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Fertilidade em alta

Por Coluna
Dr. Maurício Chehin é doutor, médico colaborador do setor integrado de reprodução humana da Unifesp-EPM e especialista do Grupo Huntington, de São Paulo
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Outubro Rosa: é possível ter filhos após o tratamento oncológico?

Especialista esclarece a quais alternativas as mulheres que enfrentam um câncer de mama podem recorrer para realizar o sonho da maternidade.

Por Da Redação
9 out 2017, 15h46

Descobrir um câncer é um momento muito sensível na vida de qualquer pessoa: planos e certezas de repente são substituídos por dúvidas e decisões a serem tomadas. Com relação ao câncer de mama, esse cenário pode se repetir por volta de 50 mil vezes por ano – número relativo aos novos casos da doença descobertos anualmente no Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC).

Enquanto isso, atualmente, os diagnósticos têm sido feitos de maneira precoce e os tratamentos são cada vez mais eficazes. Assim, de 85 a 90% das pacientes jovens com essa patologia sobrevivem e, muitas delas, têm o sonho de ser mães. O que muitas não sabem é que os tratamentos oncológicos, como radio e quimioterapia, podem comprometer a qualidade dos óvulos ou até provocar uma menopausa precoce.

Felizmente, avanços na medicina nos permitem preservar a oportunidade de maternidade nessas mulheres em idade reprodutiva. O congelamento de óvulos é a técnica mais utilizada e o procedimento leva em torno de 10 a 15 dias para ser completado, pois a ovulação da mulher é induzida por meio de medicamentos e os óvulos precisam de alguns dias para amadurecer antes do congelamento. Caso a paciente já esteja em um relacionamento estável, ela pode fertilizar os óvulos logo que forem extraídos dos ovários e, assim, congelar os embriões formados.

Em uma situação em que a mulher precisa começar o tratamento com urgência, recomenda-se a criopreservação de tecido ovariano. O método também pode preservar a fertilidade de meninas que ainda não passaram pela puberdade e não podem ser estimuladas com hormônios.

Trata-se de um procedimento cirúrgico para a retirada de parte ou de um dos ovários, que leva até dois dias e possibilita um início mais rápido do tratamento oncológico. Os fragmentos do ovário são congelados por tempo indeterminado e, posteriormente, reimplantados no ovário remanescente da paciente quando for liberada pelo oncologista para tentar a gravidez. O tecido pode levar de três a quatro meses para recuperar suas funções hormonais e, depois, é possível ovular e tentar a concepção.

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Além disso, as pacientes que porventura não conseguiram preservar a fertilidade antes dos tratamentos e ficaram inférteis também têm a possibilidade de conceber. É possível engravidar com óvulos doados, procedimento com 60% de chance de eficácia, uma vez que é realizado com células reprodutivas de uma mulher de até 35 anos de idade, segundo as regras do Conselho Federal de Medicina. Quanto mais jovem o óvulo, maior a probabilidade de se ter um filho.

Opções de tratamento não faltam, então o risco de infertilidade deve ser apresentado pelos médicos antes do início do tratamento. Mesmo em um momento delicado, as pacientes podem conquistar a possibilidade de escolher seu futuro reprodutivo, de ter ou não filhos.

Dr. Maurício Chehin

É doutor, médico colaborador do setor integrado de reprodução humana da Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina (Unifesp-EPM) e coordenador do projeto de Oncofertilidade da Huntington Medicina Reprodutiva, de São Paulo

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