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“Como foi descobrir o câncer de mama enquanto amamentava”

Conheça a história de uma mãe que foi diagnosticada com um tumor no seio quando seu caçula estava com apenas 1 ano e 4 meses.

Por Carla Leonardi (colaboradora)
Atualizado em 26 out 2016, 18h39 - Publicado em 17 out 2016, 10h55

Josiane Campos tem 37 anos e é mãe de Maycon, de 18, e do pequeno Gabriel, de 2. Enquanto ainda amamentava o caçula, descobriu um câncer de mama e conta, aqui, como está sendo passar por essa experiência.

“O Gabriel foi uma bênção de Deus, porque eu já tomava remédio para não engravidar há 16 anos. A gestação dele foi muito melhor do que eu esperava, engordei só 9 quilos, não tive nenhum problema de saúde, nem mesmo enjoos – só aquele cansaço que surge no final. Trabalhei até os 8 meses de gestação e, como tinha férias para tirar, aproveitei. O parto também foi tranquilo, optei pela cesariana porque já queria fazer uma laqueadura e o Gabriel nasceu perfeito. A amamentação também correu normalmente, tudo como deveria ser.

A descoberta do câncer veio quando o pequeno já estava com 1 ano e 4 meses, mas o carocinho quem descobriu foi meu marido, antes mesmo da gravidez. Na época, fui a uma ginecologista e ela falou que não era nada demais, que era só para acompanhar. Mas aí nesse meio-tempo eu engravidei e as preocupações mudaram, eu acabei esquecendo. Foi durante a amamentação que o meu peito ficou cheio de leite e o caroço aumentou, começando a doer. Eu nem conseguia deitar de bruços. Então meu marido disse para, em vez de voltar à ginecologista, ir a um mastologista. Fiz isso e ele me pediu um ultrassom e uma mamografia, o que eu nunca tinha feito antes. Para tirar a dúvida, ele pediu ainda uma biópsia, pois o caroço poderia ser só uma glândula mamária inflamada. Isso foi em outubro do ano passado. Peguei os resultados e fui superconfiante levar para o médico. Quando você está com um bebê, nunca imagina que isso vai acontecer.

Quando entreguei os exames, ele olhou e disse: ‘tem um câncerzinho aqui’. Foi horrível, meu primeiro pensamento foi me matar. Mas eu chegava em casa, olhava para o Gabriel e só chorava. Eu precisava lutar por ele. O mais velho tem 18 anos, já está criado, tem sua própria vida… Mas o menor não, ele depende de mim. Eu ficava imaginando o que seria dele. Com certeza foi o Gabriel que me deu forças para lutar. Logo no início, para fazer a biópsia era preciso ficar dois dias sem amamentar e, nesse meio-tempo, ele acabou largando o peito. Mas, também, quando comecei a quimioterapia já não poderia mais de qualquer forma.

Depois do diagnóstico, aquele primeiro mastologista disse logo que eu teria que tirar minha mama inteira e aí veio mais uma preocupação. Procurei um oncologista e ele disse a mesma coisa, que eu teria que fazer uma mastectomia total. Em dezembro eu consegui uma consulta no INCA (Instituto Nacional de Câncer) e já cheguei lá chorando, achando que a retirada da mama era definitiva, mas eles me explicaram que o procedimento seria diferente, que eu começaria primeiro a quimioterapia para ver se o tumor diminuiria.

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Em janeiro comecei a químio e, 15 dias depois, meu cabelo caiu todo. Em julho eu terminei todas as sessões e meu tumor foi de 5 cm para 8 mm! No dia 27 de setembro, eu fui operada e não só não tiraram minha mama inteira, como conseguiram preservar até o mamilo. Eu estou muuuito feliz! Agora vou fazer o acompanhamento, acredito que eu tenha que tomar remédio por anos ainda, mas, imagina, receber aquele diagnóstico, esperar fazer uma mastectomia total e conseguir esse resultado é muito gratificante!

Nesse processo, eu sempre tive todo o apoio da família e dos amigos. Meu marido tem tanta força, ele tem muito cuidado comigo e com o Gabriel. Minha mãe tirou um mês de férias para ficar comigo depois da operação e minhas amigas sempre se preocupam, se oferecem até para vir faxinar minha casa! Como meu marido precisa ficar com o nosso filho e, por isso, não me acompanhava na quimioterapia, o marido de uma amiga me buscava em todas as sessões, mesmo sabendo que os sintomas só viriam uns três dias depois. Então eu tive apoio de todo mundo, inclusive do meu filho mais velho, e acho que isso tudo foi essencial. A gente precisa ter em quem confiar.

Eu gostaria que as mulheres que passam por isso saibam que, quando você descobre, é muito, muito ruim. É a pior coisa da sua vida! Mas quando você começa o tratamento, aí enxerga uma luz no fim túnel. Conhece outras pessoas que também passaram pela sua experiência e se fortalece, sente-se mais segura. No Projeto Pérolas [que se propõe ajudar as mulheres com câncer no resgate de sua autoestima], eu conheci pessoas que passaram por tudo isso e já estão bem, com o cabelo bonito, vão refazer a mama… A gente tem que procurar essas histórias de superação para encontrar forças. E é importante divulgar essas experiências para que as pessoas vejam que existem possibilidades, que dá para ficar curada!

Por fim, se eu puder dar uma dica às mulheres que descobriram um carocinho no seio é: procure um mastologista. Não fique só com a opinião do ginecologista porque, às vezes, ela pode estar errada, e a doença só piora conforme o tempo passa. Esse é o principal conselho que eu tenho para dar”. 

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