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Congelamento de tecido ovariano pode ajudar mulheres com câncer a se tornarem mães

O médico Mauricio Chehin, do Grupo Huntington Medicina Reprodutiva, esclarece questões cruciais para auxiliá-la a realizar o sonho da maternidade.

Por Dr. Maurício Chehin
Atualizado em 28 nov 2016, 19h34 - Publicado em 26 abr 2016, 16h15

Com grande capacidade de se espalhar para outros órgãos, o câncer ginecológico é um dos mais perigosos e pode soar como um pesadelo na vida das mulheres que ainda desejam ter filhos. Afinal, é possível engravidar depois da doença? Muita gente ainda desconhece o fato de que um tratamento oncológico pode comprometer drasticamente a fertilidade. As pacientes se empenham na cura do câncer – o que é extremamente importante e compreensível -, mas pouco sabem das consequências.

A ida regular ao ginecologista pode colaborar para que a enfermidade seja descoberta em estágio inicial e, assim, garantir que expectativas – como a da maternidade – sejam concretizadas após o tratamento, que é complexo e invasivo. Em casos mais graves, quando o diagnóstico é realizado tardiamente, a retirada de parte ou de toda a estrutura reprodutiva pode ser necessária para preservar a saúde da paciente.

No entanto, assim como a oncologia, a medicina reprodutiva também tem evoluído rapidamente e já oferece algumas alternativas confiáveis para mulheres que sonham em aumentar a família após a cura da doença. Entre as opções para conservar a fertilidade antes de um tratamento contra o câncer está o congelamento de óvulos, que já está estabelecido, ou de tecido dos ovários, uma técnica atual e promissora.

A criopreservação do tecido ovariano é indicada para meninas antes da puberdade, para pacientes que não podem ser estimuladas com hormônios ou para aquelas que precisam começar o tratamento quimioterápico com urgência, não tendo tempo para aguardar a indução da ovulação (que demora de 12 a 14 dias) e só então fazer o congelamento de óvulos. O período de internação para a realização deste procedimento cirúrgico – que consiste na retirada de parte ou de todo o ovário por meio de videolaparoscopia – é curto, entre um ou dois dias, o que possibilita um início mais rápido do tratamento oncológico.

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Os fragmentos do ovário são congelados por tempo indeterminado e, posteriormente, reimplantados no organismo da paciente, após ela ser liberada para tentar uma gravidez. Quando isso acontece, o tecido pode demorar cerca de quatro meses para voltar a funcionar, recuperando suas funções hormonais. A partir daí, é possível que aconteça a ovulação e a tão esperada fecundação. Se a paciente tiver trompas normais, ela pode engravidar naturalmente. Se a mulher tiver dificuldades, pode ser realizada uma fertilização in vitro (FIV).

Já foram registrados mais de 60 nascimentos no mundo por esta técnica – nenhum ainda no Brasil, porque o reimplante do tecido ovariano ainda não foi feito por aqui. De qualquer forma, estima-se que a chance de uma gestação seja por volta de 35 a 40% – o que é mais uma esperança para mulheres que encaram um câncer em idade reprodutiva.

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