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Alimentação infantil

Por Coluna
Dr. Hugo Ribeiro é pediatra especializado em gastroenterologia e nutrologia e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Obesidade na infância é uma questão de educação, não de proibição

Especialista fala sobre a importância da educação alimentar desde os primeiros anos de vida, o que não inclui cortar certos itens do cardápio da criança.

Por Da Redação
29 ago 2017, 19h27
Páscoa: idade certa para dar chocolate para as crianças
 (Halfpoint/Thinkstock/Getty Images)
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Ao mesmo tempo em que inúmeras pesquisas vêm apontando um preocupante aumento das taxas de sobrepeso e obesidade no Brasil e no mundo, também ocorre um crescimento absurdo de ofertas de dietas de emagrecimento e, boa parte delas, com a conotação de “milagrosas”.

É importante ressaltar que muitas delas podem gerar riscos para a saúde, pois trazem recomendações que carecem de embasamento científico, que variam de jejuns intermitentes a restrições de alimentos e ingredientes como glúten, lactose e açúcar. Somado a isso, existem aqueles que defendem teorias classificando alimentos em “bons” e “ruins”.

Esses modismos e posicionamentos empíricos sobre alimentação não promovem uma adequada orientação, muito menos trazem o entendimento de que o que leva à perda de peso ou prevenção da obesidade é o controle de calorias e educação alimentar, desde a infância, e não a proibição de nutrientes ou alimentos específicos.

Vamos entender melhor a educação alimentar. De forma objetiva, isso significa ensinar crianças e adolescentes a comerem de forma diversificada, com equilíbrio e sem restrição. Inúmeros estudos comprovam que uma das principais causas da obesidade é o consumo excessivo de alimentos sem gasto energético proporcional. Desde a infância, as pessoas vêm gradativamente perdendo a noção de saciedade, comendo em quantidades muito superiores ao que o organismo necessita, pouca variedade de alimentos e, muitas vezes, fora dos horários corretos das refeições.

Além disso, a alimentação não deve ser imposta pelos pais ou profissionais de saúde como algo fixo, restrito, que gere sacrifícios. Deve ser algo planejado conforme as preferências da pessoa e, principalmente, levando em conta, hábitos e costumes, respeitando aspectos culturais – tudo com muito bom senso e, claro, com o equilíbrio nutricional necessário.

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Isso também é importante quando se trata de alimentos equivocadamente classificados como vilões – como os açúcares, por exemplo. Há uma crença de que cortar carboidratos é a fórmula mágica para se emagrecer e combater a obesidade. Errado! O organismo precisa dos açúcares para produção de energia. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que sejam ingeridos até 50 gramas diárias do ingrediente – o que corresponde a seis colheres de chá. Para se ter uma ideia, isso representa cerca de seis quadradinhos de chocolate ao leite ou seis xícaras de chá de cereais matinais ou, ainda, a três fatias de bolo. No caso das crianças, esse número cai para 25g, de acordo com orientação da Academia Americana do Coração.

Por isso, se não houver um esforço real entre governo, educadores, especialistas e médicos em priorizar programas de ampla informação e conscientização do público sobre educação alimentar e incentivo à pratica de atividades físicas, medidas como taxação de bebidas açucarados, redução de açúcar nos alimentos industrializados e rotulagem, dificilmente iremos atingir os resultados esperados.

Dr. Hugo Ribeiro

É pediatra especializado em gastroenterologia e nutrologia, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA), fellow em Nutrologia Infantil pela Universidade de Cornnel, em New York, e coordenador e pesquisador do Centro de Pesquisa Fima Lifshitz da UFBA

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