Continua após publicidade

Os tabus e dificuldades da ovodoação

O médico Mauricio Chehin, do Grupo Huntington Medicina Reprodutiva, esclarece questões cruciais para auxiliá-la a realizar o sonho da maternidade.

Por Dr. Maurício Chehin
Atualizado em 28 nov 2016, 18h07 - Publicado em 19 fev 2015, 15h12

Não é mais novidade que muitas mulheres elegem, por motivos profissionais ou pessoais, a idade madura para ter filhos. Isso pode trazer sustos às menos precavidas com a própria fertilidade e a pouca quantidade ou a má qualidade dos óvulos pode exigir a ovodoação como única saída para a realização da maternidade.

Obter óvulos de uma terceira pessoa para conseguir ter filhos é uma realidade para boa parte das mulheres acima dos 40 anos, que postergaram a vinda dos bebês. Provavelmente você não conheça nenhuma delas, ou conheça poucas, porque a situação envolve diversos tabus. Parece que ainda não estamos preparados para lidar claramente com esse novo aspecto da vida moderna. Mas ela está em andamento e tem trazido felicidade a muitas mulheres.

Aquelas que se deparam com a necessidade de receber uma célula doada podem recorrer ao compartilhamento de óvulos – processo no qual uma mulher que está em tratamento de fertilização in vitro e apresenta grande quantidade de óvulos doa parte destes para aquela  que precisa ou, ainda, quando existe disponibilidade dessas células por alguma paciente solidária que não utilizará mais os óvulos armazenados e congelados e resolve doá-los.

Ainda assim, o número de óvulos no Brasil para doação não consegue atender a demanda – o número de mulheres candidatas a receber óvulos é maior que o número de mulheres candidatas a doar. Além dessa defasagem, a receptora brasileira esbarra em outro desafio: encontrar uma doadora com um biótipo parecido. Mulheres com perfil oriental e brancas de olhos e cabelos claros podem demorar mais para achar óvulos de mulheres com características físicas semelhantes às suas.

Continua após a publicidade

Em países como os EUA e a Espanha – os mais avançados em relação a isso -, a quantidade de óvulos que existe é mais abundante. Por lá, a legislação permite que exista uma comercialização. Aqui, porém, esse assunto esbarra em discussões éticas muito acirradas. A ovodoação é mais uma possibilidade para mulheres com menopausa precoce, com fertilidade comprometida por conta de tratamentos oncológicos ou por quem simplesmente deixou o tempo passar sem ter a real noção de como ele afetaria sensivelmente as funções reprodutivas do corpo feminino.

Além disso, muitas vezes conseguir óvulos doados pode ser um recurso burocrático. É por isso que é importante que se dê bastante atenção ao andar da própria fertilidade. A mulher precisa se planejar em relação ao desejo de ter filhos e de construir uma família. Se forem traçados planos para a maternidade em idade tardia, se existe histórico de menopausa precoce na família ou se passará por um tratamento contra o câncer e ainda quer ser mãe, é importante ter uma projeção do potencial fértil para que a melhor opção seja tomada, como o congelamento de óvulos, embriões e tecido ovariano.

Publicidade