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Cultivo Materno

Jornalista fundadora do Co.madre, Juliana Mariz acredita que mães não têm superpoderes, são mulheres de carne e osso sobrecarregadas e que merecem um lugar de destaque na sociedade
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Vamos de mãos dadas? O mundo lá fora é abusivo com as mães

Sim, é preciso uma aldeia para criar um filho, mas também uma comunidade para amparar uma mãe.

Por Juliana Mariz
19 out 2021, 19h50
Mullher andando abraçada com filha
 (Edição: Bebê.com.br / Foto: Carol Yepes/Getty Images)
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Você já pensou no poder de uma comunidade? Fica fácil visualizar esta ideia quando pensamos em um grupo de homens, mulheres e indivíduos vivendo junto, por exemplo. Mas, mais do que o número de pessoas ou o estilo de vida, o que define uma comunidade, a meu ver, é a intenção: estender a mão para aquele que está do meu lado.

Essa ideia de coletivo me atrai. Foi isso que me levou a fundar o Co.madre, há quase dez anos. Formar um grupo de acolhimento para dar suporte às mães. Hoje o Co.madre é mais um projeto pessoal, que passa pela escrita como forma de amparar quem vive as dores e as delícias da maternidade.

O grupo no Facebook permanece, um tanto adormecido, confesso. Me afastei dessa rede social e me dediquei a outros projetos e trabalhos que tomaram mais tempo. Mas há também uma dose de apego que não me deixa simplesmente apertar o botão do “delete”. Foi no Co.madre que entendi a importância da rede de apoio, da aldeia, da tal comunidade. Então, deixo ele lá, fazendo uma postagem vez ou outra, quando realmente tenho o que dizer. É uma porta aberta virtual para quem precisa.

Existe empatia na internet? Ufa, ainda bem! 

Há algumas semanas uma integrante do grupo escreveu um post bastante sincero sobre problemas que estava vivendo com a filha adolescente. Ela foi vulnerável e autêntica. E, então, choveram comentários de pessoas ajudando, opinando, dando apoio e abraços virtuais. Para muitos houve identificação, o famoso “já passei por isso”. Para outros, era empatia em seu estado mais puro.

Quando suportes como esse se materializam, mesmo em ambientes virtuais, eu sinto orgulho. Ler cada um dos comentários me emocionou. É muito poderoso você assistir a sororidade acontecendo para além dos discursos, manifestos e textos de rede social.

A autora do post não garantiu a resolução de seu problema com a filha, mas me disse que ficou com o coração bem quentinho, sentindo-se amparada e integrante. É isso que eu chamo de comunidade: um lugar de pertencimento. O post-desabafo escrito por uma mãe e a consequente manifestação de compaixão poderiam ser um microcosmo de um ideal de sociedade. O viver em comunidade está muito mais atrelado ao modelo colaborativo do que competitivo. Não há julgamento nem dedos levantados. Apenas comunhão.

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É preciso recomeçar com cuidado…

Depois da pandemia que nos isolou, nos deixou inseguros e temerosos, precisamos reaprender a viver junto. A rede nos cuida e, naturalmente, queremos cuidar do outro. A vida em comunidade nos faz exercitar o músculo da divergência e entender que com ela nos desenvolvemos. Nos dá a chance de ver o mundo com lentes emprestadas e conseguimos exercer o que, eu acredito, temos inato: a empatia.

Mães precisam da comunidade para existir. O mundo lá fora é abusivo com a gente. Falta amparo dos órgãos públicos, da iniciativa privada, da sociedade com um todo. Então, vamos construir comunidades como um círculo que ampara e nos protege. E nem precisa ser uma grande roda. Juntou três mulheres? Já é comunidade. Porque sabemos que filhos precisam de uma aldeia para se desenvolverem. Digo o mesmo para as mães.

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