologia na infância é sempre nociva? Devo comparar meu filho aos amiguinhos? Veja as respostas para essas e outras perguntas!

Por Carla Leonardi
14 ago 2022, 14h00
Bebê no berçário pela primeira vez - adaptação escolar
 (targovcom/Thinkstock/Getty Images)
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Todo mundo sabe que cada criança tem seu ritmo para aprender a falar, a andar, para sair da fralda… É natural, porém, os pais se preocuparem se o pequeno está atingindo os marcos do desenvolvimento e procurarem meios de estimular suas habilidades. Mas é bom lembrar que nem tudo que se fala sobre o aprendizado nos primeiros anos de vida é real. Confira, a seguir, os principais mitos e verdades a respeito do assunto e veja algumas dicas para usar com seu filho.

1. Os estímulos devem começar na gestação

VERDADE. Ainda dentro do útero, o bebê já consegue ouvir – mesmo que de maneira abafada – alguns sons daqui de fora. O aparelho auditivo dele começa a se formar a partir da 18ª semana, mas é por volta da 24ª que os sons ficam mais nítidos.

Desde os 6 meses de gestação, interagir por meio de uma conversa ou de uma leitura em voz alta ajuda. O bebê já nasce com uma curiosidade e uma aptidão natural para aprender e experimentar o mundo”, explica a especialista em Neurociência e Desenvolvimento Infantil Ane Macedo, do Projeto Pigmeu. “Quanto mais refinada for essa percepção da criança, melhor ela irá performar nas mais diversas áreas da vida”, acrescenta. Portanto, esse é um processo que começa na gravidez e segue pelos anos seguintes da formação.

2. Existe uma “hora certa” e exata para cada habilidade

MITO. “Cada criança tem seu tempo e é importante respeitá-lo”, alerta a especialista. Além disso, cada uma pode desenvolver habilidades diferentes em ritmos e momentos distintos. Comparar a amiguinhos ou a parentes de idade próxima não é saudável, já que pode trazer a sensação de que seu filho está “ficando para trás”, gerando ansiedade nos pais e até no filho, que pode sentir essa pressão.

Atrasos de desenvolvimento de fato existem, mas, caso haja alguma desconfiança, o correto é conversar com o pediatra para que ele avalie e dê as orientações necessárias.

3. Consigo estimular meu filho a começar a falar

VERDADE. Ane Macedo afirma que conversar com os pequenos certamente contribui para o aprendizado da fala. Você pode contar uma historinha, comentar algo sobre o seu dia ou até apontar objetos e dizer o nome deles. Quando a criança começar a falar, lembre-se de estimular em vez de corrigir.

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Segundo a especialista em neurociência, fazer comentários negativos, por exemplo, afirmando que não dá para entender nada do que a criança diz, pode ser muito desestimulante. O interessante, nessa fase, é justamente o contrário: incentivá-la a falar cada vez mais sem interromper para apontar erros.

Brincadeiras e atividades Montessori 6 meses circuito
(Halfpoint/Thinkstock/Getty Images)

4. O uso da tecnologia é sempre negativo

MITO. No mundo ideal, a Associação Brasileira de Pediatria não recomenda o uso de tela até os dois anos e, dos dois aos cinco, apenas uma hora por dia. Mas sabemos que, no mundo real, os recursos tecnológicos acabam sendo grandes aliados das famílias no dia a dia. Tendo isso em conta, ainda mais depois de tanto tempo de pandemia, o ideal é que seja um uso consciente. “O que pode tornar a interação entre tecnologia e ser humano nociva é a dosagem”, ressalta Ane Macedo.

A dica, aqui, é não permitir o uso indiscriminado da TV ou do tablet, por exemplo, mas estabelecer um tempo de tela que faça sentido para a idade da criança. Além disso, há programas e aplicativos com fins didáticos e que até estimulam algumas habilidades.  

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“Use as telas, mas use com sabedoria. Uma estratégia é optar por vídeos ou jogos de linguagem junto com a criança, mostrando como você articula as palavras, ou escolher um joguinho ou vídeo de dança para ela se movimentar com você, incentivando o desenvolvimento motor e a desinibição social”, acrescenta.

5. Estímulos devem ter um limite para não serem excessivos

VERDADE. Segundo Ane, esse excesso pode gerar uma sobrecarga mental. “Criança precisa de lazer e diversão, além do ócio criativo, que é importante para o processamento da memória semântica e da reorganização mental”, explica.

Ou seja, não se preocupe em ocupar toda a agenda do seu filho com atividades extracurriculares pensando no desenvolvimento dele, afinal, o tempo para “fazer nada” também importa – e muito! – nesse processo. Como sempre, equilíbrio é tudo.

6. Não posso estimular meu filho sem muitos recursos e brinquedos

MITO. Para ajudar os pequenos, não é necessário ter muitos recursos, basta que eles sejam os certos. Isso não implica, necessariamente, coisas materiais. Você não precisa comprar o brinquedo montessoriano mais caro da loja para ajudar seu bebê a treinar a coordenação motora, nem adquirir o cachorrinho de pelúcia que fala em dois idiomas, canta e até faz conta.

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Atitudes aparentemente simples, como conversar com a criança, estimular a curiosidade dela com os objetos da própria casa, dançar e deixá-la explorar as coisas e os ambientes (claro, desde que seja seguro), já fazem toda a diferença. Vale ressaltar ainda que há uma série de atividades que você pode criar usando materiais que tem por aí.

Lembre-se de que, nos primeiros anos de vida, toda situação é uma nova possibilidade de descoberta e aprendizado para aquele serzinho que está começando a se ver no mundo.

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