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Estudo identifica microplásticos no leite materno pela primeira vez

Pesquisa italiana constatou a presença de compostos nocivos à saúde na maioria das amostras coletadas após o nascimento dos bebês

Por Isabelle Aradzenka
Atualizado em 20 out 2022, 16h43 - Publicado em 20 out 2022, 16h42

Depois de analisar amostras de leite materno de 34 mães saudáveis, coletadas uma semana após o parto, uma pesquisa conduzida em Roma, na Itália, fez uma descoberta alarmante: cerca de 75% das participantes (26 mulheres) apresentaram vestígios de microplásticos no alimento dado ao bebê.

A pesquisa, desenvolvida na Universidade Politécnica de Marche, em Ancona (Itália), e publicada na revista científica Polymers, identificou a presença de compostos de polietileno, PVC e polipropileno no leite – substâncias que, em geral, se encontram em embalagens de plástico. Além disso, para os cientistas, é provável que partículas menores que 2 mícrons (unidade de medida microscópica) também estejam presentes no alimento, embora não consigam analisá-las.

Até então, sabe-se que compostos de plásticos como esses contêm produtos nocivos à saúde, mas o real impacto causado no organismo segue desconhecido pelos cientistas. “Ainda não há conhecimento sobre o possível efeito de microplásticos e contaminantes relacionados no recém-nascido. Portanto, há uma necessidade urgente de mais estudos. Esta deve ser uma prioridade de pesquisa em saúde”, afirmou o professor Dick Vethaak ao portal de notícias britânico The Guardian. O pesquisador liderou um estudo publicado em março deste ano, conduzido na Vrije Universiteit, em Amsterdam (Holanda), que detectou microplásticos no sangue humano.

Estudo encontra microplásticos presentes no leite materno de 75% das mães

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De onde (possivelmente) os microplásticos vieram?

A primeira hipótese levantada para compreender a origem dos compostos de plástico encontrados no leite materno foi analisar o consumo de frutos do mar e alimentos ou bebidas procedentes de embalagens plásticas pelas mães, bem como o uso de produtos de higiene pessoal contendo plástico. No entanto, não foi encontrada nenhuma relação dessas práticas com o resultado das amostras. 

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Os pesquisadores sugerem, portanto, que a contaminação pode ser devido à presença onipresente dos microplásticos no meio ambiente, tornando a exposição humana inevitável. “Será crucial avaliar maneiras de reduzir o contato com esses contaminantes durante a gravidez e a lactação”, afirmou Valentina Notarstefano, da Universidade Politécnica de Marche, na Itália, ao The Guardian.

A equipe de pesquisa ainda aconselha as gestantes a evitarem o consumo de alimentos embalados em plástico, bem como a exposição a cosméticos, produtos higiênicos e roupas contendo microplásticos. “Estudos como o nosso não devem reduzir a amamentação de crianças, mas sim conscientizar o público para pressionar a promoção de leis que reduzam a poluição por esses compostos”, completou Valentina.

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